Desfralde na escola: como pais e professores podem ajudar a criança nessa fase
Dicas para lidar com esse processo do desenvolvimento infantil sem gerar problemas

O desfralde é um dos marcos importantes do desenvolvimento infantil, assim como os primeiros passos e as primeiras palavras. Ele sinaliza que a criança está conquistando mais autonomia e já apresenta certo preparo físico e emocional. Mas, como em qualquer etapa, cada criança tem seu ritmo — algumas começam por volta de 1 ano e meio, outras apenas depois dos 3 anos. Não há uma idade certa. O mais importante é respeitar esse tempo.
Esse processo, que pode levar dias ou até meses, fica mais leve quando há uma parceria entre a escola e a família. Quando todos falam a mesma língua, a criança se sente mais segura e confiante para enfrentar essa mudança.
O papel da escola no processo de desfralde
A escola pode ser uma aliada importante. Isso começa pela estrutura física, com banheiros adaptados ao tamanho das crianças, e vai até o planejamento pedagógico, que inclui momentos para trabalhar a autonomia e a linguagem, fundamentais nessa etapa.
Na rotina escolar, é importante que os professores estejam atentos aos sinais da criança e ofereçam oportunidades frequentes para que ela vá ao banheiro. Também é indicado estabelecer um horário específico para tirar a fralda, de forma gradual, como acontece em casa. Com isso, a criança começa a associar o momento ao hábito de ir ao banheiro.
Atividades que incentivam a independência no dia a dia escolar também contribuem para esse processo. Propostas simples como deixar que a criança encha sua própria garrafinha de água, retire o sapato ou ajude a organizar os brinquedos fortalecem o senso de autonomia. Mesmo com mediação de um adulto, a criança é estimulada a fazer sozinha — o que tem impacto direto em seu desenvolvimento emocional e comportamental.
Brincadeiras e histórias também ajudam. Contar histórias que tratam do tema de forma leve ou criar momentos lúdicos relacionados ao uso do banheiro pode tornar o processo mais natural. Além disso, a convivência com colegas que já deixaram a fralda também pode ser uma forma de estímulo. A criança que já vai ao banheiro pode acompanhar outra que está aprendendo, servindo como exemplo positivo.
É essencial que os pais compartilhem com a escola qualquer mudança significativa na vida da criança — como o nascimento de um irmão, mudança de casa ou separação dos pais. Esses acontecimentos afetam o emocional e podem interferir diretamente no desfralde.
Como saber se seu filho está pronto para sair das fraldas
Existem alguns sinais que indicam que a criança pode estar pronta. Um deles é a capacidade de andar com firmeza e subir escadas sem ajuda. A linguagem também é um bom termômetro: se ela já consegue comunicar que fez ou quer fazer xixi, isso mostra consciência corporal.
Outro indicativo é o incômodo com a fralda. Algumas crianças começam a avisar quando fazem xixi ou cocô, ou se escondem para isso. Há também casos em que a fralda passa a noite seca com mais frequência. Esses são sinais de que o corpo está mais preparado.
A psicóloga Taís Marson conta que seu filho, com dois anos, começou a avisar quando fazia xixi. Ao notar que as fraldas amanheciam secas, ela conversou com as professoras da creche e iniciaram juntos o processo de desfralde.
É importante lembrar que forçar esse momento pode causar resistência ou até medo. Quando a criança demonstra interesse, o processo costuma ser mais tranquilo. E mesmo quando tudo parece caminhar bem, os escapes vão acontecer. Eles são parte natural da transição e não devem ser motivo de punição nem de constrangimento.
Se acontecerem acidentes, acolha. Mostre que está tudo bem e que ela pode tentar de novo. Quando houver acertos, comemore — valorize o esforço e a evolução, sem exageros. A ideia é que o desfralde seja uma experiência positiva, e não uma cobrança.