O que os bebês conseguem lembrar? Ciência investiga a memória da primeira infância

Entenda mais sobre como vão ser as memórias da infância do seu filho

Por Redação Pais e Filhos
14 Maio 2025, 17h00
Família vendo álbum de fotos
 (cottonbro/Pexels)
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A maioria das pessoas não guarda lembranças dos primeiros anos de vida. Mas isso não quer dizer que o cérebro dos bebês não esteja registrando o que acontece ao redor. Um estudo publicado na revista Science reforça que as memórias da primeira infância não desaparecem por completo — elas podem apenas ficar inacessíveis com o passar do tempo.

Essa hipótese reforça o que muitos pais observam: bebês reconhecem rostos, vozes e lugares. O cérebro deles está aprendendo o tempo todo, mesmo que, anos depois, essas lembranças pareçam ter sumido.

Como o cérebro dos bebês forma memórias

Desde os primeiros meses, o cérebro infantil trabalha intensamente. É nesse período que os bebês aprendem a reconhecer os pais, a se comunicar por gestos e expressões, a entender padrões e a desenvolver os primeiros vínculos afetivos. Tudo isso é armazenado de alguma forma pelo cérebro.

O principal responsável por organizar essas lembranças é o hipocampo — uma estrutura que ainda está se desenvolvendo durante a primeira infância. Por isso, embora os bebês absorvam muitos estímulos e informações, nem tudo fica armazenado da mesma forma que em adultos ou crianças mais velhas.

O que os estudos científicos revelam

Pesquisas anteriores feitas com animais já mostraram que memórias podem ser formadas desde muito cedo, mas tendem a desaparecer se não forem reativadas. A dúvida que ficou: será que as memórias somem ou ficam apenas fora do alcance?

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O estudo recente acompanhou 26 bebês que viram imagens de rostos, objetos e paisagens. Depois de um tempo, as mesmas imagens foram mostradas novamente, enquanto os cientistas observavam a atividade cerebral deles. Os resultados mostraram que, a partir de um ano, o hipocampo já participa da formação de memórias — principalmente nos bebês mais velhos do grupo.

Como a ciência investiga a memória na infância

Estudar a memória de bebês envolve desafios práticos. Como eles ainda não falam, os pesquisadores precisam observar reações físicas e cerebrais. Um dos métodos utilizados nesse estudo foi o monitoramento das ondas cerebrais enquanto os bebês olhavam para imagens repetidas. Outros estudos usam chupetas especiais ou padrões visuais para medir o tempo de atenção e captar sinais de reconhecimento.

Esses experimentos ajudam a entender como o cérebro processa e guarda informações nos primeiros anos de vida.

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Por que não lembramos da infância?

Mesmo com o hipocampo ativo, a maioria das pessoas não se lembra do que viveu antes dos três anos. Essa condição é chamada de amnésia infantil. Existem algumas explicações possíveis: as memórias podem não ser armazenadas em longo prazo, podem se perder com o tempo ou simplesmente ficar inacessíveis por mudanças no cérebro à medida que ele se desenvolve.

Um dos cientistas que participou da pesquisa, Nick Turk-Browne, está investigando se crianças mais velhas conseguem reconhecer imagens de quando eram bebês. Os primeiros resultados indicam que algumas lembranças podem permanecer até por volta dos três anos, mas ficam mais difíceis de acessar depois disso.

Novos caminhos para entender as lembranças da infância

Com o avanço das tecnologias de imagem cerebral e o desenvolvimento de métodos mais adequados para bebês, os cientistas estão conseguindo olhar com mais detalhes para o funcionamento da memória nessa fase da vida. A ideia de que as primeiras experiências ficam registradas — mesmo que a gente não se lembre delas — abre caminhos para novas descobertas sobre o desenvolvimento infantil.

Esses estudos também ajudam a reforçar a importância do vínculo afetivo, da rotina e dos estímulos nos primeiros anos, já que tudo isso influencia o modo como o cérebro se organiza desde o início da vida.

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