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Cientistas descobrem como bebês recém-nascidos veem as pessoas

Utilizando técnicas modernas e conhecimentos antigos, pesquisadores noruegueses demonstram, pela primeira vez, o que os pequeninos conseguem enxergar.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 28 out 2016, 01h17 - Publicado em 14 jul 2015, 16h54

O que os bebês que acabaram de chegar o mundo veem? Eles de fato imitam as expressões faciais dos adultos? Essas e outras perguntas vêm sendo feitas há 15 anos pelo professor do Instituto de Psicologia da Universidade de Oslo, na Noruega, Svein Magnussen. E elas foram respondidas em um estudo recente que o expert conduziu junto a pesquisadores de outros centros noruegueses. Esse foi o primeiro trabalho a apontar com precisão o quanto um recém-nascido consegue ver.  

Eles descobriram que um bebê de 2 ou 3 dias de vida é capaz de identificar faces e, talvez, até expressões emotivas a uma distância de 30 centímetros (cm) – que corresponde ao espaço entre os rostos da mãe e do bebê. Se essa medida aumentar, aí a visão do pequeno fica muito embaçada para que ele possa enxergar bem.

Inovação  

Para chegar a essas conclusões, os cientistas combinaram técnicas modernas de simulação com informações já conhecidas sobre a sensibilidade ao contraste e a percepção espacial da visão dos bebês. A maioria desses achados data dos anos 1980, quando descobriu-se que, ao mostrar uma figura com um fundo cinza ao pequeno, ele dirige seu olhar para a foto. Mas isso ainda não era suficiente. “Antes, quando pesquisadores tentaram estimar o que exatamente um recém-nascido vê, eles usaram fotografias. Mas o mundo real é dinâmico. Nossa ideia foi usar imagens em movimento”, revela Svein Magnussen.

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E deu certo. Os estudiosos fizeram vídeos de rostos que mudavam de expressão o tempo todo. Em seguida, filtraram as informações que já sabiam ser irreconhecíveis aos olhos dos bebês. Com isso, eles chegaram ao nível exato de capacidade visual dos recém-nascidos.

O próximo passo foi exibir essas gravações a adultos – a ideia era que, se as imagens não estivessem claras para eles, o mesmo aconteceria com os pequenos. E foi aí que veio a descoberta: a uma distância de 30 cm, os participantes reconheceram corretamente as expressões faciais em três dos quatro casos apresentados no vídeo; quando o espaço crescia para 120 cm, a precisão visual dos voluntários diminuía bastante. Foi aí que os especialistas concluíram que 30 cm é o limite dos recém-nascidos para enxergar nitidamente.

“Vale lembrar que nós só investigamos o que o bebê consegue realmente ver, e não se isso faz sentido para ele”, pondera Magnussen. Segundo ele, a equipe que fez o trabalho não tem planos de se aprofundar nesses achados. “Nossa posição é: mais uma peça desse quebra-cabeça está no lugar. Se mais alguém quiser continuar, é com eles”, pontua o norueguês.

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