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Hemangioma infantil: entenda o que é esse tumor benigno

Apesar de não haver risco de virar câncer, as manchas avermelhadas podem trazer problemas se não forem tratadas. Saiba mais

Por Luiza Monteiro
24 mar 2023, 10h23

Poucas semanas após o nascimento, uma manchinha vermelha aparece na pele do bebê, geralmente na região do pescoço ou da cabeça, e vai aumentando ao longo do primeiro ano de vida. Depois, conforme a criança cresce, a tendência é que ela diminua até que desapareça. Estamos falando do hemangioma, o tumor benigno mais frequente na infância.

Ele faz parte das chamadas anomalias vasculares, grupo que inclui também as malformações vasculares. Essas, porém, apesar de terem características parecidas com as do hemangioma (manchas na pele em tons de vermelho e roxo), não apresentam uma natureza tumoral.

O que causa o hemangioma?

Os motivos que levam ao surgimento desse tumor benigno ainda estão sendo investigados pela ciência. Embora possa ter um componente genético, em geral, o problema se origina de um mau funcionamento de células que participam da formação vascular do bebê nas primeiras semanas de gestação.

“Ocorre uma divisão inesperada, em que uma célula que foi do período embrionário pode se dividir fora de hora”, explica a cirurgiã pediátrica Heloisa Galvão do Amaral Campos, diretora do Departamento de Cirurgia Reparadora do A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo. Esse processo faz com que vasos sanguíneos capilares se proliferem na área superficial da pele, formando a lesão.

Na maioria das vezes, o tumor não está presente no momento do nascimento, mas surge durante o primeiro mês após o parto. “A tendência é que o quadro piore no primeiro ano de vida e depois melhore ao longo da infância”, conta Heloisa. Segundo o instituto de pesquisa médica Mayo Clinic, nos Estados Unidos, metade dos hemangiomas desaparece até os 5 anos de idade e quase todos até os 10.

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Hemangioma infantil é comum?

“Não há dados epidemiológicos no Brasil, mas de acordo com estudos que alguns grupos publicam no mundo, a incidência do hemangioma varia de 3 a 10 crianças em cada 100“, estima a cirurgiã pediátrica. Observa-se que esse tipo de lesão atinge com mais frequência as meninas e os bebês prematuros.

No caso das garotas, a explicação seria o fato de elas terem uma quantidade maior de hormônios no corpo, favorecendo a falha na divisão celular. Já nos pequenos que chegaram ao mundo antes do tempo ideal, por não estarem prontos para deixar a barriga, as células que participam da formação vascular ainda estão em atividade – o que também abre portas para o surgimento do tumor.

Dois pezinhos de recém-nascido.
(Jose Luis Pelaez Inc/Getty Images)

O tumor benigno pode se tornar câncer?

Por ser benigno, o hemangioma não apresenta risco de se tornar um câncer – mas isso não significa que seja inofensivo. Dependendo do local onde se encontra, ele pode causar sangramentos e até atrapalhar o desenvolvimento de certas funções. “Há casos em que a lesão cresce perto dos olhos, prejudicando a visão; outros em que o tumor está no nariz e afeta a respiração”, exemplifica o médico José Luiz Orlando, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBAVC). Quando o tumor está na região da fralda do bebê, também é comum que ocorram ferimentos.

Tratamento de hemangioma

Até meados do século passado, a ciência ainda não havia descoberto métodos terapêuticos para o hemangioma. Por isso, a recomendação era observar a evolução do quadro e aguardar até que o tumor desaparecesse. Hoje, com várias opções de tratamento disponíveis, sabe-se que o melhor é tratar o quanto antes – de preferência ainda no primeiro mês de vida -, para evitar que a criança sofra os efeitos dessa anomalia.

No caso de lesões em estágio inicial, pode ser que o médico prescreva uma medicação tópica. Para os quadros que já se encontram em estágios mais avançados, são indicados medicamentos à base de corticoides ou de propranolol. “Essa substância é usada para que o hemangioma não cresça muito ou, no caso dos que já se expandiram, para que diminuam rapidamente”, diz Orlando. Outros métodos possíveis são o laser e até a cirurgia.

E lembre-se: nada de medicar seu filho por conta própria. Se houver suspeita de que o pequeno tem um hemangioma, converse com o pediatra para que ele oriente qual especialista você deve procurar, como um dermatologista ou cirurgião vascular. Só um médico especializado no assunto pode fazer um diagnóstico correto e orientar sobre o melhor tratamento a ser feito.

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