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Professora assedia aluna que levou a filha de 5 anos para a universidade

Ao entrar na sala de aula, a gaúcha Nina Bitencourt foi questionada diversas vezes pela docente se não tinha outro lugar para deixar sua filha. A insistência foi tanta que ela deixou a classe. O caso gerou repercussão na internet e um debate sobre os desafios que as mães universitárias enfrentam.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 16 out 2016, 04h54 - Publicado em 7 abr 2016, 16h11

No último dia 31 de março, a estudante Nina Bitencourt foi assistir a uma das aulas do curso de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ela estava acompanhada de sua filha, Anya, de 5 anos. Ao entrar na sala, Nina começou a ser bombardeada por perguntas da professora se referindo à sua filha. “Ela vai entrar na aula?”, “Ela pode assistir aula?”, “Ela não vai se chatear e incomodar a aula?”, “Tu não tem creche para deixar ela?”, “Nenhum parente pode ficar com ela para ti?”, “Tem certeza?”, questionava a docente.

“Respondi pacientemente às perguntas e expliquei que ela estar ali comigo era o modo de garantir minha permanência na universidade. A aula se seguiu com a Anya sentadinha no chão ao meu lado brincando de bonecas e SUSSURRANDO e comigo tentando ignorar os respirares fundos da professora, olhares raivosos pra minha filha e prestar a atenção na explicação dela. Até que, num certo momento, após uns 15 minutos de aula e sem nada ter sido feito da parte da minha filha pra provocar tal reação, a professora explode repetindo a pergunta: ‘MAS TU NÃO TEM MESMO COM QUEM DEIXAR ELA?’ “, escreveu Nina em seu Facebook.

Nesse momento, a estudante pegou suas coisas e deixou a sala de aula acompanhada da filha. Algumas alunas intercederam em apoio à mãe. “Eu saí da sala, não podia mais continuar sendo humilhada e continuar deixando minha filha ser exposta daquela maneira. Fui até a Comissão de Graduação e, enquanto eu era orientada quanto às medidas cabíveis, a professora apareceu e continuou falando, justificando, se exaltando e repetindo NA FRENTE DA MINHA FILHA o quanto ela estava atrapalhando porque estava BRINCANDO. Não respondi, me dirigi à funcionária da Comissão agradecendo e dizendo que ia abrir o processo por assédio moral e que não tinha mais nada pra falar com a professora”, contou a estudante em seu relato.

Segundo Nina, após ver tudo isso de perto, Anya começou a perguntar: “O que eu fiz pra deixar minha mãe triste assim? Por que minha mãe foi expulsa da aula por minha culpa?”. A pequena está sendo acompanhada pela orientadora pedagógica da sua escola. A UFRGS declarou ao Bebê.com.br que o caso está sendo apurado pela pró-reitoria de gestão de pessoas da universidade.

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Repercussão

O caso gerou um debate na internet sobre os desafios que as mães universitárias enfrentam. Muitos criticaram Nina, dizendo que lugar de criança não é na universidade. Em uma outra postagem no Facebook, feita no dia 1o de abril, a jovem mãe rebateu o argumento. “Concordo. Universidade não é lugar de criança mesmo, mas é lugar, sim, de mulher e de mãe. A realidade da minha cidade é a do município que mais falta vaga em creche pública no RS. O meu estado é um dos que menos possui vaga em todo o Brasil. Qual a alternativa? Que a mãe falte a aula? Que a mãe largue o curso e fique em casa cuidando dos filhos? A alternativa de vocês é que as mulheres que se tornam mães sejam excluídas da universidade?”, questiona.

A estudante coloca como urgência mais vagas em creches públicas, espaço nas instituições de ensino para os pequenos e que as mães tenham oportunidade de integrar o mundo universitário tanto quanto outras mulheres. “Queremos estar inseridas na universidade e no mercado de trabalho sem sermos inutilizadas para além do espaço doméstico depois que nos tornamos mães. Esse é o nosso objetivo. Repito, vai ter mãe na universidade, sim!!”.

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Confira abaixo o post original na íntegra:

“O que eu fiz pra deixar minha mãe triste assim? Por que minha mãe foi expulsa da aula por minha culpa?”Essas duas…

Posted by Nina Biten Court on Thursday, March 31, 2016

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