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Incluir amendoim no cardápio desde cedo pode evitar alergias

De acordo com novas publicações, expor os bebês precocemente ao alimento ajuda a criar resistência a longo prazo. Entenda!

Por Carla Leonardi (colaboradora)
Atualizado em 9 jan 2017, 14h27 - Publicado em 7 mar 2016, 16h00

Diferentemente do que se costuma recomendar, manter o amendoim longe da dieta de bebês e crianças pequenas pode não ser a melhor forma de evitar as temidas alergias alimentares. Um estudo publicado em 2015 pelo New England Journal of Medicine e intitulado Learning Early About Peanut – LEAP (“Aprendizado Precoce sobre Amendoim”, em português) apontou que o consumo de produtos à base desse alimento ainda nos primeiros meses de vida pode reduzir em até 80% as chances de desenvolver alergias no futuro. Complementando esse trabalho, uma pesquisa publicada pela mesma revista científica na última sexta-feira, 4, demonstrou que a exposição precoce dos bebês ao amendoim pode gerar uma proteção a longo prazo.

Para esse novo estudo liderado pela King’s College London, foram observadas 550 crianças com propensão a alergias – aquelas que, quando bebês, haviam sofrido de eczema. Dessas, metade recebeu alimentos à base de amendoim, enquanto bebês e a outra metade, apenas leite materno. Os resultados observados apontaram que, se houver consumo dessa leguminosa nos primeiros 11 meses de vida, o risco de desenvolver alergia até os seis anos de idade diminui significativamente, mesmo que esses pequenos parem de comer amendoim por um ano. Vale lembrar que as crianças participantes são as mesmas da pesquisa original.

O principal autor da pesquisa, Gideon Lack, ressalta que vivemos hoje sob uma “cultura do medo dos alimentos” que é, em grande parte, responsável pelo aumento dos casos de reações alérgicas. “Eu acredito que esse medo se tornou uma profecia autorrealizável, porque a comida é excluída da dieta e, como resultado, a criança não consegue desenvolver tolerância”, afirmou o pesquisador em entrevista à BBC. Segundo ele, 20 mil bebês são diagnosticados por ano com alergia a amendoim nos Estados Unidos e no Reino Unido e, entre 1995 e 2005, o número de pessoas diagnosticadas triplicou.

Certamente, são necessários novos estudos, principalmente para observar se essa resistência desenvolvida com a exposição ao alimento pode ter uma duração maior caso a abstinência dure mais que 12 meses, mas esse já é um importante início para pensar sobre a resposta do organismo infantil a comidas alergênicas. “Em conjunto, esses são resultados tranquilizadores que abrem o caminho para deter a epidemia de alergia a amendoim”, declarou Michael Walker, consultor analista e médico conselheiro do governo britânico.

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