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Regina Casé sobre adoção: “Foi a coisa mais maravilhosa que podia ter nos acontecido”

Aos 62 anos, a apresentadora é mãe de Benedita, de 26 anos, e do pequeno Roque, de 3 aninhos. Em entrevista exclusiva ao Bebê.com.br, ela fala sobre ter adotado um filho e a experiência da maternidade em diferentes fases da vida.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 31 out 2016, 17h07 - Publicado em 6 Maio 2016, 16h35

Em 1989, quando estava com 35 anos, Regina Casé deu à luz Benedita, fruto do seu primeiro casamento com o artista plástico Luiz Zerbini. Vinte e quatro anos mais tarde, aos 59, a apresentadora ganhou outro filho: o pequeno Roque. Só que o filhote não chegou pelos métodos tradicionais. Com o desejo de aumentar a família, Regina e o marido, o diretor Estevão Ciavatta, resolveram adotar uma criança. Oito anos depois de ter dado início aos procedimentos de adoção, o casal finalmente conseguiu ter o pequeno no braços. “O processo foi penoso e muito demorado. Passamos por todas as etapas (entrevistas, visitas, cadastros, abrigos), mas valeu a pena”, contou Casé em uma entrevista exclusiva ao Bebê.com.br.

Conversamos com a atriz e apresentadora do programa Esquenta, da Rede Globo, sobre ser mãe em períodos diferentes da vida, carreira, adoção e valores que ela considera fundamentais na maternidade. Confira:

Benedita tem 26 anos e Roque, 3 aninhos. Como foi a experiência de ser mãe em fases tão distintas?

Regina Casé (R.C.): Foi completamente diferente. Tá aí uma coisa que eu acho que a natureza não foi tão sábia quanto a sua fama. Tem sido muito mais fácil pra mim, pra todos que estão em volta, e até pra ele, do que foi na época da Benedita. Outro dia, o pediatra do meu filho me disse: “Se todas as mães tivessem a sua idade, eu ia à falência”.

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Como foi conciliar a carreira com a maternidade nesses dois momentos?

R.C.: Nesse aspecto também foi surpreendente. A gente queria muito outro filho, mas eu achava que entraria um transatlântico na minha banheira. E mais uma vez, foi mais fácil por conta da carreira consolidada, por ter menos ansiedade juvenil e, principalmente, uma coisa que só o tempo dá: noção de processo.

Como é a relação entre Benedita e Roque?

R.C.: Maravilhosa! Antes dele chegar, apesar de termos conversado muito, eu sentia que ela ficava muito apreensiva. Também temendo mudanças drásticas na nossa vida familiar, que sempre consideramos muito boa e até mesmo atípica. Ela e o namorado, João, moram conosco há oito anos e é impressionante como gostamos de fazer as coisas juntos. Gostamos das mesmas músicas, temos muitos amigos em comum, apesar da diferença de idade, e viajamos muito juntos. Acho que ela ficou muito assustada achando que isso ia acabar. E, hoje em dia, Benedita e João, sem dúvida nenhuma, dividem o papel de educadores, criadores e eu poderia dizer que até de pais do Roque. Isso é muito bom pra todos e me tranquiliza muito. Porque muitas coisas que eu e meu marido talvez não pudéssemos fazer com ele, eles suprem com o maior amor e a maior energia. Hoje em dia nem sei se tudo isso seria possível ou tão legal se não fôssemos os quatro.

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal ()

De que maneira a fama interferiu na vida dos seus filhos?

R.C.: Interfere muito. Às vezes eles até se queixam. Tanto eles quanto o meu marido, porque é realmente muito invasivo. Mas eu sempre escolhi o caminho de misturar tudo: a vida pessoal e o trabalho. Até porque sou cria do grupo de teatro “Asdrúbal Trouxe o Trombone”, em que o nosso lema é: “Queremos nunca saber se estamos trabalhando ou de férias”. O meu envolvimento com o trabalho é muito grande, quase toda a família e os amigos trabalham junto comigo. Então, ficaria impossível preservá-los do lado negativo da fama. Acho que o único jeito é ter muito cuidado, conversar sempre sobre isso e ir em frente.

Adotar uma criança era algo que você sempre quis?

R.C.: Na verdade, eu queria, no mínimo, dez crianças. Sempre quis ter muitos filhos e o meu trabalho, muitas e muitas vezes, me levou para lugares no Brasil e até mesmo em países da África, onde a sociedade e o Estado não garantiam as condições mínimas para que as crianças fossem criadas por seus pais. Isso sempre me tocou muito. Mas mais do que tudo, sempre achei que aqui em casa a gente tinha muito amor transbordando e que precisávamos de mais gente pra amar.

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Como foi o processo de adoção do Roque?

R.C.: Foi penoso e muito demorado. Passamos por todas as etapas (entrevistas, visitas, cadastros, abrigos), mas valeu a pena. Foi a coisa mais maravilhosa que podia ter nos acontecido.

Arquivo pessoal
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Em 2014, você batizou Roque em cinco religiões. Por quê?

R.C.: Porque sempre quis que ele, assim como a minha filha, desde pequenininho, aprendesse a respeitar o outro, buscar mais as semelhanças do que as divergências. E não apenas tolerar (não gosto dessa expressão “tolerância religiosa”, pois parece que você está aturando algo com dificuldade). Sempre quis ensinar os meus filhos a celebrar as diferenças.

Quais foram os principais desafios de ser mãe de novo aos 59 anos?

R.C.: Tive muito mais dificuldades e medos antes dele chegar. No primeiro dia, já aconteceu uma coisa surpreendente. À noite, eu estava tão cansada dos preparativos e exausta emocionalmente que ao invés de ninar o meu neném, deitei no colo daquele bebezinho e ele que me fez dormir. Logo, eu interpretei que tudo ia dar certo.

Arquivo pessoal
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