Desenvolvimento do bebê: entenda por que não existem “saltos” e como acompanhar os marcos
Entenda o processo contínuo e gradual do desenvolvimento do bebê

O termo “saltos de desenvolvimento” é bastante utilizado pelos pais e profissionais para explicar as rápidas mudanças no comportamento ou nas habilidades dos bebês, especialmente em fases críticas do seu desenvolvimento. Porém, é importante entender que esse conceito pode ser simplificado demais. O desenvolvimento das crianças acontece de forma contínua e linear, com cada habilidade sendo construída aos poucos, mês após mês, sem grandes picos ou saltos.
O que são “saltos de desenvolvimento”?
O desenvolvimento infantil é gradual, e a ideia de “saltos” pode ser uma forma de explicar momentos intensos, mas que, na prática, não correspondem a um processo isolado ou repentino. Cada mês traz novas habilidades, e o que vemos é uma progressão contínua.
A teoria dos “saltos de desenvolvimento” surgiu no final da década de 1980, quando um casal de pesquisadores observou chimpanzés e notou momentos de regressão seguidos por avanços no comportamento dos animais. Essa observação foi replicada em bebês na década seguinte, mas a teoria precisa ser vista com cautela
Os sintomas dos “saltos de desenvolvimento”
Muitas vezes, os pais podem notar mudanças no comportamento de seus filhos, como choro constante, necessidade de colo, alterações no sono e no apetite. Esses sintomas são frequentemente associados aos “saltos de desenvolvimento” e não são exclusivos de momentos de “salto”, mas fazem parte do desenvolvimento natural da criança.
Por exemplo, quando um bebê chora ou pede mais atenção, isso pode ser apenas uma expressão normal de seus sentimentos ou uma tentativa de se comunicar, não necessariamente relacionada a um salto no desenvolvimento. A teoria dos saltos tenta simplificar algo que é muito mais complexo, e isso pode levar a interpretações erradas.
O desenvolvimento contínuo do bebê
Ao invés de pensar no desenvolvimento infantil como uma sequência de “saltos”, é mais preciso vê-lo como um processo contínuo e gradual. A cada mês, a criança adquire novas habilidades, como mexer os olhos, pegar objetos, sentar-se ou andar, e isso tudo acontece de forma progressiva. Por exemplo, o desenvolvimento motor não segue um padrão de saltos repentinos, mas sim uma construção que envolve etapas: primeiro, a criança precisa aprender a rolar, depois começa a se levantar com apoio, engatinhar, até finalmente dar os primeiros passos.
Os 10 “saltos de desenvolvimento” segundo a teoria popular
De acordo com a teoria tradicional, os bebês passariam por dez saltos de desenvolvimento ao longo do primeiro ano de vida. No entanto, como já mencionado, essa visão simplificada não leva em consideração as complexidades do desenvolvimento infantil. Para ajudar os pais, é importante entender os marcos de desenvolvimento que são esperados para cada fase. A seguir, alguns marcos importantes aos poucos meses de vida:
– 2 meses: o bebê começa a acalmar o choro ao ouvir a voz dos pais e sorri quando os vê. Ele começa a olhar para os rostos e objetos com mais interesse.
– 4 meses: o bebê sorri sozinho, tenta chamar a atenção dos pais e observa suas próprias mãos. Também começa a vocalizar sons simples.
– 6 meses: reconhece pessoas familiares, dá gargalhadas e explora objetos com a boca. Começa a sentar-se com apoio e pode engatinhar.
– 9 meses: o bebê começa a balbuciar sílabas e tem expressões faciais mais marcadas. Ele também começa a se sentar sozinho e manipular objetos com as mãos.
– 1 ano: interage com os pais, bate palmas, chama pelo nome e entende o “não”. Começa a andar com apoio e pode beber em copos sem tampa.
Esses marcos indicam o desenvolvimento contínuo da criança, não um “salto” repentino de habilidades.
O que isso significa para os pais?
Em vez de se preocupar com “saltos de desenvolvimento”, os pais devem focar nos marcos esperados para cada fase. Isso ajuda a manter a calma e a perceber que cada criança tem seu próprio ritmo. Além disso, é importante saber que existem limites de tempo para que algumas habilidades se desenvolvam, e acompanhar esses marcos de forma saudável é essencial.
É fundamental lembrar que o desenvolvimento infantil é único para cada criança. Portanto, enquanto uma criança pode atingir certos marcos um pouco antes ou depois, isso não significa que há algo errado. O acompanhamento com um pediatra é essencial para garantir que o bebê está se desenvolvendo bem e para esclarecer qualquer dúvida que possa surgir ao longo do caminho.
Consultoria: Claudio Len, pediatra e Eliete Faria, neuropediatra.