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Entenda por que crianças não devem usar sapatos com saltos

As consequências são negativas tanto no aspecto físico quanto no psicológico.

Por Raquel Drehmer
25 jul 2018, 21h49

Crianças aprendem muito pelo exemplo. Se uma mãe usa sapatos com saltos altos, é natural que de vez em quando sua filha ou seu filho queira brincar de andar com eles pela casa. Também não é de se estranhar que, em algum momento, a criança peça para ela própria ter seus sapatinhos com saltos.

E aí é hora de dizer não. Crianças não devem usar sapatos com saltos, sejam eles baixinhos ou altos. “O solado dos sapatos e dos tênis de uma criança deve ter no máximo 1,5 cm e ser plano, inteiro por igual, sem elevação traseira, para proporcionar a firmeza necessária”, afirma o ortopedista André Evaristo, que atende na AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) e nos hospitais Sírio-Libanês e Villa-Lobos, em São Paulo.

Ele explica que é consenso na ortopedia infantil que o uso de saltos por crianças não é recomendado e dá os motivos: “A criança está em pleno desenvolvimento muscular e ósseo. Nesta fase, os saltos fazem com que as estruturas ósseas se moldem de forma inadequada e podem causar lordose, além de outras deformidades na coluna e nos pés. Também podem afetar a postura, o equilíbrio e a própria mobilidade dos pés, o jeito de andar.”

Solados de sapatos ideais para crianças
O solado dos sapatos e dos tênis de uma criança deve ter no máximo 1,5 cm e ser plano, para proporcionar a firmeza necessária (FamVeld/Thinkstock/Getty Images)

A pediatra Denise Lellis, especialista pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), acrescenta que os saltos comprometem o desenvolvimento motor geral da criança e podem causar dores intensas nos calcanhares e nas panturrilhas que se prolongarão por anos. “A gente está falando da definição de um futuro adulto. A prevenção de problemas é primordial na infância”, diz.

Sapatos infantis com saltos e o fator adultização

Denise também destaca que “o uso de sapatos de saltos por crianças significa uma adultização que vai contra a tendência mundial de deixar a criança ser criança”.

A adultização, inclusive, pode estar ligada à puberdade precoce, como ela revela: “Já existem estudos que ligam os fatores psicológico e físico; a criança ser tratada e vestida como mais velha e o corpo responder com uma aceleração do início da puberdade.”

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Se sua filha insistir muito para usar sapatos com saltos…

… Seja firme e mantenha o não.

Pode ser que amiguinhas dela usem e ela queira imitar, pode ser que ela tenha visto na TV ou na internet uma criança do tamanho dela usando sapatos com saltos. Não importa.

Claro que você não precisa ser uma carrasca. A pediatra Denise defende que a conversa seja franca. “Nessa hora, a mãe deve expor as razões do veto, mostrar que prejuízos os saltos dos sapatos podem trazer para a menina, as dores que eles vão causar.”

Se você achar melhor, conte com a ajuda e a cumplicidade do/a pediatra para dar essa explicação para a criança; às vezes, vindo de uma pessoa “de fora” e especializada, uma proibição é mais bem aceita.

Denise também sugere que a mãe vire o jogo a favor da filha. “Se ela estiver com a ideia de usar saltos por causa de amiguinhas, aconselhe-a a levar as informações sobre os males que podem ser causados por esses sapatos. Crie sua filha para ser uma influenciadora do bem.”

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A partir de quando um saltinho nos sapatos é liberado?

Claro que vai chegar uma hora que sua filha poderá usar sapatos com saltos, mas não será na infância. E, inicialmente, eles não serão muito altos também.

Quando a menina menstrua, um primeiro saltinho é liberado. “Neste primeiro momento, estamos falando de até 4 cm de salto”, esclarece André.

O salto pode subir para até 8 cm, no máximo, em um período de dois anos e meio a três anos após a primeira menstruação, quando as estruturas ósseas já estão formadas, de acordo com o ortopedista. Saltos mais altos que isso ele não recomenda nem para adultas, por representarem um alto risco de queda.

 

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