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Diabetes gestacional: a melhor forma de lidar com o problema

Essa doença tira o sono de muitas mães. Mas os médicos garantem: com algumas medidas simples, dá para levar uma vida normal e curtir o barrigão.

Por André Santoro (colaborador)
Atualizado em 25 nov 2016, 18h17 - Publicado em 16 jun 2015, 20h06
Jupiterimages/Thinkstock/Getty Images
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Não é fácil. Justamente durante um período em que as mulheres têm vontade de se empanturrar de guloseimas, uma notícia ruim pode estragar a festa: no pré-natal, algumas grávidas descobrem que seu índice de glicose no sangue está um pouco – ou muito – acima do normal. Com alguns exames complementares, os médicos chegam a um diagnóstico que, à primeira vista, parece assustador: diabete gestacional.

O problema, que no Brasil afeta 7% de todas as gestantes, surge quando elas têm dificuldade de transformar a glicose dos alimentos em energia, como se o empurrão da insulina produzida no pâncreas não fosse o suficiente. Aí o açúcar se acumula no sangue e pode provocar diversos males para a mãe e para o bebê.

Por que isso acontece? Não há respostas precisas. Mas os especialistas dizem que o diabete gestacional não é, em si, uma doença. “No último trimestre da gravidez, a mãe precisa dobrar a produção de insulina para absorver a quantidade extra de glicose que ingere para alimentar o feto. Se ela já tiver predisposição ao diabete, seu pâncreas não vai dar conta do recado e, daí, surgirão os primeiros sinais de carência da insulina”, explica a obstetra Anna Maria Bertini, da Universidade Federal de São Paulo. “Diabete gestacional, aliás, nem é o nome mais adequado para esse problema, mas acabou sendo consagrado pelo uso”, diz a pesquisadora. Resumo da ópera: gravidez não causa diabete, mas pode ser o estopim para que essa condição apareça e seja diagnosticada.

Tamanho que engana

As conseqüências para a gestante são velhas conhecidas. Além dos males comuns a todos os diabéticos que não recebem tratamento adequado, elas são mais suscetíveis a algumas infecções, como a incômoda candidíase. Você deve estar se perguntando: “E o bebê?” Ele também pode sofrer um bocado com o excesso de açúcar no sangue. O principal efeito na criança é a macrossomia, nome que os médicos dão às características dos bebês que nascem grandalhões, com excesso de tecido adiposo formado pela oferta muito alta de glicose.

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Quando o recém-nascido ultrapassa os 4 kg – alguns filhos de diabéticas chegam a mais de 7! -, os pediatras desconfiam que a mãe teve diabete não controlado durante a gestação. E o peso exagerado, por incrível que pareça, às vezes traz uma conseqüência perigosa para o bebê: a hipoglicemia, isto é, a falta de glicose no sangue. Ela precisa ser contornada rapidamente, logo depois do nascimento, para não deixar nenhuma sequela.

Não há medida ou tratamento que garantam que a gestante não vai desenvolver o diabete gestacional. Mas dá para reduzir o risco de o problema aparecer durante a gravidez. Ganha um chocolate diet a mamãe que pensou na dupla exercícios mais alimentação controlada. Um estudo publicado por pesquisadores americanos da Universidade Harvard revela que atividades físicas vigorosas antes da gravidez – e moderadas durante os meses de gestação, claro – mantêm os níveis de glicose em um patamar razoável. Outra pesquisa, também de Harvard, associou a dieta pré-parto ao diabete gestacional: as mamães que enchem o prato de alimentos com muito açúcar e poucas fibras antes de engravidar têm probabilidade duas vezes maior de apresentar o problema.

Quando o diabete já deu as caras?

Aí é preciso tomar providências para que ele não se transforme em um monstro. Cortar carboidratos, dar preferência aos alimentos integrais e fracionar a dieta em até sete porções diárias são mudanças que ajudam a manter a glicose sob controle – sempre com acompanhamento médico, pois o excesso de zelo com a alimentação também pode prejudicar o bebê. “O ideal é que glicemia esteja abaixo de 120 mg/dl de sangue duas horas após o café da manhã, o almoço e o jantar”, ensina o endocrinologista Alex Carvalho Leite, da Maternidade São Luiz, em São Paulo. E ninguém precisa ir ao hospital três vezes por dia para coletar sangue, pois os aparelhos de medição de glicose de uso doméstico, vendidos em qualquer boa farmácia, dão conta do recado.

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“Quando esse cuidado não é suficiente para manter as rédeas da situação, a saída pode ser a prescrição de insulina”, afirma Alex. No entanto, a medida só é necessária em 2% dos casos, segundo o especialista. Outro dado positivo: o filho não é afetado por essa reposição do hormônio. Isso porque a insulina, ao contrário da glicose da mãe, não atravessa a barreira da placenta – a insulina que o bebê usa é produzida pelo seu próprio pâncreas.

E quando outros filhos estão nos planos do casal? Essa é a angústia de muitas mães que se descobrem com diabete gestacional. E a resposta não é lá muito animadora. “O problema costuma se repetir em aproximadamente 90% das gestações seguintes”, aponta Alex. Mas, com todas as medidas que podem ser tomadas para contornar a situação, não há motivo para cancelar o projeto de aumentar a família, a menos que o médico diga o contrário.

Será verdade que todo diabete gestacional se transforma em diabete tipo 2 após o parto? Nas mulheres com peso normal, de 5% a 15% dos casos evoluem para a doença em, no máximo, duas décadas após o nascimento da criança. Entre as obesas, esse índice fica entre 35% e 60%. Mais um bom motivo para a mulher ficar de olho na balança, se planeja outro bebê.

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