Entenda a prematuridade

Conhecer as causas de um nascimento antecipado não só ajuda a preveni-lo como permite uma melhor assistência ao bebê se, apesar das precauções, ele chegar antes da hora.

Por Olivia Nachle (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 05h27 - Publicado em 9 jun 2015, 10h34
Martin Valigursky/Thinkstock/Getty Images
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“O  pequeno mundo dos bebês que nascem antecipadamente é um paraíso com muitos perigos, mas muitos finais felizes!”, reflete a neonatologista Filomena Bernardes de Melo, do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo. Apesar de todos os contratempos que vêm com a prematuridade, entender as necessidades desses recém-nascidos permite que as mamães lidem com a situação da melhor forma possível. Munidas de informações, elas até conseguem, em alguns casos, prevenir o parto adiantado.

A gestação completa, é sempre bom relembrar, tem duração de 280 dias, a partir da data da última menstruação, o que totaliza 40 semanas. São os popularmente conhecidos “nove meses”. Um bebê é considerado prematuro quando nasce antes de 37 semanas. O tempo total de gestação  e o estágio de desenvolvimento intra-uterino permitem mensurar o grau de prematuridade. Essa avaliação é importante porque os riscos de apresentar complicações de saúde são inversamente proporcionais à idade gestacional do nascimento.

Uma série de doenças maternas podem trazer o bebê ao mundo antes do previsto: hipertensão arterial; diabetes; doenças placentárias, como o descolamento prematuro da placenta ou a chamada placenta prévia; infecções; anomalias uterinas; entre outras, menos frequentes. Além disso, com o aumento do número de reproduções assistidas, a quantidade de gêmeos aumentou. E a ciência já sabe que gestações múltiplas têm, frequentemente, uma menor duração. Por esse motivo, a forma mais eficiente de prevenir o nascimento prematuro, unanimemente recomendada pelos pediatras neonatologistas, é um adequado e rigoroso acompanhamento pré-natal. Em outras palavras, controlar as enfermidades que podem apressar o parto pode fazer a diferença e garantir que seu filho nasça na hora certa!

O desenvolvimento neurológico e o crescimento do feto ocorrem, exponencialmente, no terceiro trimestre de gestação, explica a pediatra Alice D’Agostini Deutsch, coordenadora médica da unidade neonatal do Hopital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Isso significa que até por volta das 37 semanas, as curvas de crescimento se mantêm positivamente inclinadas – é quando o bebê está em constante desenvolvimento. Após esse período, o processo tende a se estabilizar, diminuindo o ritmo das modificações físicas e neurológicas. É por isso que é tão importante que o nascimento ocorra depois desse momento.

Filomena de Melo explica que todos os órgãos e sistemas requerem 40 semanas para completar sua formação. “Nos útimos meses, a pele se torna mais resistente, há um acúmulo de gordura importante para a regulação da temperatura corporal e o sistema nervoso central acaba de se formar. Mas, ele nem sempre está pronto para enviar comandos simples, como o do movimento respiratório, até que esteja completamente amadurecido”, detalha. Alice Deutsch acrescenta que, por volta de 17 semanas, todos os órgãos estão prontos, porém, pouco desenvolvidos. Por isso, as semanas subsequentes são cruciais.

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No caso do sistema respiratório, por exemplo, a traquéia é a primeira estrutura a completar sua formação, seguida dos bronquíolos e, finalmente, dos alvéolos. Em um bebê que nasce com 23 semanas, os bronquíolos se apresentam em formato de “saquinho”, sem todas as suas divisões. O mesmo acontece com o tubo gastrintestinal, que está formado, mas sem suas vilosidades e enzimas; e com o cérebro, que ainda não estabeleceu todas as suas conexões nervosas.

Mas, se o seu pequeno nasceu prematuro, não é preciso entrar em pânico. Ele não sofrerá, necessariamente, com as complicações adquiridas ao nascer. “A ocorrência de eventuais sequelas depende dos cuidados com o bebê na unidade neonatal e dos controles respiratório, nutricional e infeccioso”, explica a pediatra Teresa Uras Belem, coordenadora da unidade neonatal do Hospital Samaritano, em São Paulo. Assim, as consequências -que incluem lesões respiratórias, na retina, no cérebro, falhas no sistema imunológico e cegueira- serão definidas pela evolução do organismo do prematuro, nos primeiros meses de vida.

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