Quando o atraso no desenvolvimento pode indicar um problema neurológico?
Saiba identificar marcos do desenvolvimento importantes para o bebê e descubra quando é necessário buscar ajuda especializada

O desenvolvimento infantil segue um ritmo que pode variar bastante dependendo de cada criança. Ainda assim, existem fases em que certos marcos costumam aparecer. Quando os pais percebem que algo pode não estar acompanhando esse ritmo, como atrasos nos movimentos ou nas interações sociais, é importante ficar atento. Identificar esses sinais desde cedo pode fazer toda a diferença para oferecer o suporte adequado no momento certo.
Observando os ritmos de cada criança
Especialistas explicam que existem estimativas aproximadas para quando cada habilidade deve surgir no desenvolvimento infantil. Por isso, é importante que pais e cuidadores fiquem atentos caso a criança ultrapasse esses períodos esperados, o que pode ser um sinal de que vale a pena buscar orientação médica. Eles também alertam que algumas condições podem estar presentes desde o nascimento e influenciar diretamente o progresso neurológico da criança.
Um olhar mais atento: a condição da cranioestenose
Entre as condições que podem afetar o desenvolvimento neurológico logo nos primeiros meses de vida está a cranioestenose, um problema causado pelo fechamento precoce das suturas do crânio do bebê, que são as áreas flexíveis entre os ossos da cabeça. Esse fechamento impede o crescimento adequado do cérebro. Por isso, o diagnóstico precoce é essencial: quando a cirurgia é feita antes dos seis meses, as chances de um desenvolvimento saudável e sem impactos futuros aumentam bastante.
Os marcos do desenvolvimento: o que esperar em cada idade?
Um documento informativo, traduzido pela Sociedade Brasileira de Pediatria a partir de um artigo do Centers of Disease Control and Prevention sobre os principais marcos do desenvolvimento infantil, indica que um recém-nascido, ao atingir dois meses de existência, já demonstra certas competências. Espera-se que ele seja capaz de sustentar a parte superior da cabeça quando posicionado de barriga para baixo. Adicionalmente, o pequeno tende a reagir a ruídos de volume elevado e a mover simultaneamente seus quatro membros, os braços e as pernas.
Quando o bebê alcança nove meses de idade, o nível de interação social tende a se aprimorar significativamente. Nessa fase, é fundamental que ele reconheça e responda ao ser chamado pelo seu nome. Além disso, o pequeno deve levantar os braços como um gesto de antecipação quando uma pessoa adulta se prepara para pegá-lo no colo, indicando uma comunicação não-verbal mais desenvolvida.
No período que compreende um ano e meio até os dois anos completos, a criança já demonstra a capacidade de verbalizar termos elementares, como por exemplo, a palavra “mamãe”. A interação com outros indivíduos da mesma faixa etária também se torna uma característica marcante nesse estágio de crescimento.
Após cruzar a marca dos três anos de idade, a capacidade de comunicação da criança evolui, permitindo expressar frases que são compreensíveis não apenas para a figura materna, mas também para outros adultos ao seu redor. Adicionalmente, nessa etapa, a criança já possui destreza para criar desenhos simples quando estimulada a fazê-lo.
Compreendendo as origens das condições neurológicas
Essas condições de saúde de origem neurológica podem ter sua gênese em fatores hereditários, transmitidos geneticamente, ou estar vinculadas a desafios que surgem durante o processo de nascimento. Dentre as causas mais frequentemente identificadas, destaca-se a prematuridade, ou seja, o nascimento antes do período gestacional completo, como o motivo mais comum. De forma geral, esses problemas tendem a afetar diretamente estruturas vitais como o cérebro, a medula espinhal e todo o sistema nervoso do organismo.
O caminho para um diagnóstico preciso
A abordagem diagnóstica, portanto, exige uma grande dose de cautela e meticulosidade. É imprescindível que se considere o histórico de saúde do pequeno, desde a concepção, passando pelo período da gestação, até o pós-parto. Profissionais de saúde notaram detalhes importantes, como a idade em que a criança disse as suas primeiras palavras, o momento em que deu seus primeiros passos ou, ainda, se essas etapas fundamentais de desenvolvimento ainda não foram alcançadas.
Para crianças que já estão inseridas no ambiente escolar, o comportamento que elas demonstram nesse contexto pedagógico também é levado em consideração como um elemento relevante para a avaliação. Dependendo do quadro clínico apresentado, exames específicos adicionais podem ser solicitados para aprofundar a investigação da situação. O mais importante é estar atento e buscar orientação profissional sempre que houver qualquer dúvida sobre a evolução dos nossos pequenos tesouros.