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Por Coluna
Camila Queres é educadora infantil e mãe de Bento e de Joaquim. Tem pós-graduação em Gestão e Educação e hoje está no comando do berçário Toddler, em São Paulo
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Terrible twos: será que essa fase é mesmo tão horrível?

Educadora fala sobre os desafios que os pais enfrentam quando os filhos completam 2 anos de idade e chama esse período de "wonderful two". Entenda!

Por Da Redação
Atualizado em 18 out 2017, 20h15 - Publicado em 18 out 2017, 20h14

Quando Bento nasceu, após algum tempo amamentando e muitas vezes acordando a cada três horas no meio da noite, lembro-me de ter pensado: “Não vejo a hora que passe essa fase”. E torcia para que logo ele ganhasse um pouquinho mais de autonomia. Então ele engatinhou, andou, falou… E eu pensei: “Caramba, quanta energia!”, com um misto de encantamento e cansaço.

Não acredito muito nos terrible twos, tenho, no mínimo, fortes suspeitas de que essa é mais uma daquelas invenções midiáticas que vendem piadas sobre os desafios da maternidade, com imagens de uma mãe descabelada, com olheiras, atarantada por uma criança pimentinha. Muitas vezes me pergunto se esse período chamado de “adolescência do bebê” não é, na verdade, a realização dos desejos dos pais, um momento em que a gente se pergunta se devia mesmo ter desejado tanto!

Por volta dos 2 anos de idade, as crianças desenvolvem, de forma ainda mais intensa, habilidades cognitivas, linguísticas e motoras, ou seja, correm melhor, falam mais, ganham capacidade argumentativa – tudo o que toda a mãe sonhou que seu filho fizesse, o mais cedo possível. Mas quando eles finalmente atendem às nossas preces, falamos em terrible twos.

Nessa fase, a capacidade de compreensão é maior do que a capacidade de expressão. Eles entendem tudo, mas ainda não falam tudo. Espernear, gritar, chorar ou se jogar aparecem como ferramentas argumentativas que substituem a fala e são, muitas vezes, mais eficazes. Nesses momentos, as mães que, até então, competiam sobre qual bebê falava mais rápido ou andava mais rápido, sentem falta daquele bebezinho que trocava o dia pela noite, que chorava de cólica. Naquela época, os olhares das outras mães eram tolerantes e solidários; já o choro argumentativo, “de birra”, só conta com o olhar de reprovação.

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Toda etapa de desenvolvimento tem seus desafios e eles sempre parecem enormes, porque são os que estamos vivendo. Hoje Bento dorme a noite toda – quase sempre pelo menos -, mas faz manha e está cheio de energia às 10 da noite! Enfim, os desafios são outros e também são cansativos, mas estão longe de serem terríveis.

Hoje preciso adivinhar menos o que ele deseja, pois quando ele quer de verdade, todo mundo vai saber… Ele expressa melhor sua curiosidade, suas vontades, me desafia, mas eu não diria que essa fase está sendo horrível. Está sendo exatamente tudo aquilo que eu desejei. Bento está desenvolvendo sua personalidade, falando sobre o que quer e o que não quer, descobrindo coisas novas. E, claro, exigindo de mim atenção, energia, limite. Converso com muitas mães diariamente e, apesar das preocupações e do mito dos terrible twos, elas seguem penteadas, maquiadas e muito orgulhosas de seus pimentinhas.

Camila Queres é educadora infantil e mãe de Bento, de 1 ano e 10 meses, e de Joaquim, 10 meses. É formada em Letras pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e tem pós-graduação em Gestão e Educação. Trabalhou na Escola Britânica do Rio de Janeiro e na Chapel School, em São Paulo. Hoje está no comando do berçário Toddler Desenvolvimento Infantil

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