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Pesquisa relaciona o uso de antidepressivos na gravidez ao autismo

Segundo estudiosos, o risco de a criança desenvolver o distúrbio aumenta em até 87%.

Por Luísa Massa
Atualizado em 28 out 2016, 14h26 - Publicado em 16 dez 2015, 18h23

Muito se fala sobre o uso de antidepressivos durante a gravidez e os malefícios que ele pode trazer para a mãe e o bebê, entre eles algumas malformações. Um estudo recente, publicado na edição de dezembro da revista científica JAMA Pediatrics, levantou uma nova hipótese: a de que as mulheres que tomam esse tipo de medicamento têm mais chances de terem filhos autistas.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores acompanharam quase 145.500 crianças de Québec, no Canadá, por dez anos – desde a concepção. Além do período de uso do remédio, eles também levaram em conta o histórico familiar de distúrbios psiquiátricos, a idade em que a mãe engravidou, o estado de depressão materna e os fatores socioeconômicos em que a família estava inserida. Os estudiosos descobriram que o uso de antidepressivos durante o segundo ou o terceiro trimestre de gestação estava associado a um aumento de 87% no risco de os pequenos desenvolverem o transtorno. 

A explicação para isso estaria no fato de que uma pessoa deprimida apresenta certo desequilíbrio de subtâncias químicas no cérebro, em especial a serotonina – conhecida como “hormônio da felicidade”. Para tratar o problema, muitas vezes os médicos indicam antidepressivos que regulam a presença desse importante neutrotransmissor. Os cientistas que fizeram esse trabalho avaliaram que os altos índices de serotonina acarretados por alguns remédios podem alterar o desenvolvimento cerebral do bebê e levar ao autismo. Por isso, eles questionam o uso da medicação na gravidez. “A depressão materna, tratada ou não, é um fator de risco para o autismo, mas o uso de antidepressivos é um fator de risco independente. Não estou dizendo que a depressão não deve ser tratada, mas, sim, que os antidepressivos provavelmente não são a melhor forma de fazer isso”, declarou a líder da pesquisa, Anick Bérard, ao IFLScience.

É importante deixar claro que a depressão na gravidez é uma doença séria e precisa ser avaliada e tratada por profissionais da saúde. Se você usa antidepressivos, converse com o seu médico sobre os benefícios e os riscos que eles oferecem para você e para o seu filho. Jamais comece ou deixe de tomar medicações por conta própria.

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