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“O dia em que o meu filho disse que não era capaz”

O seu pequeno já enfrentou problemas na escolinha? Confira o relato de uma mãe que percebeu os sinais do filhote e saiba o que ela fez para ajudá-lo.

Por Luísa Massa
Atualizado em 28 out 2016, 02h51 - Publicado em 25 jan 2016, 07h00

Mariana Lindoso é mãe do Davi, de 5 anos, e do Caio, de 4 meses, pedagoga e idealizadora do canal do Youtube Turma da Tia Mari. Aqui, ela fala sobre as dificuldades que seu filho mais velho encontrou no ambiente escolar.

“Foi bem difícil ouvir do meu filho que ele não conseguia fazer nada. Naquela manhã fazendo a tarefa de casa com ele, o meu coração se despedaçou. Ainda me emociono ao lembrar da cena: ele chorando e contando como se sentia inferior na escola.

Eu sou professora e, quando exercia a profissão, me dedicava e buscava ao máximo ajudar os meus alunos de acordo com as suas dificuldades e sempre obtive sucesso. Só que com o meu próprio filho é diferente, pois a emoção fala mais alto e sei que não posso interferir totalmente no trabalho que é feito no colégio.

Davi é o mais novo da turma, mas mesmo assim, eu não acredito que esse tenha sido o motivo pelo qual ele teve problemas no ano passado. Talvez, o que mais pesou foi a mudança de escola: ele estudava em uma com o método construtivista e depois foi para outra, que se diz construtivista, mas na verdade é bem tradicional – tradicional no sentido de dizer para a mãe que o filho não está lendo no infantil V (pré-alfabetização) e cobrar dela uma solução.

Eu comecei a perceber que o Davi estava tendo problemas quando ele deu alguns sinais: começou a ficar nervoso, não queria mais ir para a escola, negava ficar o período integral, recusava ir às aulas de natação e, principalmente, falava coisas que ele não ouvia em casa. Do nada, o meu filho começou a dizer: “mãe, eu não consigo!”, “eu sou burro!”, “os meus amigos conseguem e eu não”. Ao falar isso, o pequeno mostrava expressões de tensão e tristeza porque percebia que ele estava sendo tratado diferente dos outros coleguinhas.

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Até que um dia ele relatou que ficou sem brincar no parque porque não havia conseguido realizar a tarefa. Eu me lembro bem de suas palavras cheias de emoção e choro. Engoli tudo o que ele colocou para fora, pois sabia que precisávamos ajudá-lo. Depois de ficar triste, coloquei a cabeça no lugar, pensei, analisei os fatos e decidi marcar uma conversa com a supervisora. No encontro, tive outra surpresa: percebi que ela mesma não acompanhava a rotina do meu filho. Eu não podia acreditar nisso! Fiquei muito chateada e comecei a falar tudo o que eu pensava, pois eles precisavam enxergar o que estava acontecendo: a conduta da escola era responsável por atrapalhar a autoestima de uma criança muito doce e feliz.

Deixei bem claro que eu não estava preocupada com o fato do Davi não saber ler – já que esse não é o objetivo da turma – e que eu sabia que ele conseguiria alcançar essa finalidade, mas que, acima de tudo, entendia que cada criança tem o seu tempo e respeitava o dele. Eu expus a minha maior preocupação: a insegurança e a autoestima do meu pequeno, que estavam sendo frequentemente abaladas. Ele só tem cinco anos e precisa se sentir confiante no ambiente que está para se desenvolver. A escola só sabia falar em números, pensava no geral e não no individual.  

Como mãe, fiz o que eu pude para ajudá-lo. Todos os dias, eu e o seu pai olhávamos para ele e reforçávamos o quanto ele era especial, querido, lindo, inteligente e que podia alcançar tudo o que almejasse. Também procurei uma boa psicopedagoga na minha cidade e contei tudo para ela. O Davi voltou para a fonoaudióloga para corrigir uma pequena troca na fala. Eu senti que esse foi o empurrão que ele precisava. O ano letivo terminou e ele alcançou a penúltima fase antes de aprender o processo de leitura.

Agora, ele se sente seguro para realizar as atividades e encarar os desafios. Eu precisei enxergar as suas necessidades e angústias para ajudá-lo a enfrentar tudo e sair fortalecido dessa história. Como pedagoga e mãe, dou uma dica para as outras mamães: estejam sempre perto dos seus filhos, sejam presentes na escola, conversem com eles diariamente, demonstrem interesse nos diversos assuntos. Dessa forma, eles se sentirão confiantes e conseguirão ver que nós estamos aqui para auxiliá-los sempre que for necessário. Eu aprendi que saber identificar os sinais que o meu filho demonstra diariamente é muito importante para poder agir ao seu favor. Cada criança tem o seu tempo e pressioná-la atrapalha muito. Infelizmente, muitas escolas brasileiras enxergam os alunos somente como números, mas cabe a nós desfazer essa situação. Porque enquanto formos mães presentes, teremos filhos seguros!

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