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Menos fios, mais carinho: novos sensores para UTI neonatal vêm aí

Pesquisadores dos Estados Unidos desenvolvem tecnologia que promete diminuir o isolamento dos recém-nascidos que precisam ficar internados

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 11 mar 2019, 15h33 - Publicado em 8 mar 2019, 15h38

Um sensor para monitorar bebês internados na UTI neonatal sem fio, discreto e que permite aos pais ter mais contato físico com os filhos. A invenção foi apresentada nesta semana pela Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, depois da realização de estudos clínicos que comprovam sua eficácia.

(Universidade Northwestern/Divulgação)

Praticamente todos os prematuros precisam passar pela UTI neonatal pelo menos por alguns dias para cuidados iniciais logo após o parto. O ambiente salva vidas, mas não é o mais acolhedor do mundo, pois exige alguns cuidados que impedem que o bebê fique em contato direto com os pais.

Normalmente, são cinco ou seis fios com eletrodos conectados à pele do bebê para monitorar respiração, pressão sanguínea, oxigênio, batimentos cardíacos e outros indicadores de saúde. Embora eles sejam imprescindíveis, acabam restringindo os movimentos do pequeno e impõem uma barreira física entre ele e os pais. Amamentar e ninar ficam mais difíceis, e andar com o filho no colo é inviável.

Monitores são praticamente imperceptíveis (Universidade Northwestern/Divulgação)

A importância do contato pele a pele

O toque é parte do desenvolvimento do bebê, e é importante especialmente para prematuros e recém-nascidos doentes. “Já foi demonstrado que ele diminui o risco de complicações pulmonares, problemas renais e infecções”, explica Amy Paller, pediatra dermatologista e uma das autoras do projeto.

Com o novo monitor, será possível inclusive analisar melhor como o organismo dos bebês reagem ao contato pele a pele. Assim, a expectativa é de que novos estudos sobre as vantagens do toque apareçam, ainda mais aprofundados. Uma coisa é certa: o fardo psicológico da UTI neonatal para pais, profissionais de saúde e bebês pode diminuir com a queda da barreira física.

Um estudo recente mostrou que a proximidade reduz a exposição ao estresse e pode fortalecer a formação de vínculos entre pais e bebês.

A pele também agradece

A fita usada para grudar os sensores pode causar irritação e aumentar o risco de infecções cutâneas nos prematuros, que ainda não atingiram o estágio final de desenvolvimento do corpo e que chegam a ter a pele 40% mais fina do que o recém-nascido à termo.

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Nos estudos conduzidos com o novo sensor, 70 bebês usaram o dispositivos e não apresentaram sinais de lesão na pele. Isso ocorre porque ele é mais leve, fino e feito com material suave, um silicone elástico que carrega minúsculos componentes eletrônicos conectados com fios que se movem junto com o corpo.

Outras vantagens

A ausências de fios é uma das vantagens da novidade, que permite ainda a medida da pressão arterial — que até agora é feita com métodos que lesionam a pele do bebê — e a medição dos sinais vitais nas duas extremidades do corpo.

Os pesquisadores estimam que os sensores chegarão aos hospitais norte-americanos nos próximos dois ou três anos. Cada unidade custa menos de 10 dólares e pode ser esterilizado e lavado. O time da universidade pretende enviar a tecnologia a países em desenvolvimento em parceria com organizações não governamentais.

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