Desenvolvimento infantil: verdades e mitos que você precisa saber
Pediatra especialista em desenvolvimento infantil tira algumas dúvidas comuns entre pais

Pais e mães costumam receber conselhos de todos os lados — de avós, amigos e até da sociedade. Embora muitos desses conselhos venham com boas intenções, nem sempre estão corretos. Para ajudar a esclarecer o que é verdade e o que é mito, reunimos explicações do pediatra Andrew Adesman, especialista em desenvolvimento infantil, que desmistifica crenças comuns sobre o crescimento e aprendizado dos bebês.
1. Brinquedos sofisticados deixam o bebê mais inteligente
Mito: brinquedos educativos avançados são essenciais para o desenvolvimento intelectual do bebê.
Verdade: o ambiente e a interação com os pais são mais importantes do que brinquedos caros ou tecnológicos.
Adesman explica que, embora ambientes estimulantes sejam positivos, não há evidências de que um brinquedo específico aumente a inteligência do bebê. Brincadeiras simples, carinho e conversas constantes já oferecem estímulos suficientes para o desenvolvimento cognitivo.
2. Atrasos na fala não precisam de atenção imediata
Mito: se a criança demora para falar, é só esperar que ela se desenvolva naturalmente com o tempo.
Verdade: buscar orientação cedo pode fazer diferença no desenvolvimento da comunicação.
Adesman destaca a importância de diferenciar fala (produção dos sons) e linguagem (conteúdo da comunicação). Atrasos podem ser apenas uma fase, mas também podem indicar condições que se beneficiam de intervenções precoces, como dificuldades auditivas ou transtornos do neurodesenvolvimento.
3. O filho mais novo sempre demora mais para falar
Mito: crianças mais novas de famílias grandes falam mais tarde porque os irmãos mais velhos falam por elas.
Verdade: a ordem de nascimento pode influenciar a fala, mas não é determinante.
Embora irmãos mais velhos possam, às vezes, “falar pelo caçula”, isso não significa que o desenvolvimento da fala será automaticamente mais lento. Adesman orienta que os pais observem o progresso individual da criança e procurem ajuda se houver sinais de atraso.
4. Ler ou assistir à TV de perto prejudica a visão
Mito: segurar um livro ou assistir à TV de perto faz mal para os olhos da criança.
Verdade: essa prática não causa danos, mas pode indicar miopia.
Se a criança insiste em manter os objetos muito próximos aos olhos, vale conversar com o pediatra ou um oftalmologista. Isso pode ser apenas uma preferência, mas também pode sinalizar a necessidade de um exame de vista.
5. A altura do bebê ao nascer indica sua altura adulta
Mito: bebês mais compridos ao nascer serão adultos mais altos.
Verdade: a altura no nascimento não é um indicativo direto, mas a genética familiar é um fator relevante.
Adesman explica que é natural associar um bebê longo à possibilidade de ser um adulto alto, mas a altura dos pais e o padrão de crescimento ao longo da infância oferecem pistas mais precisas.
6. Filhos de pais alérgicos sempre terão alergias
Mito: se os pais têm alergias, os filhos com certeza terão também.
Verdade: a genética influencia, mas não determina o surgimento de alergias.
Embora a predisposição genética aumente a probabilidade, outros fatores, como ambiente e exposição a determinados elementos, também influenciam o desenvolvimento de alergias. Da mesma forma, crianças podem desenvolver alergias mesmo que nenhum dos pais tenha histórico alérgico.
Informação é a melhor aliada dos pais
Criar um filho é um aprendizado constante, e ter informações corretas faz toda a diferença para tomar decisões conscientes. Entender o que é mito e o que é verdade no desenvolvimento dos bebês ajuda a diminuir a ansiedade e a buscar apoio quando necessário.
Cada criança se desenvolve de maneira única, e o acompanhamento pediátrico é essencial para orientar os pais em cada fase do crescimento. Mais do que seguir conselhos populares, confiar no próprio instinto e buscar conhecimento é a melhor forma de cuidar do bem-estar e da saúde do bebê.