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Ministério da Saúde confirma 4 mortes de bebês com microcefalia relacionada ao vírus zika

Em novo boletim, a pasta informa também que o número de casos suspeitos da malformação subiu para 3.530.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 27 out 2016, 21h16 - Publicado em 13 jan 2016, 15h39

Mais uma semana com números crescentes de casos de microcefalia associada ao vírus zika. Divulgado nesta terça-feira (12), o novo informe epidemiológico do Ministério da Saúde aponta 3.530 suspeitas da malformação cerebral, distribuídas em 724 municípios de 21 unidades da federação. Pernambuco continua sendo o estado com o maior índice de casos: são 1.236, representando 35% do total registrado em todo o país. Em seguida, estão Paraíba, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe, Alagoas, Mato Grosso e Rio de Janeiro. 

O ministério também investiga 46 óbitos de crianças com microcefalia possivelmente ligados ao vírus transmitido pelo Aedes aegypti. Mas o recente boletim traz um novo achado: foi confirmada a relação com o zika de quatro mortes de bebês microcéfalos no Rio Grande do Norte. Dois desses casos são abortamentos e dois são recém-nascidos a termo (entre a 37a e a 42a semanas de gestação), que faleceram nas primeiras 24 horas de vida. Por meio do teste laboratorial de PCR, cientistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) detectaram o micro-organismo em tecidos de ambos os bebês que chegaram a nascer. Os resultados foram enviados ao governo brasileiro.

Em estudo, especialistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) notaram que as mães de todas essas crianças apresentaram febre e manchas no corpo durante a gestação, dois dos sintomas da infecção por zika. Com isso, as evidências do elo entre esse agente infeccioso e a microcefalia se tornam ainda mais fortes. Mas, segundo o Ministério da Saúde, é fundamental prosseguir com as pesquisas científicas, a fim de entender melhor a ação desse micro-organismo.

Células-tronco e animais

Cientistas de todo o país estão trabalhando para entender os mecanismos do vírus zika. Entre eles está um grupo de estudiosos coordenado pelo professor Paolo Marinho de Andrade Zanotto, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP). Zanotto e seu time estão usando células-tronco e animais – como camundongos e macacos – para investigar de que maneira o zika afeta as células nervosas do cérebro humano. “Estamos começando a entender o que o vírus faz”, diz o líder da investigação.

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Outro objetivo da equipe do professor da USP é desenvolver um teste rápido para a identificação da doença. Depois que for validado em laboratório, a ideia é que o exame seja disponibilizado para o Instituto Butantan, na capital paulista, que o desenvolverá em larga escala. Não há previsão de quando o teste estará disponível.

Vacina em vista

Na segunda-feira (11), o ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse que uma vacina contra o vírus zika já está sendo estudada. No entanto, segundo ele, a conclusão das pesquisas deve demorar pelo menos dois anos. E até que o medicamento esteja disponível no mercado, mais tempo será necessário. “Estamos estudando, contatando, agindo”, afirmou Castro em uma coletiva de imprensa. Por enquanto, é fundamental impedir que o mosquito da dengue – que também transmite o zika e o chikungunya – se desenvolva. “Porque quando ele nasce é um perigo ambulante”, alerta o ministro.

Para ajudar a população no combate ao Aedes aegypti e na prevenção ao vírus zika, o Ministério da Saúde lançou, no dia 7 de janeiro, a cartilha Vírus Zika – Informações ao público. A ideia é trazer informações segmentadas, destinadas a diversos públicos: mulheres em idade fértil, gestantes, recém-nascidos, bebês com microcefalia e população em geral. A versão digital do documento pode ser acessada no site do ministério e, em breve, vai estar disponível na forma impressa em todo o Brasil. 

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