Diet e light para grávidas e crianças

Os prós e os contras do consumo desses produtos na infância e na gestação, quando as necessidades nutricionais são bastante peculiares.

Por Mônica Brandão (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 05h28 - Publicado em 9 jun 2015, 10h57
vadimguzhva/Thinkstock/Getty Images
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Com as prateleiras repletas de produtos cujas embalagens anunciam a presença de adoçante ou a restrição de algum ingrediente, pode ser difícil decidir entre eles e as versões originais. Conversamos com especialistas no assunto para esclarecer as vantagens e desvantagens desses alimentos e, assim, facilitar sua escolha.
 
1. Grávidas podem ingerir adoçantes ou produtos que os contenham?
A última década coleciona uma série de pesquisas sobre o assunto e mesmo assim médicos e especialistas não chegaram a nenhuma conclusão. Até porque é difícil realizar estudos sem colocar mãe e filho em risco. Enquanto alguns obstetras liberam o uso de adoçantes sem grandes restrições, outros preferem não arriscar, a não ser em casos de doenças específicas, como o diabete gestacional. Por isso, é melhor evitar produtos diet – os que substituem açúcar por adoçante – por conta própria: prefira seguir a orientação do seu obstetra ou de um nutricionista. E quando consumir algo light (produtos com algum ingrediente restrito em relação à versão original) observe se não há adição de adoçante.
 
2. E crianças podem consumir produtos com adoçantes?

Também não há estudos conclusivos sobre isso. Quando existe uma restrição médica, como o diabete, os médicos liberam o uso de adoçantes assim como o de produtos que os possuam em sua composição. Vale lembrar que, nesse caso, a indicação são os produtos diet, isentos de açúcar. Os light possuem uma quantidade menor de gordura, açúcar ou calorias e são mais indicados quando o problema é a obesidade. Mas sempre é preciso ter uma orientação médica para não prejudicar o desenvolvimento da criança, qualquer que seja a situação.
 
3. Quais os tipos de adoçante mais recomendados?
De acordo com os resultados de pesquisas recentes, adoçantes a base de stévia e sucralose são os mais seguros. Consequentemente, é sempre melhor optar por produtos que contenham esses tipos em sua composição. A stévia é um adoçante natural extraído de uma planta de mesmo nome. Seu inconveniente é possuir um sabor residual amargo muito intenso, que não cai no gosto de algumas pessoas. Já a sucralose é um adoçante artificial produzido a partir da sacarose e que possui sabor bastante agradável. Mas ela não é totalmente inofensiva: estudos têm mostrado que a sucralose poderia atuar de forma negativa no intestino, diminuindo as bactérias benéficas que o colonizam.

Os demais ainda estão sob suspeita: o ciclamato está, atualmente, no banco dos réus e foi banido nos Estados Unidos pelo FDA (Food and Drug Administration). No Brasil, ainda é amplamente utilizado, principalmente nos refrigerantes diet, light e zero. Por isso, o melhor é ler o rótulo do produto para conferir qual o adoçante empregado na formulação. Já o aspartame e sacarina sódica devem ser evitados pelas gestantes e crianças, pois não há um consenso sobre a sua segurança durante a gestação ou no desenvolvimento infantil.  
 
4. Existe uma quantidade máxima de adoçante permitida para ser usada, considerada segura?
Aqui no Brasil, as recomendações mais recentes foram elaboradas pela ANVISA em 2008 e são válidas para todas as pessoas, incluindo grávidas e crianças. Ela é expressa em miligramas de adoçante por quilo de peso por dia. Para a sucralose, por exemplo, a ingestão diária máxima deve ser de 15 miligramas por quilo de peso. Assim, uma pessoa que pesa 60 quilos poderia consumir, no máximo, 900 mg de sucralose diariamente – um pouco mais de um saquinho, daqueles que usamos para adoçar um café. Quando se trata da stévia, essa quantidade é menor: 5,5 mg por quilo de peso por dia. Apesar de ambos serem considerados seguros, convém não ultrapassar muito os valores sugeridos.
 
5. Em que casos os produtos com adoçantes são vantajosos para grávidas?
Alguns obstetras acreditam que o adoçante é adequado quando há riscos de diabetes gestacional. Se a mulher apresenta taxas de açúcar nas alturas antes ou durante a gravidez, deve consumir o produto com  orientação de um médico ou nutricionista. No caso de mulheres que começam uma gestação acima do peso ou engordam muito durante os nove meses, o uso de produtos com adoçantes deve ser associado a uma alimentação regrada. Os adoçantes, sozinhos, não vão controlar o ganho de peso.
 
6. Como os produtos com adoçantes podem ajudar as crianças?
Para os pequenos, a orientação é a mesma destinada às gravidinhas: no caso de doenças restritivas, o adoçante é, praticamente, a única forma de consumir doces e similares. Mas quando a questão é o excesso de peso, é necessário muito cuidado. Antes de optar por produtos diet e light, é melhor recorrer a uma reeducação alimentar, supervisionada por um médico ou nutricionista, para garantir o consumo de todos os nutrientes de que a criança precisa para se desenvolver bem.
 
7. Existem substitutos mais adequados?
Quando não há restrição médica e o objetivo é o controle do peso, pode-se substituir o açúcar refinado por outras versões, ao invés de optar pelo adoçante. Vale experimentar o açúcar mascavo, muito mais nutritivo do que o refinado, ou mel. Outra boa atitude é refletir se o alimento realmente precisa ser adoçado. Alguns sucos, por exemplo,  já contam com o sabor adocicado natural da fruta, proveniente da frutose.
 
8. A mulher pode ingerir adoçantes na fase de amamentação?
Sim, pode, desde que leve em conta as mesmas orientações do período gestacional. Mas é bom saber que não há nenhum estudo conclusivo sobre o assunto. Por isso, não há, ainda, como mensurar a real interferência do adoçante no desenvolvimento do bebê, caso ele seja absorvido por meio do leite materno. Caso não exista uma razão médica que justifique o consumo, o melhor é optar por outras soluções, como usar o açúcar em quantidade reduzida.

Fontes: 

Daniel Klotzel, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade Albert Einstein; Ilana Elman, nutricionista e doutora em Ciências (Área de Concentração: Nutrição em Saúde Pública) pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; Rubens Feferbaum, especialista em Nutrologia e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

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