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Tudo o que você precisa saber sobre a visão na gravidez

Especialistas esclarecem onze dúvidas frequentes sobre os problemas que podem afetar os olhos durante a gestação.

Por Lila de Oliveira (colaboradora)
Atualizado em 11 jan 2017, 19h15 - Publicado em 30 set 2015, 17h57

Além de sofrerem grandes mudanças físicas e emocionais, muitas grávidas também estão sujeitas a alterações oculares. Não é sempre que elas acontecem, mas o turbilhão de hormônios característico dos nove meses de gestação podem provocar olho seco, visão embaçada e até mesmo aumento (ou diminuição) no grau da lente. A boa notícia é que, em geral, esses sintomas não devem ser motivo para preocupação.

De acordo com o ginecologista e obstetra Paulo Nowak, membro do Conselho Editorial da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo), os incômodos se justificam pela alta concentração de hormônios femininos no organismo e pelo aumento do volume de sangue circulando no corpo da futura mãe. “Na grande maioria dos casos, essas manifestações são transitórias”, afirma Célia Nakanami, oftalmologista e professora da Unifesp. “E, muitas vezes, passam despercebidas”, afirma a médica.

Para ajudar (e tranquilizar!) quem está encarando essas transformações, reunimos as respostas para as dúvidas mais comuns:

1. Estou sentindo que meu olho está mais seco. Este é um sintoma relacionado à gravidez?

Sim. Esta é uma consequência da maior concentração de estrógeno no corpo da gestante, segundo Célia Nakanami. “Pode haver um ardor e uma sensação de que existe um corpo estranho nos olhos”, descreve. E, por mais estranho que pareça, é comum que ocorra maior lacrimejamento, “justamente porque a falta de lágrima estimula sua produção”, esclarece a oftalmologista. Ela fala, ainda, na possibilidade da grávida passar a ter maior sensibilidade à luz em razão da falta de lubrificação da córnea.

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2. É possível aliviar esses incômodos característicos do olho seco?

Não permanecer muito tempo em ambientes com ar condicionado com certeza ajuda, assim como evitar a aplicação de soro fisiológico, que tende a irritar os olhos devido à presença do sal. Mas nada é mais eficaz do que as lágrimas artificiais (lubrificantes oculares). No entanto, vale ficar atenta ao tipo de colírio utilizado, especialmente se a grávida tiver glaucoma. “Alguns produtos disponíveis no mercado possuem componentes vasoconstritores, que podem causar danos aos olhos da mãe e do bebê”, alerta Célia. Por isso, sempre consulte um especialista antes de pensar em passar na farmácia e se automedicar.

3. Durante a gestação, posso usar lentes de contato?

Sim, mas algumas grávidas adquirem intolerância às lentes devido ao aumento da espessura e da curvatura da córnea. “Visão embaçada, perda de nitidez, dificuldade para ler e dirigir e dor de cabeça podem ser indícios de uma variação no grau da lente”, informa João Alberto Holanda de Freitas, presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Para Paulo Nowak, da Sogesp, o melhor a fazer é esperar a chegada do bebê, “quando essas e outras tantas alterações costumam desaparecer”, ressalta. “A não ser que isso esteja ocasionando dor de cabeça e enjoos. Nesse caso, é bom verificar com o médico a possibilidade de usar óculos temporários”, acrescenta.

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4. É verdade que a miopia se agrava na gravidez?

Pode acontecer. “Existe a possibilidade de alteração do grau tanto da miopia quanto do astigmatismo”, atesta Freitas, em razão das mudanças hormonais e vasculares características da gravidez. No entanto, o especialista não recomenda que a gestante chegue a substituir a lente dos óculos ao notar a visão embaçada, pois tudo tende a voltar ao normal com o nascimento do bebê. Célia Nakanami concorda, mas destaca que, se o incômodo for muito grande, vale conversar com o médico para verificar a possibilidade de troca.

5. A mulher pode fazer a cirurgia de correção da miopia durante a gravidez?

Não se deve fazer esse tipo de procedimento durante a gestação, que é um estado que demanda cuidados extras. Além disso, como existe essa possibilidade de o grau ser alterado ao longo dos nove meses – e retornar aos mesmos patamares após o parto – a recomendação dos especialistas é a de não intervir nesse momento.

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Visão na gravidez Ronstik/Thinkstock/Getty Images

6. O inchaço das pálpebras está relacionado à gestação?

Não é uma manifestação comum, mas segundo Paulo Nowak, pode ser uma das consequências da elevação das taxas de progesterona. “O sangue circula mais, então tanto a córnea como a pálpebra podem apresentar inchaço. E a retenção de líquido típica da gravidez também colabora para o quadro”, explica.

7. Pontos brilhantes na visão são motivos para preocupação?

Mantenha seu médico sempre informado, pois este é um dos sinais da pré-eclâmpsia, um quadro de hipertensão arterial que pode acontecer após a vigésima semana de gestação. Além desses pontinhos, outros efeitos são os flashes de luz e as chamadas moscas volantes (pequenas manchas que se movimentam no campo de visão). “Dor de cabeça intensa e dor forte na região mais alta do abdômen também podem ser sintomas da pré-eclâmpsia”, complementa Nowak. O especialista pondera: “Com o tratamento adequado, a pré-eclâmpsia tende a regredir. Mas, sem a devida atenção, poderá haver sangramento na retina, o que pode levar a lesões sérias e irreversíveis nos olhos, além de comprometer outros órgãos”. Por isso, mulheres que têm pressão alta devem alertar o obstetra assim que engravidam, pois a condição exige cuidados extras. “Fazer um bom pré-natal e controlar a pressão durante toda a gravidez é essencial”, resume o presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia.

8. Mulheres diabéticas estão mais sujeitas a problemas de visão na gravidez?

“O que pode acontecer de diferente com elas vai depender muito do acompanhamento médico”, afirma Paulo Nowak. É importante fazer um exame de fundo de olho e controlar as taxas de glicemia, além de evitar o açúcar. “Apesar de as alterações vasculares do diabetes serem diferentes daquelas observadas em quem apresenta quadro hipertensivo, na região da retina os efeitos são semelhantes. Em situações extremas, pode haver perda parcial ou total da visão”, informa o obstetra. O profissional explica, ainda, que esta é uma doença que está relacionada à exposição frequente a níveis altos de açúcar no sangue. Então, no caso do diabetes gestacional, que costuma se desenvolver apenas no final do segundo trimestre da gravidez, os riscos para a visão são menores, já que o tempo de exposição aos altos níveis de glicose é relativamente curto – geralmente, o quadro regride depois do parto. “Mas é claro que a situação também demanda todo cuidado”, reforça.

9. Quem já possui alterações na visão, como ceratocone ou glaucoma, deve ter algum cuidado especial durante a gestação?
Nestes casos, é fundamental procurar um oftalmologista antes mesmo de engravidar, pois alguns procedimentos podem ser feitos para minimizar eventuais complicações – a alta retenção de líquidos da gravidez pode levar a um agravamento do quadro de ceratocone. Além disso, o uso indiscriminado de colírios antiglaucoma também pode ser prejudicial ao feto. Algumas drogas são consideradas mais seguras, mas é imprescindível que a gestante com glaucoma utilize somente o colírio liberado pelo especialista da área.

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10. Os colírios muitas vezes são considerados inofensivos. No entanto, eles podem representar algum risco para a formação bebê?
Mulheres que têm o costume de usar colírio ou que sintam essa necessidade durante a gestação precisam consultar-se com o oftalmologista para ter certeza de que a droga utilizada é mesmo segura. De acordo com Célia Nakanami, as lágrimas artificiais que contêm conservantes podem ser tóxicas, por isso a grávida não deve usar mais do que quatro vezes ao dia. Já as fórmulas que não levam conservantes em sua composição podem ser usadas conforme a necessidade da gestante, pois não oferecem riscos.

11. Os desconfortos notados durante a gravidez costumam passar quanto tempo após o parto? O que fazer caso eles persistam?

Em geral, as alterações regridem em um ou dois meses, embora em alguns casos as mudanças possam permanecer. De todo modo, passadas essas semanas iniciais após a chegada do bebê, os especialistas recomendam o retorno da mãe ao oftalmologista para que ele possa reavaliar a paciente.

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