Por que você não deve deixar o bebê chorando até cansar

O choro dos bebês é uma forma de pedir ajuda e de se comunicar. Saiba os motivos para não ignorar:

Por Redação Pais e Filhos
Atualizado em 25 fev 2025, 10h44 - Publicado em 4 fev 2025, 12h00
Bebê chorando
 (pvproductions/Freepik/Reprodução)
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Os bebês são completamente dependentes dos pais para sobreviver. Diferente de outras espécies, eles precisam de cuidado constante para se desenvolver. A principal forma de comunicação nessa fase é o choro. Por meio dele, os recém-nascidos avisam quando estão com fome, frio, medo ou qualquer outro desconforto. Então, por que ignorar? Se o bebê está pedindo ajuda, a resposta natural deveria ser acolher e atender suas necessidades.

O choro não é apenas um pedido, mas um alerta 

O choro tem um papel fundamental na sobrevivência e no desenvolvimento da criança, ele é um alerta eficiente: sempre aciona os pais e permite que eles aprendam a identificar o que o bebê precisa.

Com o tempo, os pais passam a reconhecer diferentes tipos de choro e conseguem responder de forma mais rápida e precisa. Essa troca fortalece o vínculo e a confiança entre a criança e os cuidadores.

A dificuldade dos pais em lidar com o choro 

Ao longo dos anos, a relação entre mãe e bebê mudou, pois com o acúmulo de responsabilidades, como trabalho e estudo, os pais passaram a dividir a atenção. Porém, nos primeiros meses de vida, quanto mais presença e observação, mais fácil será identificar o que o bebê precisa e acalmá-lo.

Por outro lado, começaram a surgir técnicas para ensinar os bebês a se acalmarem sozinhos. O método conhecido como “Ferberização”, criado pelo pediatra Richard Ferber, defende que se deve deixar a criança chorando por períodos controlados para que ela entenda que aquele momento é a hora de dormir. Algumas versões mais rígidas recomendam deixar o bebê chorar até se cansar.

Ignorar o choro pode fazer mal?

O cérebro dos bebês está em pleno desenvolvimento nos primeiros três anos de vida. Nesse período, são formadas conexões neurais essenciais. Um hormônio chamado cortisol, liberado em momentos de estresse, pode prejudicar essas conexões se estiver em excesso. Se um bebê chora repetidamente sem resposta, pode parar de esperar conforto e criar uma visão do mundo onde não pode contar com os outros.

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A psicanálise chama isso de “desesperança aprendida”, uma espécie de estado depressivo. Acolher o choro e transmitir calma ajuda a criança a entender que suas emoções são válidas. O contato físico, como o colo, passa segurança e afeto, o que contribui para o desenvolvimento emocional saudável.

Choro ou birra?

Muitas técnicas de choro controlado são justificadas como uma forma de lidar com a birra. Mas bebês muito pequenos não fazem birra, é apenas entre 18 e 24 meses que a criança começa a testar limites. Antes disso, chorar é apenas uma forma de se comunicar.

Além disso, estudos mostram que bebês já começam a ensaiar o choro dentro do útero. Pesquisadores britânicos da Universidade de Durham analisaram ultrassonografias 4D e identificaram expressões faciais semelhantes às do choro. Isso reforça que essa é uma ferramenta natural de comunicação e não um comportamento manipulador.

Os métodos funcionam?

O ser humano se adapta a diferentes condições. Técnicas que ensinam bebês a não chorar funcionam, mas a que custo? Quando um bebê entende que chorar não traz resposta, ele pode parar de chorar, mas isso não significa que aprendeu a se acalmar sozinho. O vínculo de confiança com os cuidadores pode ser abalado, o que pode gerar insegurança no futuro.

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Há situações em que os pais precisam recorrer a alguma técnica para lidar com o sono do bebê, principalmente quando o esgotamento afeta a rotina da família. Nessas horas, cada caso deve ser avaliado considerando o bem-estar do bebê e a saúde emocional dos pais. O importante é equilibrar as necessidades da criança com a realidade da família, sem culpa.

Entendendo o choro

Aprender a identificar o choro do bebê ajuda a responder de forma mais tranquila e existem padrões de choro que indicam diferentes necessidades. Por exemplo, o choro de fome costuma ser mais intenso e contínuo, acompanhado de movimentos de busca com a boca.

Ninguém conhece melhor um bebê do que os próprios pais. A atenção e o carinho fazem toda a diferença na construção de um vínculo seguro.

Atender ao choro do bebê não é apenas um ato de cuidado imediato, mas um investimento no desenvolvimento emocional e na relação de confiança com os pais.

Consultoria: Philip Sanford Zeskind, do Levine Children’s Hospital, William Sears, pediatra defensor da Teoria do Apego, Carolina Araújo Rodrigues, neuropsicóloga, Katia Keiko Matunaga, coordenadora pedagógica, Larissa Fonseca, psicopedagoga e Vera Regina Corrêa de Mello, coordenadora pedagógica.

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