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VSR: proteja o seu filho desse vírus que ameaça recém-nascidos

O primeiro semestre do ano marca a época em que o vírus sincicial respiratório circula pelo país. E as principais vítimas são os bebês, em especial os prematuros.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 27 out 2016, 22h56 - Publicado em 29 Maio 2015, 16h22

Ele é figura carimbada na lista dos vírus que mais atacam os pequenos nos primeiros anos de vida. Quando se trata de doenças respiratórias, é o campeão. Estamos falando do vírus sincicial respiratório, também conhecido como VSR. “Até os 2, 3 anos, cerca de 90% das crianças já tiveram contato com o vírus”, estima a pediatra Sandra Vieira, professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Considerando as crianças que já completaram o quinto aniversário, a prevalência é de 100%.

Entre os males que o VSR pode gerar estão a pneumonia e a bronquiolite. “O vírus causa infecção do aparelho respiratório inferior, o que leva à diminuição do diâmetro dos bronquíolos – que são ramificações dos brônquios, por onde passa o ar que respiramos”, explica Sandra Vieira. Com isso, a respiração fica difícil e sintomas como tosse, febre, chiado no peito e até dificuldade para mamar podem dar as caras. 

A boa notícia é que a maior parte das crianças não enfrenta esses problemas quando tem o primeiro contato com o vírus sincicial respiratório. Quem está mais exposto a essas complicações são os pequenos que contraem o VSR nas seis semanas iniciais de vida, os prematuros, bebês que possuem doenças crônicas pulmonares ou cardíacas e aqueles com baixa imunidade. “Nesses casos, o risco de hospitalização e até morte é bem maior”, alerta o pediatra e infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Primeiro semestre

Dados oficiais do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe apontam que, aqui no Brasil, o período em que o VSR de maior circulação é entre janeiro e junho. Nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, isso acontece com maior intensidade de abril a maio; já no Sul, o pico ocorre durante os meses de junho e julho. Não há dados disponíveis para a Região Norte.   

Prevenção, diagnóstico e tratamento

Quando procurar o médico

Um ou dois dias antes de os sintomas típicos da infecção por VSR aparecerem é comum que o pequeno apresente um quadro de resfriado, com espirros, coriza, tosse e febre. Por isso, fique esperto! “Os pais devem procurar o pediatra ou um serviço de saúde quando a criança manifestar sinais de desconforto para respirar, como ‘cansaço’, dificuldade para mamar (ou se alimentar) e chiado no peito”, orienta a professora da USP. Também vale uma visita ao médico se o seu filho estiver muito abatido ou tiver febre muito alta e persistente.

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Como saber se é VSR

Identificar um quadro de infecção pelo vírus sincicial respiratório não é difícil. “O diagnóstico é clínico. Se a criança tem pouca idade e apresenta um problema respiratório, há grande probabilidade de a causa ser o VSR”, conta Kfouri. No caso dos pequenos que estão internados ou em situações mais graves, o vírus é detectado a partir da coleta de uma amostra de secreção do nariz.

Transmissão

O VSR se dissemina de pessoa para pessoa, por meio do contato com secreções infectadas, como gotículas de saliva ou espirros.

Tem tratamento?

Uma vez infectado pelo VSR, não há medicamentos que podem ser usados para combater o vírus. A boa notícia é que a maioria dos casos evolui para a cura completa espontaneamente. “Em geral, leva uns 15 dias até que isso ocorra”, relata o vice-presidente da SBIm. Nos quadros graves, os bebês hospitalizados podem receber tratamentos de apoio, como oxigênio e soro.

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A imunização

Não existe uma vacina contra o VSR, mas está disponível na rede pública de saúde e em clínicas particulares um medicamento chamado Palivizumabe, que age por um mecanismo de imunização passiva. Ao contrário da vacina, que estimula a produção de anticorpos pelo organismo, o Palivizumabe é composto por anticorpos artificiais, que protegem somente quando a criança recebe a dose.

Ele é indicado para os pequenos mais vulneráveis às complicações do VSR, caso dos prematuros e dos portadores de doenças crônicas cardíacas e pulmonares. Mesmo assim, é necessária a avaliação e a prescrição de um médico – só assim a criança poderá tomar a medicação pelo SUS. As doses devem ser aplicadas uma vez ao mês, nos períodos de circulação do vírus sincicial respiratório, de acordo com cada região.

Outros cuidados

Além da imunização, é importante adotar outras medidas a fim de prevenir que os pequeninos sofram com o VSR. Entre elas estão:

  • Lavar as mãos antes de tocar no bebê;
  • Não expô-lo ao cigarro, já que a fumaça irrita as vias respiratórias e abre portas para que o vírus faça estrago;
  • Não levar o filhote, principalmente aqueles com poucos meses de vida, a locais com muitas pessoas, como shoppings e festas;
  • Evitar o contato com crianças e adultos que estejam gripados ou resfriados;
  • Manter a amamentação exclusiva até os 6 meses de vida. Afinal, é por meio do leite materno que o pequeno recebe anticorpos e fica protegido de ameaças. 
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