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“Como foi o primeiro ano da minha filha com microcefalia”

Pouco tempo depois do diagnóstico, Angelica falou ao Bebê.com como era ter uma criança com a malformação. Hoje, ela conta como está a vida com sua pequena.

Por Carla Leonardi (colaboradora)
Atualizado em 28 nov 2016, 17h05 - Publicado em 28 nov 2016, 17h04

Aos 20 anos, Angelica Pereira deu à luz a pequena Luiza Beatriz, que foi diagnosticada com microcefalia. Moradoras de Pernambuco, primeiro estado no ranking nacional de casos confirmados da malformação, elas recebem pouca ajuda do governo e ainda enfrentam olhares e comentários preconceituosos. Hoje, pouco mais de um ano depois de trazer sua filha ao mundo e de relatar ao Bebê.com como foi receber o diagnóstico, Angelica conta como está a vida com Luiza. Confira!

“Eu me chamo Angelica, tenho 21 anos e minha filha tem microcefalia. Eu tive zika com 18 semanas de gestação, mas na época nem imaginava que essa doença pudesse afetar meu bebê tão gravemente. Aos 7 meses de gravidez, soube através de um ultrassom que a cabeça dela era pequena, mas o obstetra disse que era normal. Só descobri a malformação depois que a Luiza nasceu, no dia 6 de outubro de 2015. Nove dias após o parto, recebi o diagnóstico e fiquei em choque. Não sabia o que era microcefalia e o que ela causaria, por isso, tive muito medo. Medo de que as pessoas rejeitassem minha pequena, medo até de perdê-la – medo que eu sinto até hoje.

Infelizmente, depois que ela nasceu, eu nunca recebi nenhuma grande ajuda. Na verdade, recebi algumas doações depois de dois meses, mas o único auxílio do governo que conseguimos foram alguns tratamentos e o BPC (Benefício de Prestação Continuada), prestado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Trata-se de um salário mínimo por mês para complementar a renda de famílias com crianças com microcefalia. Mas, de resto, não sou orientada de forma nenhuma e venho enfrentando tudo sozinha.

Luiza Beatriz

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Agora, a Luiza está com 1 aninho e 1 mês de vida. Embora ela já tenha essa idade, o desenvolvimento dela continua lento por causa da malformação e, por isso, ela precisa de bastante estímulo. É também por esse motivo que eu gostaria muito que o governo oferecesse mais assistência às famílias com crianças que têm microcefalia. O ideal seria que houvesse acesso gratuito a terapias importantes pelas quais a gente acaba precisando pagar.

Como mãe, é claro que eu sonho que um dia minha filha consiga andar, falar… Que ela se desenvolva, mesmo com as suas limitações. Que ela mostre para todos que duvidaram dela, que duvidaram de nós, que ela pode, sim, e que Deus está ao nosso lado, nos ajudando a realizar nossos sonhos. Sou grata por ter recebido a Luiza, esse anjo especial que veio para alegrar minha vida. Quando ela nasceu, me disseram que ela só teria 6 meses de vida, mas hoje ela está aqui, 1 ano depois!

Já enfrentamos muito preconceito e até hoje percebo pessoas que nos olham com nojo. Já ouvi dizerem que a Luiza parecia com um bicho, que ela é aleijada. Claro que fico triste com essas pessoas. Até gente próxima de nós me magoaram muito com comentários preconceituosos. Eu queria que essas pessoas compreendessem que um diagnóstico não é um destino traçado – minha filha tem limitações, sim, mas ela pode superá-los. E se Deus permitiu que ela nascesse assim, todos nós temos que aceitar essa condição e amá-la, independentemente da microcefalia.

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Eu aprendi muito com a minha princesa e continuo aprendendo. Com ela, eu descobri o verdadeiro significado do amor, descobri que vale a pena lutar por quem mais amamos. Sei que tem muitas outras mamães que receberam o mesmo diagnóstico de seus pequenos e, se eu pudesse dizer alguma coisa a elas, seria lutem pelos seus filhos, pois eles são anjos que vieram para nos abençoar! Não os abandonem, pois são guerreiros que trilharão uma história linda no mundo. Não tenham medo, pois Deus nos prepara para dar tudo que eles precisam! Devemos cuidar e amar, pois recebemos a missão mais lindo do mundo”.

Angelica Pereira
(Arquivo Pessoal/Angelica Pereira/Facebook)
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