Ibuprofeno na gravidez pode afetar fertilidade de filhas mulheres

Conclusão de estudo escocês se junta a outros trabalhos recentes sobre o impacto do anti-inflamatório tão comum sobre a fertilidade de ambos os sexos.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 17 mar 2018, 10h31 - Publicado em 17 mar 2018, 10h31
Ibuprofeno na gravidez pode afetar fertilidade de filhas mulheres
 (spukkato/Thinkstock/Getty Images)
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Tratamentos à base de ibuprofeno na gestação podem prejudicar a produção de óvulos da geração seguinte de mulheres. É o que diz um estudo da Universidade de Edimburgo, na Escócia, publicado recentemente no periódico Human Reproduction.

O anti-inflamatório, comumente utilizado no tratamento de diversas condições de saúde e parte de analgésicos populares, vem sendo estudado por sua interação com a fertilidade – tanto feminina quanto masculina.

“É parte de uma investida maior da ciência para descobrir possíveis explicações para a queda nas taxas de fertilidade observadas há anos nas mulheres”, explica Renata de Camargo Menezes, ginecologista e obstetra diretora da Clínica Engravide, em São Paulo.

Essas investigações são divididas em linhas de acordo com os possíveis culpados: a poluição, a alimentação e o uso de remédios são três das principais delas. E algumas destas pesquisas anteriores indicavam que o ibuprofeno interagia com os ovários de roedoras e, consequentemente, poderia afetar a fertilidade.

Dessa vez, os cientistas fizeram um teste com ovários humanos ainda em formação. Para o experimento, foram utilizadas células de tecido ovariano de fetos com idade gestacional entre 8 e 12 semanas, divididas em culturas que receberam quantidades diferentes da substância.

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Depois de sete dias, as amostras que foram banhadas em ibuprofeno, em nível semelhante ao que seria transmitido pela mãe que tomasse o remédio, tinham 50% células ovarianas a menos do que as amostras que não receberam nada do composto.

Além disso, estas porções apresentavam 75% menos células germinativas, que são as que, mais tarde, se transformarão em óvulos. “Isso mostra que, se usado no início da gravidez, o ibuprofeno teria potencial para reduzir a fertilidade destes feros no futuro”, explica Renata.

E agora?

Nenhum motivo para se preocupar ainda. “O estudo foi feito in vitro, então não dá para afirmar que isso aconteceria também na vida real”, comenta Renata. É um contraponto que os próprios autores fazem na publicação, aliás.

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De qualquer maneira, a novidade é um alerta contra automedicação, especialmente do ibuprofeno. “Normalmente já preconizamos outros compostos para aliviar a dor nas gestantes, como paracetamol e dipirona”, explica a médica.

Depois das trinta semanas, ele deve ser abolido de qualquer maneira por estar vinculado a outras complicações no desenvolvimento do bebê. Mas essa regra não é muito bem respeitada. Para se ter ideia, os escoceses apresentaram uma estimativa de outro estudo de que até 30% das gestantes tome essa medicação em algum ponto da gestação.

O homem também deve ficar atento

Em janeiro deste ano, uma pesquisa da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, observou que homens que tomam o remédio por mais de seis semanas tiveram a função de seus testículos afetadas e uma interrupção na produção de hormônios sexuais por trás da reprodução.

Os efeitos foram temporários e leves, mas a suspeita dos cientistas é a de que, sob o uso constante e prolongado, os danos à fertilidade possam ser mais permanentes.

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