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O limite das recompensas durante a infância

Incentivar os pequenos é importante, mas os pais devem sempre se guiar pelo bom senso. Saiba mais!

Por Carla Leonardi (colaboradora)
14 ago 2017, 21h18

Lembra quando você era criança e colocava o dente de leite embaixo do travesseiro para encontrar uma moedinha no dia seguinte? Ou quando terminava aquela tarefa enorme e depois ia tomar sorvete com os seus pais? De fato, dar recompensas aos filhos não é um costume recente – ele faz parte das famílias há gerações e tem, sim, sua importância. “O reforço positivo é muito importante para nós, seres humanos, independentemente da idade que temos. Seja de ordem material ou física, a recompensa nos estimula a continuar apresentando um bom comportamento. Porém, tudo deve estar dentro dos limites”, afirma a psicanalista Cristiane M. Maluf Martin.

Mas, afinal, como estabelecer o que é saudável ou não? Como pais, o importante é sempre procurar o bom senso, lembrando que essas recompensas dadas às crianças não devem funcionar como uma compensação por possíveis ausências. “Muitos pais querem ‘pagar’ o fato de não estarem em casa com bens materiais e isso é extremamente errado. Não deve existir culpa a partir do momento que se está ausente por uma causa nobre – trabalhar e suprir as necessidades básicas de seus filhos. Se essa questão não estiver muito clara, as crianças vão abusar dessa culpa que os próprios pais criam para eles mesmos”, alerta Cristiane.

Isso significa que talvez a Fada do Dente não precise deixar uma nota de 50 reais só porque você não viu o incisivo do seu filho cair – ou que você não tenha que engordar a mesada toda vez que ele tira uma nota boa. E é sempre interessante lembrar que as recompensas podem variar bastante. A compra de algo que a criança está querendo muito, um passeio ou viagem de férias e até mesmo um prato especial que ela adora podem ser um grande prêmio. De qualquer forma, é preciso estar atento às ocasiões em que essas recompensas são dadas – é melhor que elas sejam pontuais, em momentos específicos, e que não virem uma “obrigação”.

Mas além dessas recompensas materiais, há sempre aquelas que não custam nada, mas que fazem muito bem aos pequenos. “Permitir que a criança fique acordada até mais tarde uma noite e organizar uma festa do pijama em casa são alguns exemplos. Muitas vezes, apenas disponibilizar um tempo ‘surpresa’ para ficar com os filhos pode ser uma das coisas mais inesquecíveis e agradáveis para eles”, diz Cristiane.

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A especialista lembra ainda que o elogio é um grande incentivador, na medida em que aumenta a autoconfiança e a motivação dos pequenos. “É importante mostrar a eles o quanto vocês se sentem orgulhosos quando ele se comporta corretamente, quando tira boas notas e quando é educado e gentil com as pessoas”, diz ela. É fundamental que a criança entenda que toda ação gera uma consequência, portanto, bons comportamentos vão gerar elogios e recompensas – materiais ou não.

E como não é novidade para ninguém, ser pai e mãe não é mesmo uma tarefa fácil. Além dos costumes dentro de casa, muitas vezes temos que lidar com os exemplos que vêm dos amiguinhos. Saber que um colega da escola ganhou tal coisa por passar de ano, por exemplo, pode, sim, fazer com que a criança “cobre” dos pais uma recompensa semelhante. Mais uma vez, cabe o bom senso e a firmeza de explicar como as coisas funcionam dentro da sua família. “Isso exige muito de nós, mas é um vínculo e um amor incondicional que valem muito a pena. Entretanto, se os pais não estiverem sabendo dosar essas recompensas, sugiro que busquem uma orientação psicológica”, finaliza Cristiane.

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