A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que um parto de baixo risco é aquele feito entre 37 e 42 semanas de gestação. É que, nesse período, a probabilidade de mãe e filho sofrerem algum problema na hora do nascimento é bem menor. Mas não há garantia de que esse intervalo seja seguro para todas as crianças – cada um se desenvolve de um jeito e, muitas vezes, um bebê está prontinho com 39 semanas enquanto outro precisa de mais duas, por exemplo.
A questão é que, nos últimos tempos, a cultura de marcar o parto (sem esperar que o pequeno dê os sinais de que está na hora de deixar a barriga da mãe) tem se disseminado cada vez mais. No Brasil, essa é uma prática bastante frequente, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) – realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) -, divulgada no dia 21 de agosto de 2015. O levantamento aponta que 53,5% das cesarianas realizadas no país entre agosto de 2013 e fevereiro de 2014 foram agendadas ainda no pré-natal. Isso demonstra que a cirurgia não é feita apenas em casos que exigem esse tipo de procedimento.
Na rede pública, a cesárea representou 35,79% dos agendamentos; no sistema privado, a cirurgia foi feita em 74,16% dos nascimentos. “As cesarianas agendadas, feitas sem a indicação técnica adequada, sem que a mulher sequer entre em trabalho de parto, aumentam a probabilidade de surgimento de problemas respiratórios para o recém-nascido, em 25% os óbitos infantis neonatais e triplicam o risco de morte materna”, alerta o ministro da Saúde, Arthur Chioro. A recomendação do ministério, segundo Chioro, é que o parto seja decidido de forma conjunta entre a mulher e o profissional de saúde.
A PNS foi realizada em 64 mil domicílios de 1 600 cidades brasileiras. Analisando a escolaridade e o tipo de parto, os pesquisadores notaram que 56,1% daquelas que fizeram cesárea têm ensino fundamental completo e 38,3% são sem instrução e/ou não completaram o fundamental. Entre as que tiveram parto natural, o cenário é outro: 65,3% não têm instrução e/ou não terminaram o fundamental enquanto 39,3% concluíram essa fase escolar.
Pré-natal
Segundo o levantamento do ministério da Saúde, 97,4% das mulheres que tiveram o último filho entre julho de 2011 e julho de 2013 fizeram o pré-natal. Dessas, 83,7% iniciaram o acompanhamento com menos de 13 semanas de gestação e 87,8% passaram por seis ou mais consultas. Além disso, 69,2% das participantes declararam ter recebido informações sobre sinais de risco na gravidez; 84,4% foram orientadas sobre aleitamento materno; 74,9% foram informadas sobre o serviço de saúde a que deveriam ir no momento do parto e 97,9% tiveram o último filho em hospital ou maternidade.