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Depressão na gravidez prejudica o bebê

Os sentimentos ruins que acompanham as futuras mamães durante os nove meses podem interferir no desenvolvimento do feto. Saiba mais.

Por Patricia Golini (colaboradora)
Atualizado em 13 mar 2017, 17h55 - Publicado em 8 jun 2015, 09h50

Tristeza, angústia, desânimo, cansaço, fadiga, alterações no sono. Seja na gravidez ou não, todos esses sintomas podem sinalizar um quadro de depressão. E isso interfere na relação da mãe com o feto. A hipótese está sendo comprovada por um grupo de estudos do Hospital de Medicina Infantil Erasmus-Sofia, na Holanda. A pesquisa revela que bebês cujas mães apresentam sintomas de depressão durante a gravidez têm maior risco de se desenvolver lentamente, em comparação com outras crianças.

Para investigar a hipótese, os cientistas analisaram três grupos de gestantes. O primeiro não tinha qualquer sintoma de depressão; o segundo apresentava sintomas não graves; enquanto o terceiro era composto por mulheres tratadas com medicamentos antidepressivos. “Descobrimos que os bebês gerados pelas mães sem sinais depressivos cresciam em um ritmo mais rápido do que os filhos das gestantes que apresentavam quadro de depressão”, explica Hanan El Marroun, líder da pesquisa, para o site Bebê.com.br.

O experimento também revelou que mulheres tratadas com antidepressivos – apesar de controlarem as manifestações da doença, ainda geram fetos com um crescimento mais lento que o normal. Os resultados demonstraram que os remédios parecem causar certa desordem no sistema de recaptação da serotonina, o neurotransmissor do bem-estar, o que pode ter efeito negativo sobre o crescimento do cérebro dos bebês. “Nestes casos, é preciso que o obstetra e o psiquiatra da grávida avaliem o quadro para saber se a criança teria mais benefícios com a mãe medicada ou tratada com outro recurso, como a psicoterapia”, opina Luiz Fernando Leite, obstetra do Hospital Maternidade Santa Joana, de São Paulo.  Na próxima etapa do estudo, o grupo europeu investigará os prejuízos psicomotores e cognitivos das crianças que tiveram seu desenvolvimento fetal influenciado pelo quadro de depressão da mãe.

Emoções na gravidez
As futuras mamães vivem, de fato, uma montanha russa sentimental durante a gestação. Essa instabilidade ocorre devido à brusca alteração dos níveis hormonais que preparam o corpo da mulher para acolher o bebê. O estresse, a ansiedade, o medo e a insegurança são frequentes, principalmente durante o primeiro trimestre.

A fragilidade emocional durante a gestação ainda pode intervir na capacidade de cuidar de si e do pequeno. “Quadros de depressão não tratados podem fazer com que a mãe tenha dificuldades para perceber seu papel, deixando de aderir à assistência pré-natal, de pensar no nome do bebê, de montar um enxoval, de se alimentar adequadamente, de dormir direito, além de não criar expectativas quanto ao nascimento da criança”, enumera Daniela Cândida Carvalho, psicóloga do Hospital Santa Casa, de São Paulo.

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O bebê sente tudo o que a mãe sente. Isso já não é novidade para ninguém. Se a mãe está agitada, triste ou esbanja alegria, o bebê certamente saberá. “Quando a mãe deixa de ter sentimentos positivos, o bebê tende e se mexer menos dentro do útero, o que interfere ainda mais no bem-estar da gestante”, diz Leite.

Quando o bebê nasce
A depressão não tratada durante a gravidez torna a mãe predisposta à depressão pós-parto. O que não quer dizer que quem já vivenciou um episódio esteja fadado a um segundo. “A depressão que surge depois do parto pode acarretar prejuízos no desenvolvimento cognitivo, como  aprendizagem e linguagem; psicomotor e mesmo a quadros de baixa autoestima, isolamento, irritabilidade, raiva, ansiedade e depressão na primeira infância”, aponta Joel Rennó Júnior, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, de São Paulo.

Sintomas

Durante a gestação é até normal que a mulher passe por períodos de insegurança, incerteza e até momentos tristes. Essas emoções fazem parte do processo gestacional, por se tratar de uma fase que acarreta muitas mudanças na vida da mulher e da família. “Ao longo do tempo, a sensação melhora e a mulher consegue se ajustar à nova situação. Caso contrário, é preciso procurar ajuda profissional”, avisa Daniela.

Se alguns dos sentimentos abaixo perdurarem por alguns dias ou até semanas, melhor mesmo é conversar com seu médico. Ele poderá lhe indicar um bom psiquiatra, que acompanhará seu estado psicológico e dará todo o apoio necessário para que seu bebê se desenvolva da melhor forma possível.

  • Sentimentos depressivos
  • Tristeza
  • Perda de interesse por atividades cotidianas
  • Desânimo em atividades de que normalmente gosta
  • Fadiga
  • Falta de energia
  • Inquietação
  • Sentimentos de culpa ou de inutilidade
  • Dificuldade de se concentrar
  • Distúrbios do sono – tem insônia ou dorme demais
  • Distúrbios de apetite – come demais ou não sente vontade de comer
  • Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio
  • Ansiedade
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