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Paternidade: livro busca conscientizar pais a serem mais presentes

"Dois traços cor-de-rosa", que será lançado nesta segunda-feira (9), foi escrito por um pai de primeira viagem que descobriu um mundo e um tipo de amor totalmente novos com a chegada da filha.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 22 out 2016, 17h48 - Publicado em 9 nov 2015, 07h00
Léo Freitas
Léo Freitas (/)
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Ele toca em uma banda de rock e faz shows durante a noite. Ela trabalha com tecnologia em horário comercial. Após um namoro de seis anos e meio, Diego Peso e Daniela Figueira se casaram em outubro de 2012. Ao voltarem da lua de mel, uma surpresa: estavam grávidos. “Foi um susto. Eu sempre quis ser pai, mas não esperava que isso fosse acontecer tão rápido”, contou Diego em entrevista ao Bebê.com.br. O mesmo aconteceu com Daniela, que levou uns dias até se acostumar com o fato de que, em breve, seria mãe. Mas o casal logo abraçou a ideia e passou a viver todas as experiências inéditas da gravidez. Em junho de 2013 chegava ao mundo a pequena Rafaela, que hoje está com 2 anos de idade.

Desde que se tornou pai, Diego mudou totalmente a sua rotina: ao invés de dormir até tarde para descansar do trabalho noturno, ele acorda cedo para cuidar da filha, além de levá-la e buscá-la na escola. “Hoje eu não penso mais para mim, penso tudo para a Rafaela”, revela. No começo do mês de fevereiro de 2015, enquanto navegava em seu Facebook, ele se deparou com um texto que falava sobre o papel fundamental que as mães desempenham na criação dos filhos. Embora concorde com isso, Diego ficou intrigado com a falta de reconhecimento que, muitas vezes, os pais também têm nesse processo – inclusive desde a gestação. E aí decidiu compartilhar o que pensa sobre isso em sua própria página:

Eu, como pai, discordo do texto… Nós não sangramos, não ficamos loucos com os hormônios… Mas nós ouvimos gritos sem motivos, nós acolhemos quando o choro vem sem nenhuma razão, nós saímos no meio da madrugada para buscar uma simples coxinha e, quando voltamos, a cozinha não é mais bem-vinda… Nós não vomitamos, mas ficamos lá, ajoelhados, abraçados, segurando a toalha em uma mão e fazendo cafuné com a outra… Nossos seios não sangram, mas nossos olhos choram de ver o sofrimento de quem amamos… Todas as mudanças são compreendidas pelas mães, mas os pais sofrem sem conseguir entender, afinal, por que ela está brava, gritando ou chorando?! Para nós, não tem muito sentido, mas ainda assim estaremos lá, tomando porrada e prontos para dizer “tudo vai ficar bem’”… O pai acorda na madrugada, pega seu filho no colo e tenta até a última gota fazê-lo ninar, para, somente quando não há mais o que fazer, enfim entregá-lo para a mãe amamentar… A natureza nos deu responsabilidades diferentes, mas igualmente sofridas e felizes!!!

O comentário causou uma repercussão inesperada – foram 1 400 curtidas e muitos compartilhamentos. “Várias mães vieram falar comigo, contando que os pais de seus filhos os haviam abandonado”, lembra Diego. Incomodado com essa realidade, ele foi tomado pela vontade de contribuir para mudar esse cenário, conscientizando aqueles que são pais a estarem presentes na criação e na educação de seus pequenos. Foi aí que veio a ideia de lançar um documentário no qual diversos homens relatassem as dificuldades e as alegrias da paternidade. Mas, além disso, o pai da Rafaela também gostaria de compartilhar a sua experiência – que, ao invés de uma entrevista em vídeo, veio no formato de livro. “A primeira coisa que pensei foi no título, que é uma menção aos dois tracinhos que aparecem no teste de gravidez. E aí comecei a escrever e não conseguia parar – só para trocar a fralda da Rafa! Terminei em três semanas”, relata. A primeira parte do documentário foi lançada em agosto, no Dia dos Pais, num canal do YouTube. E o livro, Dois traços cor-de-rosa (Book Express Editora), será lançado nesta segunda-feira (9), em São Paulo.

A seguir, confira uma entrevista em que Diego fala sobre as suas impressões da paternidade.

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal ()

O que mudou na sua vida depois que se tornou pai?

Diego Peso: Tudo. Hoje sou uma pessoa muito mais responsável. Antes, pela rotina de trabalhar de madrugada, eu chegava em casa e dormia até as 14h. Hoje, independente da hora que chego, acordo às 7h para levar a Rafa para a escola, dar mamadeira, trocar… Eu não penso mais pra mim, penso para a Rafaela. Penso só no bem dela.

Quais são os maiores desafios de um homem que é pai?

D.P.: Muito antes de imaginar que seria pai, eu conversava muito com o meu pai. Eu falava que tinha medo de ter um filho, porque se você der tudo, a criança vai ser mimada; se não der nada, ela pode se tornar revoltada. Acho que os maiores desafios são encontrar o ponto certo do que dar, do que não dar; a hora certa de falar não; o momento de abrir mão de algo que você gosta pelo seu filho…

E quais são os principais erros cometidos pelos homens quando ganham um filho?

D.P.: A gente nunca consegue ver os nossos próprios erros. Mas eu acredito que o grande erro é criar o seu filho do jeito que os outros pensam. O pai e a mãe têm que educar do seu jeito.

O que você mais gosta em ser pai?

D.P.: Uma das coisas que me deixa emocionado de verdade é quando eu chego do trabalho, muitas vezes de manhã, e, quando abro a porta, ela grita: “Papai, você chegou!!”. Isso não tem preço.

Quais dicas você dá no livro a um homem que acabou de se tornar pai?

D.P.: Existem casais que não dão certo juntos, mas a criança não tem culpa disso. Por mais difícil que seja, o pai tem que entender que ele é pai. O filho não tem culpa do que aconteceu para estar lá e ele precisa se tornar um adulto bom. O pai tem que entender que aquela vida depende dele. Não é pagar a conta e achar que é pai, tirar uma foto e postar no Facebook de vez em quando… É ser presente, nem que seja uma hora por dia.

Defina a paternidade em uma palavra.

D.P.: Amor. Não tem outra palavra. Você só descobre o que é amor de verdade quando tem um filho. É realmente diferente de tudo o que eu já senti na vida.

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