Gerar um bebê é como correr uma maratona: entenda o gasto calórico na gravidez
O cansaço da gestação é normal, devido ao gasto alto de energia para gerar a vida do bebê

Gerar um bebê exige mais do que cuidados e atenção: demanda também um esforço físico constante, equivalente a uma maratona metabólica. A ciência acaba de confirmar o que muitas gestantes já percebem no dia a dia — a gravidez consome muito mais energia do que se imaginava. Segundo um estudo publicado na revista Science, o gasto calórico durante os nove meses é significativamente superior ao estimado anteriormente.
O corpo trabalha em ritmo acelerado
Durante a gestação, o corpo passa a operar em um ritmo elevado para sustentar o crescimento do bebê e todas as transformações que ocorrem com a mãe. O estudo revelou que, ao longo da gravidez, são consumidas cerca de 50 mil calorias extras — número que corresponde, por exemplo, a aproximadamente 18 potes de manteiga de amendoim de 450g.
A pesquisa se baseou em uma ampla análise de dados sobre metabolismo e reprodução de diversas espécies, incluindo humanos. Os cientistas identificaram que a taxa metabólica durante a gestação é até 10 vezes maior do que as estimativas anteriores, que levavam em conta apenas o funcionamento do útero. Agora, sabe-se que todo o organismo entra em ação, contribuindo para o alto custo energético do processo.
Nem toda a energia vai para o bebê
Outro dado curioso é que apenas uma pequena fração de toda essa energia consumida — cerca de 10% — é efetivamente usada para o crescimento do bebê. O restante é dissipado como calor, resultado do intenso funcionamento metabólico. Essa distribuição ajuda a explicar o cansaço frequente relatado por muitas gestantes e reforça a importância do autocuidado durante esse período.
Espécies que desenvolvem placenta, como os seres humanos, têm um gasto energético ainda mais elevado na gestação, chegando a 96% do total consumido. Isso reforça a ideia de que o esforço não termina no nascimento: mamíferos, de forma geral, precisam continuar investindo energia no cuidado com os filhotes.
Quantas calorias a mais são necessárias?
Embora se diga que a grávida está “comendo por dois”, isso não significa dobrar o prato. O aumento calórico necessário varia de acordo com o trimestre. Veja abaixo uma média recomendada:
- 1º trimestre: não é necessário um aumento significativo, cerca de 1.800 calorias por dia costumam ser suficientes.
- 2º trimestre: acréscimo de aproximadamente 340 calorias diárias.
- 3º trimestre: cerca de 450 calorias a mais por dia.
No período da amamentação, o corpo continua demandando energia. Produzir leite consome mais calorias do que a quantidade de energia presente nele. Por isso, recomenda-se um aumento de 450 a 500 calorias diárias durante essa fase.
Como manter a energia e o bem-estar durante a gravidez?
Saber que a gestação exige tanto do corpo reforça a importância de hábitos saudáveis e de um bom planejamento alimentar. Algumas atitudes simples podem ajudar a manter o equilíbrio físico e emocional:
- Alimentação balanceada: Opte por refeições variadas e ricas em nutrientes. Frutas, verduras, proteínas magras e grãos integrais são bons aliados.
- Hidratação constante: Beber água ao longo do dia é essencial para o bom funcionamento do organismo.
- Suplementação adequada: Acompanhamento médico é fundamental para identificar a necessidade de vitaminas e minerais.
- Atividade física leve: Exercícios como caminhada, natação ou ioga ajudam na circulação, no sono e no controle do peso.
- Rotina de sono: Descansar bem contribui para a recuperação da energia. Evitar cochilos longos durante o dia pode melhorar o sono noturno.
Mais compreensão, menos culpa
Agora que se sabe que a gravidez consome uma quantidade elevada de energia, compreender o cansaço do período se torna mais fácil. O esgotamento relatado por muitas gestantes não é exagero, tampouco preguiça: é uma resposta fisiológica ao esforço que o corpo realiza para sustentar a formação de uma nova vida.
Esse tipo de informação também pode ajudar a combater a cobrança social e a pressão para manter uma rotina agitada durante a gestação. Respeitar os limites do corpo e valorizar o descanso são atitudes que fazem diferença não só na saúde da mãe, mas também no desenvolvimento do bebê.