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Vacinas do bebê prematuro

Os pequenos que nascem antes dos nove meses de gestação exigem alguns cuidados especiais no que diz respeito à vacinação.

Por Camila Lafratta (colaboradora)
Atualizado em 27 out 2016, 22h25 - Publicado em 29 Maio 2015, 10h35

“O prematuro tem uma série de condições de saúde diferentes”, avisa o Dr. Renato Kfouri, pediatra e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). “Além do tamanho, ele tem vias aéreas de calibre menor, imaturidade do sistema imunológico, fica muito tempo internado, colhe-se muito sangue, tem anemia, a mãe não consegue amamentar… Juntando tudo isso, ele se torna muito mais vulnerável a infecções, principalmente respiratórias”, enumera o médico.

No entanto, ao contrário do que se acredita, o calendário de vacinação é pouco alterado. “Com bebês prematuros que não tenham um quadro mais grave, segue-se a maioria das datas na ordem cronológica. E não é meia dose, é a vacina completa mesmo”, explica o pediatra Alfredo Elias Gilio, coordenador de Centro de Imunização do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. “Isso de esperar até o bebê ter um peso maior é um mito. Exceto em alguns casos, as vacinas podem ser dadas mesmo que o prematuro seja menor”, complementa Kfouri.

Exceções 

A grande exceção é a BCG, contra a tuberculose, que só deve ser aplicada quando o bebê estiver pesando no mínimo 2 kg. Além disso, a Hepatite B também sofre uma leve alteração, sendo aplicada em quatro doses, em vez de três. Gilio explica: “O bebê prematuro recebe a proteção contra a Hepatite B ao nascer independente do seu tamanho, mas ela deve ser reaplicada assim que ele atingir 2 kg”. O relatório da Sociedade Brasileira de Imunizações indica que esse também é o caso para bebês nascidos de até 33 semanas de gestação, usando o esquema de doses 0-1-2-6 meses.

Também é importante destacar que a situação é outra no caso de prematuros que estejam internados na maternidade. “Algumas vacinas não podem ser administradas nessa situação, pois podem se espalhar para outros bebês”, esclarece o Dr. Alfredo. Nesse caso, é importante que os pais se informem com os médicos responsáveis para saber quais vacinas serão dadas e aquelas que não poderão ser aplicadas.

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Exclusiva

Existe uma espécie de vacina que só é dada a prematuros. É a Palivizumabe, um anticorpo que protege contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que circula principalmente de março a setembro (na região Norte, começa em janeiro) e pode gerar um quadro pulmonar gravíssimo em prematuros. Nos pequenos de até 29 semanas gestacionais, a profilaxia deve ser aplicada em doses mensais até um ano de idade; de 29 a 32 semanas, até seis meses de idade. Em casos de prematuros de 32 a 35 semanas, é recomendada até os seis meses de idade, contanto que possuam dois ou mais dos seguintes fatores de risco: ficar em escolinhas ou creches, irmão em idade escolar, poluição ambiental, doenças neuromusculares e anomalias congênitas de vias aéreas. Independente das recomendações oficiais, consulte sempre o pediatra para saber a quantidade de doses que o bebê deve tomar. 

Veja a seguir as demais vacinas e suas especificações para recém-nascidos prematuros, segundo a Sociedade Brasileira de Imunização:

 

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Pneumocócica conjugada

Iniciar o mais precocemente possível (aos 2 meses), respeitando a idade cronológica. É a primeira de três doses (esquema 2-4-6 meses, mais um reforço aos 15 meses). Prematuros apresentam maior risco para o desenvolvimento de doença pneumocócica invasiva, que aumenta tanto quanto menor for a idade gestacional e o peso ao nascimento.

Pólio inativada

Devido ao risco de disseminação do vírus vacinal entre imunodeprimidos (como bebês que estejam internados na UTI neonatal), a vacina oral é contraindicada enquanto o recém-nascido estiver hospitalizado.

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Rotavírus

Não utilizar a vacina em ambiente hospitalar. Por se tratar de vacina de vírus vivos atenuados, a imunização para o rotavírus só deve ser realizada após a alta hospitalar, respeitando-se a idade máxima limite para administração da primeira dose. A vacina deve ser contraindicada em prematuros submetidos a cirurgia gastrintestinal.

Tríplice bacteriana

Preferencialmente utilizar vacinas acelulares. A utilização de vacinas acelulares reduz o risco de apneias, crises de cianose e episódios convulsivos após aplicação da vacina triplice bacteriana.

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Haemophilus influenza b

As vacinas combinadas de vacina tríplice bacteriana acelular (DTPa) com Hib e outros antígenos são preferenciais, permitem a aplicação simultânea e se mostraram eficazes e seguras para os recém-nascidos prematuros.

Influenza (gripe)

Respeitando a idade cronológica e a sazonalidade da circulação do vírus. Duas doses a partir dos 6 meses com intervalo de 30 dias entre elas. A indicação rotineira da vacina influenza em lactentes a partir dos 6 meses de idade é reforçada nos prematuros, pois eles apresentam maior morbidade e mortalidade relacionadas à doença. Caso a criança complete seis meses após os meses de inverno, pode-se optar por adiar a aplicação da vacina influenza para os meses do outono subsequente, no esquema habitual de duas doses na primovacinação.

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Demais vacinas 

O calendário da criança deve ser seguido de acordo com a idade cronológica. A resposta imune às demais vacinas pode ser menor, mas em geral atinge níveis satisfatórios de proteção.

Outros cuidados

Além de seguir à risca as recomendações da SBIm e dos médicos, existem alguns cuidados extras que podem ajudar a garantir a saúde do recém-nascido. “Especialmente no caso dos prematuros, que às vezes não podem ser vacinados imediatamente contra algumas doenças, é importante que todas as pessoas que entrem em contato com ele se imunizem”, diz o Dr. Alfredo Giglio. “Pai, mãe, avós, irmãos, a família toda”. A vacinação da gestante também é uma ótima estratégia. “A coqueluche, por exemplo, quando dá em um adulto jovem, gera um quadro mais leve. Se ela for transmitida a um recém-nascido, aquilo pode se tornar muito mais grave”, explica o pediatra. Nesse e em vários outros casos, a gestante e os demais familiares devem se informar com o médico sobre a possibilidade de se vacinarem.

E tem mais! “O leite materno é uma importante vacina. É muito importante o processo de aleitamento ser mantido o melhor possível”, complementa Renato Kfouri.

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