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Com 3 935 casos de microcefalia em investigação, Brasil dá início a novo estudo em parceria com os EUA

Governo da Paraíba e Centro de Controle e Prevenção de Doenças Transmissíveis (CDC) começam pesquisa sobre a microcefalia associada ao vírus zika.

Por Carla Leonardi (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 18h21 - Publicado em 17 fev 2016, 16h04

De acordo com o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde (MS) nesta quarta-feira, 17, estão sendo investigados 3 935 casos suspeitos de microcefalia em todo o país. Desde o início das pesquisas, em 22 de outubro de 2015, até 13 de fevereiro de 2016, o número de registros chega a 5 280. Desse total, 60,1% (3 174) foram notificados em 2015 e 39,9% (2 106) neste ano. Vale lembrar que os únicos estados ainda sem casos registrados são Amapá e Amazonas.

O boletim também aponta que já foram confirmados 508 casos da malformação cereberal e/ou outras alterações do sistema nervoso central, sugestivos de infecção congênita. Eles estão distribuídos em 203 municípios de 13 unidades da federação: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Outras 837 suspeitas já foram descartadas por terem exames normais ou apresentarem microcefalias ou lesões neurológicas por causas não infecciosas.

Em relação aos óbitos, o ministério informa que até agora foram notificados 108 mortes por microcefalia e/ou alteração do sistema nervoso central durante a gestação (abortamento) ou após o parto (natimorto); destes, 27 foram confirmados, 11 descartados e 70 ainda continuam em investigação.

Devido à gravidade da situação, a orientação do MS às gestantes continua sendo a proteção contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus zika, com o uso de repelentes, roupas como calças e camisas com mangas compridas, além de medidas como usar telas de proteção nas janelas de casa.

Notificações obrigatórias

Nesta quinta-feira, 18, o MS também informou que, a partir de agora, a notificação de todos os casos suspeitos de zika será obrigatória para todos os estados do país. A medida foi publicada no Diário Oficial da União e estabelece que um comunicado seja enviado às autoridades de saúde semanalmente. Nos casos de gestantes com suspeita de infecção pelo vírus (ou de óbito suspeito), a notificação será imediata, ou seja, deverá ser realizada em até 24 horas.

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“A notificação do vírus zika passa a ser obrigatória no Brasil porque agora temos testes que nos permitem dar com segurança o diagnóstico do vírus. Ou seja, hoje, caso haja alguma dúvida por parte do médico, ele pode requerer o exame para constatar se o paciente está de fato com Zika”, destacou o ministro da Saúde, durante Reunião Bilateral Brasil-EUA, que aconteceu nesta quinta-feira, em Brasília.

Cooperação internacional

Com a meta de avaliar os riscos da infecção causada pelo zika e as associações com outras doenças, foi anunciado nesta terça-feira, 16, o início de uma pesquisa na Paraíba que pretende analisar 800 mães e bebês. A iniciativa parte de uma parceria entre o Ministério da Saúde, o governo da Paraíba e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças Transmissíveis (CDC) dos Estados Unidos, com o objetivo de estimar a proporção de recém-nascidos com microcefalia associada ao zika.

Serão feitas reuniões com autoridades locais, estudos de campo com entrevistas e coleta de amostras de sangue para exames complementares de zika e outras enfermidades, como citomegalovírus e toxoplasmose. “O Brasil tem atuado em parceria com outros países, estando à disposição da OMS desde o início, priorizando a investigação e o investimento em novas tecnologias que colaborem na busca de soluções e melhoria da assistência”, declarou o ministro da Saúde, Marcelo Castro.

A parceria foi anunciada durante uma reunião entre 24 embaixadores dos estados membros da União Europeia, em Brasília. Na ocasião, João Cravinho, embaixador da UE, informou a abertura de uma linha de crédito para pesquisa no valor de 10 milhões de euros. “A ciência hoje em dia não tem fronteiras. A intenção é criar alianças entre instituições brasileiras e instituições de outras partes do mundo. A expectativa é que o edital possibilite a criação de consórcios internacionais, juntando as melhores instituições especializadas nessas áreas”, ressaltou Cravinho. O trabalho deverá ser concluído em abril deste ano.

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