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O primeiro susto a gente nunca esquece

Priscila Casimiro, 30 anos, é mãe do Flavio, de 5 anos, e idealizadora do blog Mãe Sem Frescura. Aqui, ela conta como foi descobrir que o seu filho realizaria uma cirurgia com apenas 1 ano e 10 meses.

Por Luísa Massa
Atualizado em 22 out 2016, 16h15 - Publicado em 19 jun 2015, 12h42

“Quando fiquei grávida, minha principal preocupação era o bem estar do meu filho. Por isso, mudei meus hábitos: adquiri uma alimentação mais saudável e optei pela prática regular de exercícios físicos. Eu estava sempre atenta ao meu peso, e consequentemente, ao crescimento do bebê. Minha gestação foi bem tranquila e super ativa, trabalhei até uma semana antes do parto e fiz natação até o último dia. Mesmo assim, fiquei ansiosa, com medo de que algo desse errado ou do meu filho ter algum problema de saúde – foram muitas preocupações. Enfim, o parto foi um sucesso e o Flavio nasceu muito saudável.

Com o passar dos meses, fui entendendo a maternidade e vivendo-a de maneira leve. Eu sempre incluía o meu filho em todos os passeios e fomos nos descobrindo juntos, nos conhecendo e nos amando mais a cada dia. Tudo parecia perfeito, mas a vida prega peças e quando Flavio tinha apenas 1 ano e 10 meses, notei um inchaço na virilha dele que me deixou extremamente preocupada, embora ele não reclamasse de dor. Até pensei que poderia ter batido em algum lugar, entretanto o inchaço se manteve nos 4 dias subsequentes e o levei à pediatra.

A médica o examinou e nos orientou a procurar um cirurgião pediátrico com urgência. Nunca imaginei que seria algo grave e fiquei muito nervosa com o que tinha acabado de ouvir porque a cada dia o inchaço aumentava e me preocupava ainda mais. Era uma bolinha pequena que foi descendo para o saquinho, ficando cada vez maior e tomando as duas regiões em uma semana. Após sair da médica comecei uma busca incessante por um cirurgião pediátrico, tentando um encaixe para a mesma semana. Depois de muitas tentativas, finalmente consegui.

Ao realizar os exames, não foi dado um diagnóstico preciso, falaram em pulsão, em cirurgia, embora nada me confortasse. Então, resolvi procurar outro médico, um que entendesse e fosse o mais paciente possível para tirar todas as dúvidas de uma mãe desesperada. Desesperada? Sim! Porque comecei a procurar respostas ao que estava acontecendo com o meu filho na internet, embora o melhor fosse não ter visto nada. Só lia tragédia, muitas histórias que me deixavam ainda mais triste e apreensiva, pois muitas pessoas relatavam que a cirurgia poderia afetar a fertilidade da criança no futuro. Eu e meu marido ficamos realmente nervosos e não tínhamos muito tempo para tomar a decisão certa.

Já com todos os exames, fui à consulta com o novo cirurgião pediátrico que após examinar diagnosticou que o caso do Flavio era hidrocele. Foi um momento de alívio, porque finalmente sabia o que o meu filho tinha. Havia também um médico paciente e a solução para a questão, que era a cirurgia. Eu e meu marido fizemos milhões de perguntas e o pediatra, muito atencioso, explicou que hidrocele, hérnia, cisto de cordão e epidídimo são basicamente a mesma coisa, ou seja, só muda a localização na qual o líquido foi formado, o que gera o inchaço e é muito comum em meninos. Esse problema é desenvolvido durante a gestação e pode ou não se manifestar durante a vida.

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Eu fiquei mais tranquila, embora ainda apreensiva com a cirurgia que estava por vir. Mesmo o médico falando que era um procedimento simples, o dia “D” foi extremamente angustiante, porque ele estava no centro cirúrgico e eu na sala de espera sem saber o que estava acontecendo. Será que estava tudo bem? Será que o que o médico que o diagnosticou estava certo? Será que o meu filho responderia bem a cirurgia e ao pós-operatório? Muitas perguntas passavam pela minha cabeça naquele momento.

Eu não conseguia me tranquilizar e o meu coração só se aquietou quando o vi: foi uma emoção sem tamanho! Ele estava bem pálido, resmungando e um pouco fora do ar – efeito da anestesia geral. Mas, tudo correu bem e saímos do hospital no mesmo dia com o Flavio andando. O pós-operatório foi bem tranquilo e a cicatriz ficou imperceptível. No dia seguinte, ele nem se lembrava de que tinha passado por uma cirurgia e sua vida voltou ao normal. Ele continuou a ser o menino que pula, corre e brinca sem parar.

A maternidade me mostrou que sou forte e faço tudo pelo bem estar do meu filho, mesmo que ele ainda seja do tamanho de um grão de arroz. Aprendemos a amar, a reconhecer os nossos erros, a brincar, a dar bronca quando é preciso, e principalmente, a ser mãe. Para mim, mãe é aquela que está sempre perto, observando cada detalhe sem sufocar, fazendo com que a felicidade do seu filho seja a sua felicidade, mas sem se deixar anular, ensinando que uma hora é a vez da mamãe e na outra dele. Essa sou eu, a Priscila mãe: um pouco desesperada em certos momentos, embora paciente para tomar a decisão certa.”

Depoimento publicado originalmente em fevereiro de 2015

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