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Aula 3 – As transformações na segunda metade da gravidez

A ginecologista e obstetra Lucila Pires Evangelista, do Hospital Israelita Albert Einstein, fala sobre os desafios que a gestante enfrenta na reta final da gravidez.

Por Redação Bebê.com.br
Atualizado em 26 out 2016, 11h45 - Publicado em 26 jun 2015, 16h14

As mudanças no corpo da mulher continuam com o avanço da gestação. Nessa etapa, elas são marcadas muito mais pelo crescimento acelerado da barriga do que pelos efeitos dos hormônios. E a barriga, por sua vez, cresce para acompanhar o bebê, que está cada vez maior.

Entre o quinto e o sexto mês, a grávida começa a viver uma fase muito agradável. Os enjoos, provavelmente, se tornaram coisa do passado. A barriga despontou, mas não está enorme a ponto de provocar algum desconforto. E o melhor: ela começa a sentir o bebê se mexer pra valer. Isso lhe dá uma noção concreta de que está carregando uma criança no ventre e, quando ela se move, é como se a mulher soubesse que tudo está bem.

Aliás, é importantíssimo observar: a movimentação do bebê deve ser diária. Ele até pode se mexer mais em um dia, menos em outro. Tende a se movimentar, por exemplo, quando a mulher se alimenta. O fato é que precisa se mexer todo dia.

A sensação que a grávida tem desse movimento é que pode mudar. Lá no início da gravidez, o bebê parecia um peixinho que, de vez em quando, surgia nadando em sua barriga. A partir do quinto mês, ela começa a perceber joelhos, mãos, cambalhotas… Essa percepção reforça o vínculo mãe/filho. E, a partir do sétimo mês, claro, ela leva muitos chutes, alguns até bem doloridos.

Na reta final da gestação, o bebê já não faz movimentos tão bruscos e às vezes a grávida até estranha, achando que ele está se mexendo menos e que, por isso, algo está errado: ora, implesmente ele cresceu e já não há tanto espaço em sua barriga! Só por essa razão o bebê fica menos agitado.

Nessa fase — aliás, desde o sexto mês — ela pode sentir uma vontade frequente de fazer xixi. Isso porque a bexiga está espremida pelo útero grandalhão e, ao menor volume de urina, já parece lotada. Não só ela está no maior aperto: o estômago, o intestino, o diafragma… O útero, a esta altura, começa a comprimir tudo ao seu redor. Por isso, a grávida também pode experimentar azia, prisão de ventre e até falta de ar, mesmo que não tenha feito esforço algum. Nesses momentos, para recuperar o fôlego, nada melhor do que se sentar e jogar o corpo para a frente. Assim, o peso da barriga deixa de apertar o diafragma, músculo envolvido diretamente na respiração, e ela logo se normaliza.

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Assista à aula completa:

Procure diminuir as porções de comida e, em compensação, faça várias pequenas refeições ao dia. Durante as crises, prefira alimentos pastosos.

Entre o sétimo e o oitavo mês, como a barriga está muito maior, há um mecanismo de compensação que leva a uma alteração da postura. As pernas se separam ligeiramente e o eixo da coluna se curva um pouco mais do que o habitual. Se a grávida exagera ao inclinar as costas para contrabalançar o peso da barriga, porém, surgem dores nas costas — o que, aliás, é comum. A região do púbis também fica dolorida, porque a bacia vai se abrindo ao se preparar para o parto. Afinal, por ela deverá passar um bebê.

Os seios também se transformam. Eles, que já cresceram no início da gestação, agora ficam com as aréolas, a parte pigmentada ao redor do bico, bem escuras. E, nelas, costumam surgir pequenas bolinhas que lembram espinhas. Não é para espremê-las! Elas, na verdade, são glândulas sebáceas que se desenvolveram para lubrificar a região.

A partir do quinto mês, talvez você note a saída de um líquido transparente das mamas, especialmente ao apertar o bico dos seios. É o colostro, o primeiro leite, riquíssimo em proteínas e defesas para o bebê. Ele pode surgir logo depois do parto, mas algumas mulheres já produzem, sim, uma pequena quantidade de colostro durante a gestação.

Não podemos nos esquecer que, na reta final da gestação, a grávida tem cerca de 1,5 litro a mais de líquido em seu corpo. E o excedente, além de provocar inchaços, se concentra, principalmente, nos membros inferiores. As veias das pernas tendem a sofrer com essa sobrecarga. Além de usar meias elásticas de compressão, a grávida deve procurar se movimentar a cada duas horas, no mínimo. E, quando as pernas estiverem muito inchadas, uma boa alternativa é um banho morno.

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O que muitas mulheres se perguntam, porém, é quanto seria normal engordar em uma gestação. A resposta: entre 9 e 12 quilos. Destes, cerca de 3 quilos correspondem ao bebê. O líquido amniótico pesa 1 quilo, assim como a placenta. E aquele 1,5 litro extra de sangue equivale a 1,5 quilo. A mulher sai da maternidade, portanto, com cerca de 7 quilos a menos do que entrou.

O ganho de peso e o crescimento da barriga favorecem o aparecimento de estrias. Elas surgem porque, de tanto a pele esticar, suas fibras de sustentação se rompem, deixando marcas. Para evitá-las, além de tentar se manter em um peso adequado, a grávida precisa deixar a pele bem hidratada e beber muito líquido.

Nos últimos meses, a grávida sente que, ao longo do dia, sua barriga fica dura de vez em quando e parece mudar de posição. Esses movimentos — que, diga-se, não são dolorosos — são as contrações de Braxton Hicks. Elas têm a função de alagar o útero e prepará-lo para o parto. São positivas e esperadas na maioria dos casos.

As contrações de Braxton Hicks, a barriga, o inchaço — nada disso, no fundo, impede que a gestante saudável leve uma rotina normal. Ela pode passear, trabalhar, praticar atividade física, fazer sexo — com moderação, tudo é permitido, e gozar a vida só faz bem à futura mamãe.

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