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Microcefalia: casos suspeitos chegam a 1.761 e governo anuncia novo protocolo de vigilância

Medida traz orientações aos profissionais de saúde e pretende obter maior precisão no número de diagnósticos. Entenda!

Por Nathália Florencio
Atualizado em 28 out 2016, 07h03 - Publicado em 9 dez 2015, 03h04

A cada boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde maior é a preocupação sobre a epidemia de microcefalia no Brasil. O último balanço, apresentado nesta terça-feira, 08, apontou que até 5 de dezembro de 2015 já foram registrados 1.761 casos suspeitos da malformação cerebral, distribuídos em 13 Estados mais o Distrito Federal. Também foram constatados 19 óbitos de bebês em oito Estados.

Diante desse crescimento – que chega a 41% comparando-se apenas com os dados da semana anterior –, o governo tem criado medidas para combater o surto da doença. No último sábado, 05, a presidente Dilma Rousseff lançou o Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia. Já nesta terça-feira, foi anunciado um novo protocolo emergencial de vigilância e resposta aos casos de microcefalia relacionados à infecção pelo vírus zika.

Entre as novidades está a mudança no critério de diagnóstico da malformação. Até o momento, eram contabilizados os bebês nascidos a termo – a partir de 37 semanas de gestação – com perímetro cefálico (PC) menor ou igual a 33 centímetros. No entanto, a exemplo do que foi adotado pelo Estado de Pernambuco (o mais atingido pela epidemia) desde a última quinta-feira, 03, a partir de agora a medida para a triagem de recém-nascidos suspeitos de microcefalia será de 32 cm – a mesma utilizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

“Essa diferença de um centímetro, aparentemente pequena, leva a um grande número de notificações de crianças que estão na curva da normalidade. Ao redefinir para 32 cm teremos uma precisão maior”, declarou Claudio Maierovitch, diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, em coletiva de imprensa realizada em Brasília.

Segundo ele, anteriormente eram incluídos nas estatísticas bebês com circunferência craniana de 33 cm como margem de segurança, para não subestimar o tamanho do problema que o país enfrenta: “Com esse novo critério, nós estaremos mais próximos da dimensão real”. Maierovitch ressaltou, ainda, que as crianças que estão nesta faixa entre 32 e 33 cm continuarão sendo acompanhadas, mas que a probabilidade de elas terem microcefalia é baixíssima.

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Com o objetivo de passar informações, orientações técnicas e diretrizes para profissionais de saúde e equipes de vigilância, o novo protocolo também traz a definição de casos suspeitos de microcefalia durante a gestação, o parto ou após o nascimento e sobre como deve ser feita a investigação epidemiológica. De acordo com o diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, primeiro deverão ser analisadas outras possíveis causas da malformação cerebral, como sífilis, toxoplasmose e citomegalovirose. Se elas forem descartadas, será feito um estudo genético do material do recém-nascido, que será decisivo para confirmar ou não a relação com o vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. “É esperado que cerca de duas semanas seja um tempo suficiente para classificação dos casos a partir dos exames”, supôs Maierovitch.

Ele explicou que essas etapas são necessárias pois, nos casos dos pequenos nascidos vivos, é muito difícil a identificação e o isolamento do zika. Isso porque a infecção pode ter ocorrido no início da gravidez – o primeiro trimestre é o período mais crítico para a transmissão ao feto – e, com as pesquisas realizadas até agora, aparentemente o vírus não persiste no organismo do bebê em quantidade detectável até o momento do parto.

Por fim, o documento também reforça a importância do combate ao Aedes aegypti. “Precisamos de uma mobilização da sociedade para enfrentar ameaças antigas e, particularmente, essa nova ameaça que vem trazendo tanto transtorno, preocupações e consequências graves já constatadas nas crianças que nasceram. E isso não depende apenas das ações de saúde, depende em maior parte do próprio esforço da população”, completou Maierovitch.

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