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Dia dos Pais: “A carta para meus filhos é sobre amar sem julgamentos”

Um relato especial sobre paternidade escrito por Rodrigo Medina, que emocionou muita gente ao adotar o filho da ex-esposa, que faleceu

Por Da Redação
14 ago 2022, 09h00
montagem de fotos de Rodrigo Medina com o filho, Bruno
 (Fotos/Arquivo Pessoal)
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Falar sobre o conceito de família nos dias atuais e não pensar em suas mais variadas configurações é praticamente impossível. Independentemente de como cada núcleo é composto, todos são especiais e têm em comum um vínculo sublime: o amor. Neste Dia dos Pais, convidamos um dos protagonistas de uma história que comoveu a internet tempos atrás para refletir justamente sobre… a família.

Em maio deste ano, Rodrigo Medina, de 45 anos, publicou um vídeo em suas redes sociais mostrando a reação do filho, Bruno, de 11, ao ver sua certidão de adoção recém-emitida. A mãe do garoto é a ex-esposa do corretor de planos de saúde e executivo de vendas, que engravidou em um outro relacionamento, após a separação. O pai biológico decidiu não assumir a criança e, tempos depois, em 2013, a mulher faleceu em função de um câncer. A partir daí, iniciou-se o processo de adoção.

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A seguir, você lê uma carta de Rodrigo para seus filhos – além de Bruno, ele é pai de Luana. Que suas palavras possam inspirar muitas famílias neste dia de celebração e em todos os outros! <3

“Quando inicio alguma escrita em relação aos meus filhos, sempre me vem à cabeça aquele jovem de 19 anos sendo pai tão novo. Nunca me imaginei pai tão cedo, mas foi uma das coisas a que mais me dediquei. Eu me vi homem, maduro e totalmente pronto para mais um ‘obstáculo’ na vida.

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Sempre fui pai presente. Eu gostava de participar de tudo: banho, roupa, arrumar cabelo, organizar mochila, lanche, ir na escola, ir na feira de Ciências, ir nas comemorações, feira do livro. Participava de gincanas, festas juninas, de tudo. Tenho o maior orgulho de ver meus filhos sempre de forma lúdica e cognitiva descobrindo o mundo. Acredito nesse percurso paterno, diferente do que tive.

Minha criação aconteceu no final da década de 70, início da década de 80. Lembro que nunca recebi abraços do pai, sempre da mãe. Ele não tinha esse contato afetivo, talvez porque também nunca teve de seu pai. Não sabe dar amor aquele que nunca recebeu. Então, tivemos uma infância e uma juventude com a mãe mais presente nas tarefas e na vida como um todo.

Me descobri sendo um pai amoroso, carinho, gentil, ouvinte. Minha filha cresceu e lembro de várias situações, como sua primeira menstruação. Estávamos somente nós dois em casa. A mãe dela tinha saído e organizei tudo para ela se sentir bem naquele mundo novo.

Aos 30 anos, me separei e, tempos depois, minha ex-esposa teve um filho de um novo relacionamento. Morava em outro estado e soube, desde o princípio, que a mesma gostaria que tivéssemos esse filho juntos, mas não aconteceu por escolha. Não me imaginaria tendo filho novamente. Por ironia do destino, o genitor nunca quis se aproximar dos dois, foi somente uma relação rápida.

Retornei à minha cidade de origem e acompanhei o Bruno (meu filho) desde os primeiros dias de nascimento, sempre sendo o pai da irmã dele. Amei aquele menino desde o primeiro contato. Fiz as honras de pai, mas jamais imaginaria o que iria acontecer dali para frente.

O Bruno tinha 8 meses quando a mãe dele (minha ex-esposa) descobriu, após vários exames, que estava com um tumor maligno. Depois de muitos tratamentos sem sucesso, ela veio a falecer, em 2013. Fizemos reuniões com as famílias e, e conforme pedido dela, Bruno ficou comigo desde então.

Comecei a me dedicar totalmente a ele e entrei com o processo de adoção. Entre tantas entrevistas e acompanhamentos psicológicos e com assistentes sociais, em 20 de maio de 2022, tivemos o reconhecimento com a certidão da adoção em meu nome.

A carta para meus filhos é sobre amar sem julgamentos, é sobre ser pai e acreditar que somente com amor e carinho construímos bons cidadãos, é acreditar que um sorriso cura, é saber que tua presença vale mais que brigadeiro, é acreditar que paternidade é tão importante que muitos adultos fazem terapia interna por gatilhos paternos.

Então, se eu pudesse deixar algum legado, é pela leveza de ser pai. Descontruir muita coisa e sentar na praça, na grama, olhar e dizer que somente o amor nos constrói e faz com que tenhamos reciprocidade eterna de amor. Eu os amo, e minha vida não faria sentido sem eles.”

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