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Mãe cria projeto que capacita escolas para amamentação continuada

Batizada de Escola de Peito, a iniciativa prepara escolinhas e berçários para que as mães não parem de dar de mamar quando retornam ao trabalho.

Por Júlia Warken
19 abr 2017, 20h26

Quando a licença-maternidade chegou ao fim, a enfermeira Silvia Briani passou a pesquisar sobre escolinhas e creches para a filha Mariana Iara, que tinha 6 meses de vida na época. E, para a sua surpresa, foi grande a dificuldade de encontrar um lugar capacitado para lidar corretamente com a amamentação continuada. “Achava estranhíssimo ter que perguntar se a escola ‘aceitava leite materno’, isso pra mim deveria ser tão natural, que achava a pergunta desnecessária, porém me surpreendi com várias negativas”.

Dentre as poucas escolas que aceitavam o leite ordenhado, Silvia também acabou identificando outros problemas. “Todas só se dispunham a oferecer o leite em mamadeira, algumas faziam o aquecimento do leite de forma equivocada, enfim, foi difícil”. Na opinião dela, é a mãe quem deve decidir como o leite será oferecido à criança, o que pode ser feito com mamadeira, copo de transição, copo comum, colher e colher dosadora.

Em meio a essa frustração, a paulistana viu que não estava sozinha, pois outras mães também passavam pela mesma situação. Frente a isso, ela acabou criando o projeto Escola de Peito, em 2016. A ideia é trabalhar na capacitação dos profissionais de educação infantil e de berçários (por meio de workshops), além de reconhecer as escolas que já estão preparadas para receber, armazenar e oferecer o leite materno às crianças. O intuito também é mapear essas escolas para que os pais possam saber quais são reconhecidas com o selo Escola de Peito.

A princípio, a ideia é capacitar os profissionais responsáveis pelos bebês para que eles estejam aptos não somente a armazenar e oferecer o leite materno de forma correta, mas também a entender a importância de acolher as mães e estimular que elas continuem amamentando. É um papel social da escola, a meu ver, apoiar a causa da amamentação continuada.

Silvia Briani, idealizadora do projeto Escola de Peito
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O trabalho proposto pelo Escola de Peito vai além do ensinamento prático, pois também foca na mudança de pensamento. Além disso, Silvia visa auxiliar as escolas e berçários a adequarem seu espaço físico. O ideal é que haja ambiente próprio para amamentação e ordenha, além de local para armazenamento e aquecimento do leite, é claro.

O projeto ainda está dando seus primeiros passos, mas a idealizadora já comemora o trabalho realizado na escola Malabares, em São Paulo. Além da capacitação, a diretora da instituição também solicitou que Silvia realizasse encontros com as mães para falar sobre gestação e amamentação humanizadas. 

A paulistana diz que esse é um trabalho de formiguinha, mas que sonha em ver o projeto estendido a outras cidades do Brasil. “Meu sonho é transformar o Escola de Peito em algo semelhante ao selo da iniciativa Hospital Amigo da Criança. Para isso, seria primordial o envolvimento do poder público”. 

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(evgenyatamanenko/Thinkstock/Getty Images)

Nessa fase inicial, ela conta que os pais têm demonstrado mais interesse do que as escolinhas e berçários. “A receptividade por parte das famílias na divulgação está sendo maravilhosa. Quanto às escolas, percebo que muitas não querem sair da zona de conforto em que se encontram. Acredito que a demanda precisa acontecer também por parte dos pais em relação às escolas, mais ou menos como a história do parto humanizado, em que o empoderamento e a demanda estão partindo das mulheres e, então, o sistema está de olhos mais atentos quanto a isso”. 

Para conhecer mais sobre o projeto, solicitar palestra gratuita a respeito da ação e saber os valores dos workshops, é só entrar em contato pelo Facebook, pelo e-mail escoladepeito@gmail.com ou pelo telefone (11) 99105-4435.

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