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Quando a mãe se desespera

Em algumas situações, os pais ficam aflitos por não poder ajudar os filhos como gostariam. Confira o depoimento de uma mãe que conta como foi vivenciar uma crise de convulsão da filha.

Por Luísa Massa
Atualizado em 28 out 2016, 09h01 - Publicado em 15 jun 2015, 10h23

Karina Galdini, 30 anos, é mãe da Maria Eduarda, de 4 anos, publicitária e idealizadora do blog Mãe Perfeitamente Real. Aqui, ela fala sobre um dos episódios mais difícies que vivenciou após se tornar mãe. Leia!

“Era um domingo normal, tínhamos passado o dia na casa da sogra e a minha filha – que na época tinha dois anos – havia brincado com as primas. Tudo corria bem e parecia que o dia iria terminar tranquilamente, só que fomos surpreendidos no meio do caminho.

Minha sogra mora na mesma cidade que nós, São Paulo, mas considerando o trânsito que existe na cidade, a distância da sua casa para a minha é cerca de 30 minutos. Saímos da casa dela e como de costume, Maria adormeceu no carro assim que cruzamos a esquina. Paramos em uma padaria que tem na nossa rua para comprarmos um lanche. Até aí, tudo bem, nada fora da nossa rotina.

Quando estávamos chegando em casa, meu marido apoiou o braço no banco de trás para dar ré no carro e foi nesse momento que o susto começou. Ele, em um tom de voz que eu não gosto nem de lembrar, gritava desesperadamente: “Maria Eduarda, fala comigo! Está tudo bem, filha?”. Nisso, o carro já estava parado e eu tentava entender o que acontecia. Ele pediu que eu ligasse urgente para o SAMU.

Eu estava tão nervosa e atordoada, pensando em tantas coisas, que não conseguia nem tirar o cinto de segurança da cadeirinha da minha filha. Meu marido tomou a frente da situação, retirou a pequena do carro e então eu vi que ela estava tendo uma convulsão. A única coisa que eu conseguia pensar era porque isso estava acontecendo – a Maria Eduarda não tinha tido nem um resfriado no último mês e estava tão bem…

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Deixei ela com ele, respirei fundo e pensei: “Calma, Karina. Você precisa agir rápido”. Por um minuto, desliguei todos os pensamentos pavorosos que estavam passando pela minha cabeça e consegui focar no que realmente precisava fazer. Liguei para o SAMU e expliquei o que estava acontecendo. O rapaz que me atendeu no telefone foi muito solícito – ele falou que deveríamos inclinar a nossa filha para o lado (posição que ela já estava) e também disse que em caso de convulsão não tem muito que fazer, a não ser segurar a criança, proteger sua cabeça e esperar passar. Acho que a parte mais difícil foi essa: ficar aguardando a situação se resolver, sabendo que eu não podia fazer nada para ajudar a minha filha.

Também interfonei na portaria do prédio e pedi que o porteiro chamasse algum morador que fosse médico porque a Maria Eduarda estava tendo uma convulsão na garagem. O médico apareceu quando eu ainda estava na linha com o SAMU, também no momento em que a pequena estava saindo da convulsão. Ela chorava desesperadamente, porque não entendia o que estava acontecendo, nem onde estava.

Nesse momento, eu nem sei como estava em pé. Minhas pernas tremiam e eu segurava o choro porque sabia que a minha filha precisava de mim ao seu lado, forte. O médico deu antitérmico para a pequena e voltamos para o carro para irmos ao hospital. Lembro de que a única coisa que falei para o meu marido foi para que ele dirigisse o mais rápido que desse. A Maria Eduarda estava no meu colo, ardendo de febre, delirando e falando palavras sem sentido. Eu ficava cada vez mais aflita.

Chegando lá, fomos encaminhadas para a emergência, indo direto para a sala de triagem. O atendimento foi rápido: uma enfermeira mediu a temperatura da pequena, que estava com 39, 5º C depois de 25 minutos de tomar o medicamento. Imagina na hora do pico da temperatura, quando ela teve a convulsão? Fomos com a Maria para um quarto de internação, pois ela precisaria ficar em observação e fazer alguns exames.

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Aos poucos, a temperatura foi baixando, mas não menos que 37,5º C. Colocaram um acesso na mãozinha dela para poder dar todas as medicações necessárias. Se ela já estava irritada, ficou ainda mais nesse momento – queria a todo custo arrancar a agulha. Enquanto esperávamos o resultado dos exames, trouxeram um lanche para ela, que foi se distraindo e acalmando. Depois de horas ali, a pequena já estava brincando tranquilamente e eu ainda não sentia as minhas pernas.

Ficamos horas no hospital, pois a temperatura dela deveria chegar em 36,5ºC para que a Maria recebesse alta – já que os exames não apontaram nada e, aparentemente, ela teve mesmo uma convulsão febril, sem nenhum rastro neurológico ou coisa parecida. Liguei para a sua pediatra, contei tudo e combinei que depois a levaria ao consultório. O pior já tinha passado.

A Maria Eduarda saiu do hospital de manhãzinha. O neurologista conversou conosco e nos tranquilizou – ele explicou que o que a pequena teve é mais comum do que imaginamos. Ele também disse que isso poderia nunca mais acontecer ou poderíamos vivenciar outro episódio como aquele, afinal, não dá para prever. De qualquer forma, saímos de lá mais sossegados e tentando nos recuperar do susto que passamos.

Graças a Deus, minha filha não teve outra convulsão, mas a sua temperatura é bem sensível e sobe com qualquer probleminha. Por isso, estamos sempre de olho e redobramos a nossa atenção. Hoje, a pequena está com quatro anos e só de lembrar dessa história, sinto um aperto no peito e um nó na garganta. Pela primeira e única vez, naquele dia passou pela minha cabeça não ter mais a minha filha do meu lado – esse é um sentimento desesperador, que eu não desejo para nenhuma mãe!”

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