Desenvolvimento infantil

Como equilibrar afeto e autonomia: o papel do colo na infância

O colo pode ser um lugar especial, que ajuda a criar vínculo entre os pais e o bebê. Mas ele deve ser utilizado com parcimônia? Entenda

Por Redação Pais e Filhos
21 mar 2025, 17h00

Quando uma criança pede colo, muitos pais se perguntam se devem atender ou se estão incentivando a manha. No entanto, o colo é mais do que um simples gesto de carinho. Ele é essencial para o desenvolvimento emocional e para a construção de um vínculo seguro entre pais e filhos.

Vamos explorar por que o colo é tão importante, quando é necessário ter atenção redobrada e como equilibrar esse cuidado no dia a dia.

Por que o colo é tão importante para bebês e crianças pequenas?

Nos primeiros meses de vida, o colo é uma extensão do ambiente uterino. A psicanalista Christine Bruder explica que o bebê, acostumado ao aconchego do útero, busca no colo dos pais a mesma sensação de segurança. O contato físico, o embalo suave e a voz dos pais ajudam a acalmar o bebê, que ainda não entende nem controla suas emoções.

Esse acolhimento é essencial porque ensina o bebê a regular as sensações de desconforto, como fome, sono ou medo. Quando os pais atendem ao pedido de colo com paciência e carinho, ajudam a criança a aprender, aos poucos, como se acalmar sozinha.

O toque, o tom de voz tranquilo e o balanço suave desaceleram a respiração e aliviam a tensão. Isso não é “mimar” a criança, mas sim oferecer a segurança emocional que ela precisa para se desenvolver de forma saudável.

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E quando a criança cresce?

À medida que crescem, as crianças continuam buscando colo, principalmente em momentos de cansaço, frustração ou medo. Isso é natural e faz parte do desenvolvimento emocional. No entanto, se a necessidade de colo se torna muito frequente ou aparece sem motivo aparente, pode ser um sinal de que algo não vai bem.

Se a criança parece estar sempre precisando de colo, mesmo quando não há um desconforto físico ou emocional claro, pode ser interessante observar o contexto. Ela está passando por alguma mudança, como a chegada de um irmão ou uma fase difícil na escola? Nessas situações, o colo continua sendo importante, mas pode ser necessário buscar orientação psicológica para entender o que está por trás desse comportamento.

Quando o colo atende mais aos pais do que à criança?

Outro ponto importante é refletir se o colo está sendo oferecido para suprir a necessidade emocional dos pais. Por exemplo, se os pais insistem em pegar a criança no colo mesmo quando ela não demonstra necessidade, podem acabar limitando a autonomia dela sem perceber.

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O ideal é que o colo aconteça pelo desejo da criança e que os pais consigam equilibrar momentos de acolhimento com a liberdade para que a criança explore o mundo ao seu redor.

Como encontrar o equilíbrio?

Atenda ao pedido de colo com sensibilidade: Se a criança pedir colo porque está cansada, assustada ou precisando de carinho, atender a esse pedido é uma forma de fortalecer a conexão emocional.
Observe o contexto: Se o pedido de colo for constante e sem uma causa aparente, pode ser sinal de que a criança está lidando com alguma questão emocional mais profunda.
Incentive a autonomia: Ao mesmo tempo em que oferece colo, incentive a criança a explorar o ambiente, brincar e se relacionar com outras pessoas. Assim, ela desenvolve segurança para buscar conforto quando precisa, mas também para se aventurar sozinha quando estiver pronta.
Respeite os próprios limites: Carregar a criança no colo o tempo todo pode ser cansativo. Se precisar de uma pausa, explique isso com carinho, mostrando que o amor e a presença não dependem do colo físico.

O colo é uma linguagem de amor

O colo é uma das primeiras formas de comunicação entre pais e filhos. É onde a criança aprende que pode contar com o afeto e a proteção dos pais, criando uma base segura para crescer e se desenvolver emocionalmente.

Atender ao pedido de colo não é sinônimo de incentivar a dependência ou a manha. Pelo contrário, é uma maneira de mostrar à criança que ela é acolhida e que suas emoções são validadas. E, com o tempo, essa segurança interna é o que a ajudará a crescer com mais autonomia e confiança.