Se você ainda se emociona quando lembra da primeira vez em que seu bebê falou “mamã” e “papá”, prepare-se agora para se divertir muito com as tentativas do pequeno de construir frases curtas para expressar suas vontades.
A partir dessa idade, a criança se sente desafiada a se fazer entender pela fala e se esforça para aumentar o repertório de palavras a cada dia. “Progressos na comunicação indicam capacidade intelectual e de aprendizagem”, diz a fonoaudióloga Katya Rodrigues, especialista em desenvolvimento infantil, da Estimulando, em São Paulo. No início, é provável que seu pequeno nem sempre pronuncie corretamente as palavras. Não fique preocupada. “O simples empenho em usar a fala para se comunicar já mostra o avanço previsto para a fase”, completa a fonoaudióloga Flavia Zangelmi, do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo.
O jeito certo
Com o interesse do bebê mais aguçado do que nunca por palavras, expressões e sons diferentes, é hora de proporcionar jogos e brincadeiras que permitam ao pequeno tagarela ampliar o vocabulário e melhorar a pronúncia e a dicção. Flavia e Katya ensinam como.
- Use todas as oportunidades para conversar com o bebê. Ao falar com ele, olhe-o nos olhos e articule bem os sons das palavras. Também estimule o diálogo provocando a criança a fornecer respostas simples às perguntas. Só não espere retorno imediato: dê o tempo necessário para que elabore as ideias antes de falar.
- Resista à tentação de adivinhar os desejos do pequeno. É verdade que a comunicação entre mãe e filho se dá de maneira quase instintiva e que, só pelo olhar, você reconhece quase todas as necessidades dele. Ainda assim, estimule-o a nomear o que quer antes de satisfazer essas vontades.
- Cante músicas que pontuem as atividades do dia a dia, como a hora do banho e o momento de comer e de dormir, dando preferência às cantigas simples, com letras curtas e repetitivas.
- Sempre que possível, associe gestos ao que diz, como sacudir o dedo indicador quando fala “não” ou mostrar as mãos vazias ao anunciar que algo “acabou”.
- Nos passeios, aproveite para ensinar palavras novas. Em um parque, por exemplo, aponte e nomeie os elementos da paisagem – árvores, pássaros, lago etc.
- Ao contar histórias, crie vozes diferentes para os personagens, alternando tons graves e agudos, sons mais altos e mais baixos.
- Deixe a criança explorar instrumentos musicais, como pianinhos, chocalhos e tambores. Enquanto ela toca, você pode marcar o ritmo com palmas.
- Brinque de falar ao telefone e fazer teatrinho de fantoches. Nas encenações, incentive a imitação de sons, como o latido do cachorro ou uma batida na porta.
Erros comuns
Ao mesmo tempo que algumas atitudes da família estimulam a linguagem, outras atrasam os avanços da criança. Embora a aquisição da fala seja um processo que se estende até o terceiro ano de vida, desde agora convém evitar atitudes como imitar o jeito infantilizado do bebê ao se comunicar com ele. Tudo bem que ele peça o “tetê” quando quer a mamadeira, mas você deve responder com “aqui está o seu leite”, com todas as letras no lugar certo. “Os pais não podem incentivar o filho a falar errado, ainda que achem bonitinho o jeito como ele pronuncia determinada palavra”, ensina Flavia.
O uso de diminutivos nas conversas com a criança é outra estratégia condenada pelos especialistas. A explicação é que todas as palavras ficam muito parecidas quando acrescidas de “inho” ou “inha” no final, dificultando a memorização e a consequente ampliação do vocabulário. No outro extremo, é igualmente errado repreender o bebê por falhas que ele venha cometer. Lembre que o pequeno ainda não domina todos os fonemas da língua e tende a omitir sons, em especial de consoantes, o que é perfeitamente aceitável nesse período de aprendizado.
O bebê pode chamar o cachorro de “au-au” e o machucado de “dodói”. Já os pais, como modelos, precisam reforçar o uso da palavra correta.
Coisas que ele sabe
1. Entender o significado de expressões, como “sim”, “não” e “vem cá”, agindo de acordo com elas.
2. Apontar figuras ou objetos nomeados pelos pais e fazer pequenas intervenções a respeito de uma história curta que esteja escutando.
3. Reconhecer o próprio nome e apelido, respondendo quando é chamado.
4. Utilizar as palavras que conhece de maneira inteligível e quase sempre no contexto adequado.
5. Nomear partes do próprio corpo e dos outros.
6. Imitar os sons de alguns animais e barulhos como os de chuva e de trovão.
7. Repetir palavras que sejam bastante usadas pelos pais.
8. Solicitar o brinquedo favorito ou uma historinha de que goste bastante.
Aos 18 meses a criança está apta a se comunicar formando frases curtas, de duas ou três palavras.