Gêmeos univitelinos e bivitelinos: o que os diferencia e como apoiar o desenvolvimento de cada um
Entenda as diferenças entre os tipos de gêmeos e como cuidar com segurança dessa gestação

Nem todos os gêmeos são iguais. Enquanto alguns compartilham traços idênticos, outros são apenas irmãos que nasceram no mesmo dia. Essa diferença está diretamente ligada à forma como a gestação aconteceu: se foi a partir de um único óvulo ou de dois óvulos distintos. Compreender essas variações ajuda a esclarecer dúvidas comuns sobre a gestação múltipla e também contribui para que pais e mães acompanhem o desenvolvimento das crianças com mais segurança.
Univitelinos: origem única, semelhanças genéticas
Os gêmeos univitelinos, também chamados de monozigóticos, são formados a partir da divisão de um único óvulo fertilizado. Esse processo leva à formação de dois embriões com o mesmo material genético, o que explica a aparência muito parecida e, em muitos casos, até comportamentos semelhantes.
Essa divisão pode acontecer em diferentes momentos logo após a fecundação. Quando ocorre nos primeiros dias, é comum que cada bebê tenha sua própria bolsa amniótica, mas ambos compartilhem a mesma placenta. Se essa separação for mais tardia, há risco de os bebês compartilharem estruturas corporais — é o que acontece nos raros casos de gêmeos siameses.
Bivitelinos: gêmeos com DNA diferente
Já os gêmeos bivitelinos, ou dizigóticos, são resultado da fecundação de dois óvulos por dois espermatozoides. Cada embrião segue seu desenvolvimento de forma independente, com placenta e bolsa amniótica próprias. Geneticamente, são irmãos como quaisquer outros, embora tenham o mesmo tempo de gestação e convivam desde o útero.
Isso explica por que, nesse tipo de gestação, os bebês podem ter sexos diferentes, traços distintos e até temperamentos opostos. Ainda assim, o vínculo entre eles costuma ser forte, marcado por uma convivência intensa desde os primeiros dias de vida.
O que influencia na chance de uma gestação gemelar
Diversos fatores podem aumentar as chances de uma gravidez de gêmeos, principalmente do tipo bivitelino. Um deles é o histórico familiar — especialmente pelo lado materno. A idade da mulher também pode influenciar: a partir dos 35 anos, aumenta a probabilidade de liberação de mais de um óvulo por ciclo, o que favorece a concepção de gêmeos.
Tratamentos de fertilidade, como a fertilização in vitro (FIV), também estão associados ao aumento de gestações múltiplas. Nesses casos, a introdução de mais de um embrião no útero contribui para a chance de gravidez gemelar — seja univitelina ou bivitelina.
Cuidados com a gestação de gêmeos
Uma gestação gemelar exige acompanhamento constante. Isso porque há maior risco de parto prematuro, sendo comum que os bebês nasçam antes das 37 semanas. Também aumenta a chance de complicações como hipertensão, diabetes gestacional e anemia.
Nos casos de gêmeos univitelinos, há ainda o risco da síndrome da transfusão feto-fetal, que acontece quando há uma distribuição desigual do sangue entre os bebês. Essa condição precisa ser monitorada de perto, com exames regulares e, em alguns casos, intervenções específicas para proteger a saúde dos dois.
A importância de estimular a individualidade
Um dos desafios após o nascimento é incentivar que cada gêmeo seja reconhecido como um indivíduo. É comum que, por compartilharem tantas experiências, os gêmeos sejam tratados como um par inseparável. Mas essa abordagem pode dificultar o desenvolvimento da identidade de cada um.
Pequenas atitudes do dia a dia ajudam a construir esse espaço de autonomia: permitir que escolham roupas diferentes, incentivar interesses próprios e evitar comparações são boas práticas. O importante é valorizar o que cada criança tem de único, mesmo que tenham nascido no mesmo momento.
A convivência como ponto de apoio
Apesar das diferenças genéticas, o vínculo entre gêmeos costuma ser muito forte. A convivência desde o útero, o aprendizado compartilhado e a rotina dividida contribuem para uma relação marcada por apoio mútuo. Cabe aos adultos oferecer um ambiente onde esse laço possa crescer com respeito às particularidades de cada um.
Gestar e criar gêmeos exige atenção, paciência e disposição para entender que, mesmo tão próximos, são dois caminhos distintos acontecendo ao mesmo tempo. E isso, por si só, é uma experiência rara e valiosa.