6 notícias sobre a guerra contra o vírus zika

Transmissão do vírus por via sexual, primeiros estudos para a elaboração de uma vacina e novos números de casos de microcefalia investigados pelo Ministério da Saúde: fique por dentro dessas e de outras novidades sobre o combate a esse agente infeccioso.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 28 out 2016, 10h14 - Publicado em 3 fev 2016, 17h07
jarun011/Thinkstock/Getty Images
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1. EUA identificam transmissão sexual do zika

Nesta terça-feira (2), profissionais de saúde do condado de Dallas, no Texas, anunciaram o primeiro caso de infecção por zika nos Estados Unidos que não ocorreu em indivíduos que contraíram o vírus fora do país. E mais: o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) confirmou que a transmissão do micro-organismo se deu por meio de uma relação sexual. A pessoa infectada não fez viagens internacionais e foi contaminada por um indivíduo que esteve na Venezuela. Até então, a literatura científica só havia registrado um caso de transmissão de zika pelo sexo e um episódio em que o vírus foi detectado em sêmen humano.

“Agora que sabemos que o vírus zika pode ser disseminado por via sexual, isso aumenta a nossa campanha de conscientização para educar a população a se proteger. Junto com a abstinência, os preservativos são o melhor método preventivo contra qualquer infecção sexualmente transmissível”, alerta Zachary Thompson, diretor do Serviços Humanos e de Saúde do Condado de Dallas.

2. Novos casos de zika e microcefalia em investigação

Em boletim divulgado nesta terça, o Ministério da Saúde anunciou que, até o dia 30 de janeiro, 4 783 casos suspeitos da malformação cerebral foram registrados. Desses, 404 já tiveram confirmação para microcefalia e/ou outras alterações do sistema nervoso central, sendo que 17 têm relação comprovada com o vírus zika. Já foram descartados 709 casos e outros 3 670 continuam sob investigação. Em relação à última atualização, feita no dia 23 de janeiro, houve um crescimento de 52% no número de casos investigados e classificados.

As notificações foram realizadas em 156 municípios de nove unidades da federação. A região Nordeste concentra 98% das cidades com casos confirmados, sendo Pernambuco o estado que lidera essa lista.

Em relação aos óbitos, o ministério informa que foram confirmadas 15 mortes de bebês por microcefalia e/ou alterações do sistema nervoso central. Dessas, cinco tiveram identificação do vírus zika no tecido fetal. Outras 56 continuam sendo investigadas.

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São Paulo

Nesta terça-feira, a cidade de Campinas confirmou o primeiro caso de zika contraído no próprio município. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, trata-se de um homem de 20 anos, que doou sangue em abril de 2015. A descoberta veio após o receptor do material sanguíneo apresentar queda de plaquetas, o que não era esperado para o seu quadro de saúde. A partir disso, foram analisadas 18 bolsas de sangue e, em uma delas, o resultado foi positivo para o vírus zika.

No dia 29 de janeiro, a cidade de Piracicaba também anunciou o primeiro caso autóctone de zika. A paciente é uma mulher de 20 anos que está grávida de seis meses. Ela já passou por exames, que descartaram sinais de microcefalia no bebê.

3. Investimento na vacina

Também nesta terça-feira, a Sanofi Pasteur – divisão da farmacêutica francesa Sanofi – anunciou o lançamento de um projeto de pesquisa e desenvolvimento de um imunizante contra o vírus zika. A empresa foi pioneira na criação da vacina contra a dengue, aprovada em dezembro de 2015 pela Anvisa. Embora a elaboração de um medicamento para o zika possa levar anos, a Sanofi acredita que o processo poderia ser mais rápido, graças aos conhecimentos já adquiridos.

“Nossa inestimável colaboração com especialistas em pesquisa e em saúde pública globalmente e nas regiões afetadas pelos surtos de zika, junto com a mobilização de nossos melhores especialistas, deverão acelerar os esforços de pesquisa e desenvolvimento de uma vacina para essa doença” afirma John Shiver, diretor da Sanofi Pasteur.

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Produção nacional

O Instituto Butantan, em São Paulo, também pretende iniciar estudos para o desenvolvimento de uma vacina contra o zika. A entidade já está trabalhando na criação de um imunizante para a dengue e, segundo o diretor do instituto, Jorge Kalil, uma possibilidade seria inserir um gene do zika no produto que está sendo elaborado. De qualquer forma, o medicamento não estaria disponível em menos de três anos.

Parceria

Na última semana, Brasil e Estados Unidos decidiram que vão reunir esforços para combater o vírus zika. Nesta terça, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, e a secretária de Saúde americana, Sylvia Burbell, reafirmaram o compromisso dos dois países na guerra contra o Aedes aegypti e no desenvolvimento de pesquisas para diagnóstico, vacina e tratamento da infecção causada pelo zika.

4. Notificações obrigatórias em casos de zika

O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira que, a partir das próximas semanas, a notificação de casos de infecção pelo vírus zika será compulsória. Em nota, a pasta diz que, atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) não contabiliza o número de casos da enfermidade.

5. Alerta mundial

Nesta terça, a Organização Mundial da Saúde (OMS) começou a desenhar um plano global de combate ao vírus zika. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a entidade anunciou que, de início, precisará de R$ 120 milhões para colocar em prática a iniciativa. Na segunda-feira (1), a OMS classificou como emergência de saúde pública internacional a disseminação do zika e a sua provável relação com o surto de microcefalia no Brasil. A decisão foi tomada após uma reunião de um comitê de cientistas que aconteceu em Genebra, na Suíça.

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6. Efeito protetor?

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) pretendem investigar se alguns fetos podem ter genes que protegem ou facilitam a microcefalia. De acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo, o grupo liderado por Mayana Zatz, diretora do Centro de Pesquisas do Genoma Humano e Células-tronco da USP, vai se basear em casos recentes de gestações de gêmeos em que um dos bebês nasceu com a malformação cerebral e o outro, não. Até agora, a equipe já recebeu três relatos de casos como esses.

“O ideal seria monitorarmos o que acontece com todas as grávidas infectadas pelo zika tanto nos casos em que o bebê nasce com a microcefalia quanto nos que não nascem. Mas, como na maioria dos casos do vírus a pessoa não tem sintomas nem sempre vamos achar as mães dos bebês sem a má-formação. Por isso, pensamos nos casos dos gêmeos, porque já temos a comparação entre os dois bebês da mesma mãe. Esses casos podem nos dar respostas preciosas”, disse a pesquisadora à publicação.

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