Saúde emocional na gravidez: a importância de identificar sinais de ansiedade e depressão
Saiba como priorizar sua saúde mental durante a gestação e tornar esse processo mais leve

A gravidez é uma fase de grandes expectativas e mudanças, mas também pode ser um período de desafios emocionais. Além dos cuidados físicos necessários, a saúde emocional das gestantes merece atenção especial, já que transtornos como ansiedade, estresse e depressão podem surgir. De acordo com a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, esses transtornos emocionais são mais comuns do que problemas físicos, como infecção urinária ou diabetes gestacional, mas muitas vezes não fazem parte da avaliação de rotina durante o pré-natal.
Os desafios emocionais durante a gravidez
Para Rafaela Schiavo, a gestação é uma das fases da vida feminina que demanda maior cuidado emocional, comparável à adolescência e ao climatério (período próximo à menopausa). No entanto, é durante a gravidez que a saúde emocional da mulher é mais negligenciada. Muitas vezes, a gestação é idealizada, o que pode dificultar a identificação de sinais de sofrimento psicológico e contribuir para o desenvolvimento de transtornos, como a depressão.
Estudos recentes indicam que a depressão pós-parto começa a se manifestar ainda durante a gestação, mas, como os sinais não são detectados, o quadro se intensifica após o nascimento do bebê. De acordo com a psicóloga, a falta de diagnóstico precoce faz com que a situação piore ao longo do tempo.
Quando a ansiedade e o estresse não são normais
A ansiedade e o estresse são comuns durante a gravidez, mas é importante saber diferenciá-los de sinais de um quadro mais grave. Quando esses sentimentos se tornam excessivos e constantes, eles podem afetar não só a saúde da gestante, mas também o desenvolvimento do bebê. Fatores como gestações não planejadas, falta de rede de apoio e o medo do parto são algumas das causas que podem aumentar esses sintomas.
Rafaela destaca que níveis elevados de ansiedade e estresse não são esperados e devem ser tratados. Esses quadros podem prejudicar tanto o bem-estar da mulher quanto o desenvolvimento emocional e físico do bebê. Por isso, é essencial que as gestantes recebam o apoio psicológico adequado para evitar que esses sentimentos se tornem prejudiciais.
A importância da triagem emocional no pré-natal
A psicóloga defende a implementação de triagens emocionais simples e rápidas durante o pré-natal. Ferramentas de rastreio que podem ser aplicadas por enfermeiros ou obstetras em menos de 4 minutos são uma forma eficaz de identificar sinais de alteração emocional na gestante. A detecção precoce permite o encaminhamento imediato para um especialista, evitando que o quadro se agrave e garantindo o bem-estar da mulher e do bebê.
Prevenção e acolhimento: o papel do pré-natal psicológico
O pré-natal psicológico é uma abordagem complementar que visa acolher e fortalecer emocionalmente a gestante. Essa prática pode prevenir o agravamento de quadros de ansiedade e depressão, além de preparar a mulher para o parto e a maternidade de forma mais equilibrada. Com o apoio adequado, é possível garantir uma gestação mais saudável, tanto física quanto emocionalmente.
Onde procurar ajuda durante a gravidez?
Apesar dos avanços na legislação brasileira, que garante o direito ao acompanhamento psicológico durante a gestação, o parto e o pós-parto, ainda existem desafios no acesso a profissionais especializados. Rafaela Schiavo alerta que menos de 1% dos psicólogos no Brasil têm formação específica em psicologia perinatal, o que dificulta o atendimento adequado.
A Lei 14.721/2023 assegura o direito ao acompanhamento psicológico tanto no SUS quanto na rede privada. A recomendação é que as gestantes procurem a unidade de saúde onde realizam o pré-natal e questionem sobre a disponibilidade do serviço psicológico.
Quando buscar ajuda psicológica durante a gestação?
Não é necessário esperar que os sintomas se agravem para buscar ajuda. Se a mulher sentir qualquer sintoma emocional intenso, é importante procurar apoio psicológico. Alguns sinais de que a gestante pode precisar de acompanhamento são:
- Ansiedade excessiva ou medo persistente
- Tristeza profunda ou sensação de apatia
- Irritabilidade constante sem motivo claro
- Dificuldade de se conectar com a gestação ou o bebê
- Insônia frequente ou sensação de exaustão mental
- Falta de apoio ou sensação de solidão
O acompanhamento emocional adequado, realizado no momento certo, pode prevenir complicações e garantir uma gestação mais tranquila e equilibrada.