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Por Coluna
Camila Queres é educadora infantil e mãe de Bento e de Joaquim. Tem pós-graduação em Gestão e Educação e hoje está no comando do berçário Toddler, em São Paulo
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A adaptação quando meu filho foi para a escolinha pela 1ª vez

Esse é um momento de mudança para pais e filhos. Por isso, educadora reflete como foi essa experiência e garante: mãe é mãe, não importa a profissão!

Por Da Redação
Atualizado em 24 jan 2018, 16h41 - Publicado em 24 jan 2018, 16h40

Quando fui mãe pela primeira vez, senti um frio na barriga quando meu filho começou no berçário. Eu trabalho na escola, ele estaria próximo a mim todos os dias, conheço as educadoras, já auxiliei centenas de adaptações, sei o que esperar, mas ainda sim, hesitei. Por quê? Meu pequeno sempre foi uma criança muito tranquila, eu pensava que ele se incomodaria com o choro do coleguinha que é mais manhoso, que ficaria irritado com o barulho na hora da soneca, criava tantas outras fantasias que só cabeça de mãe é capaz de produzir. Há bebês que choram, há mães que choram também, eu fingi naturalidade, mesmo com o coração apertado. Por quê? Porque mãe é mãe, não importa se é educadora, médica, psicóloga… Coração de mãe é sempre igual e se comove com a mudança.

Textos e dicas auxiliam na adaptação, mas, por fim, precisamos confiar na escolha que fizemos. Confiança não se aprende nos livros, demanda tempo, paciência – especialmente quando seu filho ainda não fala. O que podemos esperar desse período de adaptação? Choro, agitação, perda de sono, mudanças na alimentação. Curioso que esses sintomas se aplicam às crianças e aos pais também. Tudo isso aconteceu comigo e só comigo. Bento, meu filho, adorou a escola, dormiu como se estivesse em casa e eu senti uma saudade imensa. Eu poderia ter ido ao berçário a cada chorinho, poderia ter ficado de olho nas câmeras, poderia ter acompanhado cada disputa de brinquedo, mas decidi respeitar o espaço do Bento. Desde cedo, ele percebeu que eu confio na escola, nas educadoras. Deixei de lado minhas fantasias de mãe e passei a ele segurança.

Há mães que preferem entrar na sala, ficar presentes, até para que possam acalmar o coração. Não foi essa a minha opção. A escola precisa deixar essa porta aberta, claro, mas grande parte do processo de adaptação consiste em criar vínculos com outro espaço e com outros adultos. A presença dos pais dentro da sala de aula dificulta esse processo. Quando devo me preocupar? Quando o choro é além de intenso e ininterrupto, quando há a recusa em participar de toda e qualquer atividade, individual ou em grupo, quando esses sintomas se prolongam sem melhora perceptível. Nesses casos, é hora de mudar a estratégia, é hora de recomeçar, mas não necessariamente desistir.

Recomeçar significa discutir com a escola o que pode ser feito. Rever fatores de irritabilidade (a soneca e a alimentação antes de ir à escola estão ok?). Mudar a estratégia de adaptação (descobrir atividades que atraiam a atenção daquela criança, reorganizar horários, ampliar a estadia aos poucos etc). As crianças se adaptam em ritmos diferentes, o processo pode durar uma semana, um dia ou mais de um mês. Perseverar é preciso, até para que você, desde cedo, não ensine seu pequeno a desistir facilmente.

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Algumas vezes, recomeçar significa mudar de escola, mas essa não pode ser a primeira opção. Escolhemos a escola dos nossos filhos com muito cuidado, com todo carinho. Confie na sua escolha e transmita segurança. Faça com que ir à escola seja um momento de alegria e não de sofrimento. Seu filho precisa encontrar em você mais tranquilidade e menos ansiedade.

Aprendi com a maternidade a segurar o choro quando meu filho se machuca, a não deixar o coração sair pela boca toda vez que ele escala alguma coisa. Aprendi a dizer “você consegue, filho”, mesmo quando minhas pernas estão bambas. Aprendi a dar tchau no portão da escola, mesmo de coração partido. Meus medos e minhas inseguranças devem ser só meus. A escola nova sempre vem, a professora nova sempre chega, os melhores amigos às vezes mudam de turma e, mamães, podem ter certeza, vai ficar tudo bem! 

Camila Queres

É educadora infantil e mãe de Bento, de 2 anos, e de Joaquim, de 1. É formada em Letras pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e tem pós-graduação em Gestão e Educação. Trabalhou na Escola Britânica do Rio de Janeiro e na Chapel School, em São Paulo. Hoje está no comando do berçário Toddler Desenvolvimento Infantil

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