Continua após publicidade

Como organizar o primeiro passeio do casal sem o bebê

Escapar para um encontro a dois com o marido é saudável para a relação. Aproveite e tente não se preocupar tanto com o pequeno.

Por Manuela Macagnan (colaboradora)
Atualizado em 30 mar 2017, 16h57 - Publicado em 6 jun 2015, 22h24

O bebê nasceu e você passou os últimos meses só em função dele. Mas chegou a hora de retomar outros papéis, além do de mãe. E, para isso, nada melhor do que um programa a dois com o parceiro. Como organizar a primeira saída sem o bebê? Com quem deixá-lo? Qual a progamação? Conversamos com profissionais que vão deixá-la tranquila para aproveitar o passeio e o merecido descanso.

Quanto tempo esperar antes de sair sem o bebê

A dona de casa Alessandra Melo tem três filhas: Carolina, 6 anos, Mariana, 2 e Alice, 10 meses. Quando a primogênita nasceu, Alessandra nem pensou em sair de perto dela. Só quando a pequena completou 1 ano e meio, a mamãe topou ir ao cinema com o marido. A psicoterapeuta Germana Savoy, do Hospital Infantil Sabará, de São Paulo, afirma que não há um momento específico para sair sem a criança. “Os primeiros passeios devem acontecer quando os pais e o bebê estiverem confortáveis com a separação. Ou seja, quando já existirem uma rotina de amamentação e trocas e um cuidador substituto confiável. Algumas dessas questões não estão exatamente ligadas ao tempo cronológico, mas à aquisição de ritmo.” E, como você já sabe, os pequenos são diferentes e cada um tem o seu tempo. “Há crianças que adquirem rotinas regulares de mamadas e sono rapidamente, enquanto outras demoram um pouco mais”, completa Germana.

A importância de sair sem o bebê
É comum os pais alterarem sua rotina após o nascimento do filho, uma vez que existe uma nova realidade de necessidades e horários dentro de casa. Muitos casais deixam de ver os amigos e fazer programas fora de casa por causa dessa nova rotina. “É fundamental que o casal estabeleça estratégias para continuar a realizar suas atividades, afinal, o filho jamais deverá ser impedimento para os momentos de lazer”, indica a psicopedagoga Larissa Fonseca, de São Paulo.

Em função da correria do dia a dia, muitos especialistas afirmam que a qualidade é mais importante do que a quantidade de tempo que você passa com o bebê. “Os pais devem ter em mente que, se estiverem bem, felizes e descansados, o filho será um dos grandes beneficiários de tudo isso”, complementa Larissa. Sem contar que “sair sem o bebê e dedicar tempo à relação é fundamental para manter o vínculo entre o casal e estreitar a parceria familiar. Essas saídas são extremamente importantes para que os pais se sintam socialmente ativos e recarreguem as energias desprendidas no dia a dia, repleto de trabalho e responsabilidades”, finaliza.

A duração da primeira saída
“O passeio deve durar o tempo do intervalo entre os cuidados com o bebê. Se o pequeno ainda estiver sendo amamentado, por exemplo, o ideal é estar de volta no horário da mamada seguinte. Sob outro ponto de vista, o intervalo ideal é aquele em que os pais consigam realmente se desligar da preocupação”, orienta Germana Savoy, psicoterapeuta do Hospital Infantil Sabará.

Continua após a publicidade

Mudando de assunto
Imagine a cena: o casal combina de jantar para espairecer, mas, da entrada à sobremesa, só fala do filho, dos gastos com as fraldas, do que a sogra disse… O que era para ser um programa gostoso e relaxante acaba em discussão e desgaste. Por isso, a psicopedagoga Larissa Fonseca dá a dica: “Vale a pena combinar de falar sobre assuntos prazerosos, que podem passar pelas peripécias e descobertas do bebê até assuntos mais íntimos do casal”.

Claro que quem tem um bebê em casa sente vontade de falar sobre ele, afinal é a criança que ocupa boa parte do dia da mãe. Nesse caso, Larissa aconselha: “É até válido combinar que o bebê será assunto somente no início do passeio e, depois, outros temas serão abordados, como interesses do casal: viagens, desejos e curiosidades”.

Com quem deixar o bebê
“Para que os pais saiam tranquilamente, devem deixar o bebê sob a responsabilidade de alguém de muita confiança. Além disso, a pessoa escolhida deve ter certa experiência no cuidado com crianças”, indica a psicopedagoga Larissa Fonseca. Caso você não tenha parentes por perto, vale consultar amigos e vizinhos sobre a disponibilidade para ficar com o bebê ou pedir indicações de babás esporádicas. Consultar uma agência de babás também é uma boa opção. “Outra dica é procurar alguém antecipadamente para cobrir essas saídas. Assim, você já pode promover encontros dessa babá com a criança sob sua supervisão para que ambos criem vínculo e você adquira confiança. Assim, quando precisarem sair e deixá-los sozinhos, todos ficarão mais tranquilos”, completa Larissa.

Continua após a publicidade

Nada de ligar a cada cinco minutos
“Pense o seguinte: você deixou o bebê com alguém de confiança, passou todas as indicações de horários e rotina, forneceu os telefones de contato dos pais, de alguém próximo à família, de um amigo, do pediatra, de um táxi e do hospital, para casos de emergência. Agora é hora de relaxar e curtir o passeio! Afinal, se for para interromper o programa a cada cinco minutos para telefonar e não se desconcentrar do bebê, de nada vale essa saída. Além disso, se houver necessidade, a cuidadora entrará em contato ou tomará as providências necessárias para sanar o problema”, esclarece Larissa.

Para ficar tranquila

A separação deve ser feita devagar. Deixe o bebê um pouco com a avó ou a babá, vá à locadora sozinha, ao supermercado… “Uma separação progressiva é ideal para aumentar as chances de os pais lidarem bem com o afastamento”, explica Germana Savoy, psicoterapeuta do Hospital Infantil Sabará, de São Paulo. O mais importante é manter a calma. Lembre-se de que o bebê vai estar com alguém de sua confiança e tudo ficará bem. “Pais ansiosos podem desencadear comportamentos ansiosos no bebê e no cuidador. Por isso, a dica é experimentar pequenas saídas, confortáveis e seguras e expandir gradativamente. É interessante também estabelecer critérios, objetivos de observação, durante a ausência. Pergunte se ele chorou, se ficou calmo, se acordou”, ensina Germana.

Como agir na hora de sair
A psicoterapeuta Germana Savoy acrescenta: “Ao se afastar do bebê, explique – mesmo que ele pareça pequeno demais para entender – que está deixando-o com alguém que vai cuidar muito bem dele, que volta logo, que o ama etc”. Depois dos 6 meses, o bebê percebe que é um ser autônomo e as separações são mais dolorosas. Por volta do oitavo mês, ele entende que sua mãe é diferente de outras pessoas, que ela é única, e que ele a prefere acima de todas as outras pessoas. “Essa descoberta suscita uma angústia real (angústia de separação). O bebê ainda não tem capacidade de entender que o que desaparece voltará. Essa percepção se adquire com a experiência”, explica Germana. Justamente por isso, a ausência da mãe é percebida, inicialmente, como algo definitivo – até que as idas e voltas permitam que ele compreenda o processo.

É aqui que entra o objeto de transição, que pode ser um paninho, um urso ou alguma coisa de que a criança goste muito. “Esse objeto permite que o bebê aguente a separação por um tempo. Cada criança elabora essa fase em um ritmo e um processo próprios”, finaliza Germana.

Publicidade