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“Como é ser mãe de sete filhos”

Conheça a história de Julyana Mendes e saiba quais são as alegrias e os desafios que ela enfrenta com a maternidade.

Por Luísa Massa
Atualizado em 28 out 2016, 09h49 - Publicado em 27 jun 2016, 07h40

Julyana Mendes, é mãe do Pedro, de 21 anos, do Luís Felipe, de 13 anos, do João Eduardo, de 9 anos, da Maria Eduarda, da Maria Carolina e da Maria Fernanda, de 7 anos, e da Maria Beatriz, de 1 ano, engenheira e idealizadora do Instagram Mãe de Sete. Aqui, ela conta a sua trajetória e fala sobre a experiência de criar sete filhos.

“Engravidei do meu primeiro filho quando tinha 17 anos. Na época, eu fazia faculdade em Salvador e morava lá. Apesar do susto, nunca rejeitei meu bebê porque sempre tive o sonho de ser mãe. Meu relacionamento com o pai do Pedro não deu certo e resolvi voltar para Brasília  minha cidade natal  assim que me formei.

Quando o Pedro tinha 7 anos, me casei e tive o Luís Felipe. Eu estava feliz, mas sonhava em ter uma menininha na minha vida. Engravidei e no começo da gestação achei que estava com sorte, pois o médico disse que eu estava esperando uma garotinha. Viajei, comprei vestidos e fiquei planejando tudo, mas após quatro semanas, retornei à consulta e fui informada de que estava grávida de um menino, o João Eduardo.

Lembro que no mesmo dia eu conversei com alguns amigos que conheciam um especialista em reprodução que fazia sexagem – quando a mãe escolhe o sexo do embrião. Eu não sabia que essa técnica era proibida, então, procurei o médico para tentar realizar o meu desejo. A primeira tentativa de fertilização in vitro não foi bem sucedida, mas na segunda deu certo! Apesar do médico garantir que as chances eram menores do que 1%, fiquei grávida de trigêmeas! Eu tinha feito três cesáreas anteriormente e a gestação era de alto risco. Minhas filhas nasceram prematuras com 28 semanas e ficaram 70 dias na UTI Neonatal. Foi um sufoco, mas fui forte e elas saíram bem! Naquele momento me vi com cinco crianças e um adolescente em casa. Eu trabalhava em tempo integral, mas contava com a ajuda da minha mãe, de uma tia e de babás para cuidar das crianças porque era impossível dar conta de tudo.

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Três anos após o nascimento das trigêmeas, eu me divorciei. Fiquei sozinha com seis filhos e decidi que trabalharia somente meio período, pois precisava estar com eles nessa fase difícil para todos. Com o tempo, percebi que as crianças sentiam a minha falta. Para mim, o fato de elas estarem sempre com a minha mãe – serem amadas e bem cuidadas  era suficiente, mas comecei a notar que os meus filhos estavam um pouco confusos quando voltei. Ouvia coisas do tipo: “minha avó me deixa fazer isso”. Fiquei preocupada e vi que precisava me reapoderar da maternidade e conquistar de volta a minha autoridade.

Há dois anos e meio, conheci o meu atual marido. Ele se apaixonou por mim e pelas crianças, mas ainda não era pai, por isso, nós tivemos a Maria Beatriz, nossa caçula. Atualmente, sou mãe em tempo integral e ouvi de algumas pessoas: “quando você vai voltar a trabalhar?”. Já me senti mal por isso, mas hoje respondo que eu tenho o melhor emprego do mundo, afinal, trabalho mais e sou mais realizada!

Acho que o maior desafio de ser mãe de sete é o dia a dia. Por mais que eu tente, não consigo atender a todos o tempo inteiro. Às vezes fico angustiada com isso, mas me viro procurando atender aquele que está demandando de maneira mais urgente no dia – por exemplo, que está doente ou com problemas na escola. Recentemente, o mais velho me disse: “como eu exijo a sua atenção se você tem outros seis filhos menores para criar?”. Nós dois choramos, conversamos e nos abraçamos.

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Apesar da correria, eu tento ensiná-los o tempo todo. Digo que eles precisam entender o que estão sentindo, pois isso é essencial. Nomear sentimentos para os menores é uma das minhas funções. Também estou orientando-os para que tenham responsabilidades e façam as suas tarefas. O pensamento da nossa família é como o de uma equipe. De acordo com a faixa etária de cada um, eles me ajudam nas atividades domésticas – colocam a mesa do café da manhã e lavam a louça no final de semana. Assim nos organizamos melhor e sobra um tempo para brincarmos e ficarmos juntos. Não é fácil, pois é um trabalho de consistência, que exige que você acredite no que está fazendo. Eu sempre falo que criança não aprende com o que dizemos ou fazemos, mas, sim, com o que sentimos. 

A demanda emocional é muito grande, mas eu procuro conversar sempre com psicólogas, pois buscar o apoio de profissionais é muito importante. Passei a ter mais conhecimento e estou aprendendo a lidar com sete personalidades diferentes. Confesso que, muitas vezes, erro, exagero e não dou conta. Mas quando isso acontece, peço desculpas para os meus filhos, digo que eu também falho e explico o que houve. Eu sei que vale a pena cada esforço quando consigo enxergar que eles internalizaram os valores que passei!

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal ()

Ter um tempo para mim é algo sagrado porque se eu não estou bem comigo, não estou bem com eles. Normalmente, faço as minhas atividades de manhã, quando os meus filhos estão na escola e conto sempre com ajuda porque não temos que dar conta sozinhas! Minha mãe e minha sogra auxiliam demais. Já o marido faz a parte dele: esquenta mamadeira para a Beatriz, coloca as trigêmeas para dormir, entre outras coisas. Ele trabalha o dia todo, assim como eu, e entende que estamos juntos nessa linda caminhada de preparar sete pessoas para estarem aptas e serem felizes no futuro. Essa é a nossa maior missão!”. 

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