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7 novidades sobre o vírus zika e a microcefalia

Segundo o novo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, o número de casos suspeitos da malformação cerebral passa de 4 mil. E, nos últimos dias, novos achados deixaram o mundo inteiro em alerta para esse perigoso micro-organismo.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 28 out 2016, 06h07 - Publicado em 27 jan 2016, 17h29

 

1. Casos em investigação ultrapassam 4 mil

Nesta quarta-feira (27), o Ministério da Saúde divulgou os novos dados sobre a epidemia de microcefalia no país. Até o dia 23 de janeiro, foram registrados, no total, 4.180 casos suspeitos. Destes, 270 já foram confirmados para a malformação cerebral, sendo que seis têm como causa identificada o vírus zika. Outros 462 foram descartados e 3.448 continuam sob investigação.

“Em relação ao boletim divulgado no dia 20 de janeiro, é possível constatar a tendência de redução no número de notificações. O aumento identificado em uma semana de casos notificados foi de 7%. No entanto, a quantidade de casos descartados cresceu 63%, passando de 282 para os atuais 462”, ressalta Cláudio Maierovitch, diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde.

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Os casos foram registrados em 830 municípios de 24 unidades da federação. A região Nordeste concentra 86% das notificações, sendo Pernambuco o estado com maior número de pacientes em investigação – são 1.125. Quanto aos óbitos, 68 se deram por malformação congênita, dos quais 12 foram causados por algum tipo de infecção.

2. São Paulo registra o primeiro caso autóctone de zika em gestante

A notícia foi divulgada nesta terça-feira (26) pela Secretaria de Saúde de Bauru. É a primeira vez que um município paulista registra um caso em gestante originado no próprio estado. A paciente tem 32 anos e está grávida de 21 semanas. No dia 25 de dezembro de 2015, ela começou a apresentar manchas vermelhas no rosto e nos braços e, no dia 27, procurou atendimento na rede municipal de saúde.

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Inicialmente, foi feito exame para dengue. Como o resultado deu negativo, foram realizados testes para zika e chikungunya – e o procedimento atestou positivo para o zika. A gestante está sendo acompanhada por especialistas e, até o momento, não há nenhuma anomalia no bebê. Segundo o secretário de Saúde de Bauru, Fernando Monti, outros dois casos suspeitos de zika em grávidas estão em análise no município.

3. Governo oferece bolsa mensal para famílias com bebês microcéfalos

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome informou, nesta quarta, que mães de crianças diagnosticadas com microcefalia poderão se inscrever no Benefício de Prestação Continuada (BPC). O programa prevê a concessão de um salário mínimo por mês a famílias com renda per capita menor do que R$ 220. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, o benefício só é pago a quem for atestado pelo INSS com algum tipo de deficiência e quando há comprovação de dificuldades financeiras. No caso dos pequenos microcéfalos, o BPC é pago ao responsável pela criança. Se o menor não tiver um responsável legal, o juiz determina para quem o benefício deve ser direcionado.

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4. Possível transmissão do zika por via sexual

Durante um encontro que ocorreu na segunda-feira (25), em Genebra, na Suíça, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que está investigando um possível caso de transmissão do vírus zika por via sexual. “O zika já foi isolado em sêmen humano, e um caso de contaminação de pessoa para pessoa já foi descrito. No entanto, mais evidências são necessárias para confirmar se o contato sexual pode, de fato, transmitir o agente infeccioso”, diz a entidade. A OMS não deu detalhes de onde e quando o caso teria ocorrido.

5. Pernilongo: uma nova ameaça?

Pesquisadores do Departamento de Entomologia da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco anunciaram que estão estudando se os vírus zika e chikungunya também podem ser transmitidos pelo mosquito culex, popularmente conhecido como pernilongo ou muriçoca. Até agora, sabe-se que esses dois agentes infecciosos são propagados pelo Aedes aegypti, o mesmo que carrega a dengue. O objetivo dos cientistas é entender a rapidez com que a epidemia acontece. A previsão é que o estudo seja concluído em três semanas.

De acordo com a líder da investigação, Constância Ayres, esta é a primeira vez que essa ligação é apontada. Mas, segundo ela, faz sentido levantar esse tipo de questionamento. Isso porque a primeira epidemia do zika surgiu na Micronésia, que não é habitat do mosquito da dengue. “Na época, analisaram o Aedes e não evidenciaram o zika. O que acontece é que isolaram a relação do zika com o Aedes no laboratório, mas a circulação silvestre é totalmente diferente. Ele pode não ser o principal transmissor”, disse Constância ao site de notícias G1.

Sabe-se que o culex transmite vírus que são da mesma família que o zika. Então, por que ele não poderia propagar também esse agente infeccioso? É o que esse time de pesquisadores pretende descobrir em breve.

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6. Microcefalia causada pelo zika é severa

Um estudo publicado pelo Centro Nacional de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos concluiu que 71% dos casos de microcefalia causada pelo vírus zika são graves – o que significa que o perímetro cefálico (a circunferência do crânio) desses bebês é muito reduzido. A pesquisa analisou 35 recém-nascidos microcéfalos, que chegaram ao mundo entre agosto e outubro de 2015 em oito estados brasileiros. As mães de todas essas crianças viviam ou visitaram áreas afetadas pelo zika ao longo da gravidez. 74% das gestantes apresentaram manchas no corpo durante o primeiro ou o segundo trimestres gestacionais.

Um dos pontos mais intrigantes dessa pesquisa é que 31% dos recém-nascidos apresentavam um excesso de pele no crânio. Isso significa que o cérebro do pequeno sofreu algum dano dentro do útero, o que atrapalhou o crescimento da massa cinzenta. Todos os pacientes foram testados para sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes simples, outras possíveis causas de microcefalia. E os resultados foram negativos.

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Segundo os especialistas, mais estudos são necessários para confirmar a relação entre a malformação cerebral e a infecção por zika na gravidez. Mesmo assim, é aconselhável que as futuras mamães que estão em áreas de risco se protejam.

7. Outros países registram casos de zika

Na segunda-feira (25), a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), vinculada à OMS, alertou para o risco de circulação interna desse vírus em todos os países do continente americano, com exceção do Chile e do Canadá, onde o Aedes aegypti não chegou. Sabe-se que, além do Brasil, o zika já se encontra em Barbados, Bolívia, Colômbia, República Dominicana, Equador, El Salvador, Guiana Francesa, Guatemala, Guadalupe, Guiana, Haiti, Honduras, Martinica, México, Panamá, Paraguai, Porto Rico, San Martin, Suriname e Venezuela

Nesta mesma semana, Grã-Bretanha, Espanha e Estados Unidos (EUA) confirmaram casos de infecção pelo micro-organismo. Todas as pacientes haviam viajado para lugares que contam com a presença do agente infeccioso. 

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