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8 mitos e verdades sobre a imunidade das crianças

Conheça o que funciona de verdade (e o que é conversa furada) para reforçar as defesas naturais dos filhos contra vírus e bactérias

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 27 mar 2020, 15h06 - Publicado em 27 mar 2020, 14h29

Você sabe como reforçar a imunidade do seu filho? Com a pandemia de Covid-19 (a doença provocada pelo novo coronavírus, Sars-Cov-2), as fake news sobre o assunto ganharam força. Entre elas, soluções mágicas que prometem melhorar o sistema imune com uma cápsula, terapia ou alimento. 

Conversamos com especialistas para entender o que de fato é verdade sobre o assunto. Confira abaixo. 

Devo dar cápsulas de vitamina C e multivitamínicos 

Mito. Os suplementos ajudam só quando há recomendação médica para eles. “O uso de vitaminas é muito controverso e relativo”, comenta Karina Moreira Silva de Abreu, pediatra da DaVita Serviços Médicos. Isso porque as vitaminas e minerais até são importantes para o sistema imune da criança, mas o ideal é obtê-los na própria alimentação e só suplementar quando há uma deficiência nutricional comprovada. 

“Muitas vezes, o que vemos é que o suplemento entra como um substituto dos alimentos saudáveis, mas aí a criança acaba não aprendendo a comer”, destaca a médica. Fora que o excesso de vitaminas pode ser prejudicial para o organismo. 

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“Em alguns tabletes de vitamina C é possível encontrar uma dose 300 vezes superior à recomendada ao adulto, imagine para as crianças”, explica Márcia Yamamura, médica pediatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

Criança que se suja fica menos doente 

Verdade. Claro, não estamos falando para ninguém deixar o filho na sujeira pura, mas é fato que ele precisa ter contato com agentes patógenos presentes no ambiente para desenvolver seu sistema imune adequadamente. “Hoje nossa rotina mudou e muitas crianças não tem mais esse contato com a natureza, de sentar no chão, estar em áreas externas. E o que vemos é um índice maior de alergias”, aponta Karina. 

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Só deixe para começar esse “treino” depois dos seis primeiros meses. Recém-nascidos ainda tem o sistema imune muito imaturo. 

Se meu filho fica gripado toda hora, tem a imunidade baixa

Depende. É normal crianças contraírem infecções virais com frequência pelo contato próximo . “O que deve chamar atenção são as infecções bacterianas de repetição, que exigem o uso de antibióticos várias vezes ao ano”, aponta Karina. Baixo peso e pouco crescimento também indicam que as defesas podem estar prejudicadas.  

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O estado emocional influencia na imunidade 

Verdade. A exposição constante ao estresse desencadeia a liberação de cortisol no corpo, um hormônio que desequilibra o sistema imunológico. Nas crianças pequenas, o mais comum é que o estresse ocorra por osmose. “Pais que são muitos estressados acabam passando um pouco disso para a criança, que absorve a tensão”, explica Karina. 

A alimentação é importante para a imunidade 

Verdade. “Ter uma boa alimentação, o sono adequado e um estilo de vida ativo e saudável contribui muito para que a imunidade se mantenha desde a infância”, explica Fabianne Carlesse, infectologista do GRAACC. Muitos nutrientes influenciam na manutenção das defesas do corpo. 

“Entre eles, podemos citar as vitaminas C, D e A, zinco, ferro, ácidos graxos e as fibras”, comenta Adriana Garofolo, também do GRAAC. Para fornecê-los, aposte em frutas cítricas como o limão e a laranja, vegetais verde-escuros, leite e derivados, ovos, carnes, feijão, oleaginosas, aveia e carnes. Os probióticos, caso do leite fermentado, também podem ajudar. 

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Se meu filho comer mais alho, cebola, mel ou gengibre ficará mais protegido de doenças 

Mito. Esses alimentos são saudáveis e benéficos para o organismo, mas não obrigatórios. “Não existe nenhuma recomendação de aumentar o consumo de alimentos específicos para prevenção de doenças, o que conta mais é uma dieta balanceada”, explica Adriana. O mesmo vale para fitoterápicos como chás e o propólis. Pode dar, mas não espere milagres. “Não existe uma receita mágica para subir a imunidade, é um conjunto de fatores”, esclarece Fabianne. 

Parto normal e leite materno são importantes para a imunidade 

Verdade. Na descida pelo canal vaginal da mãe, o bebê é coberto de bactérias e fungos presentes ali, o que é ótimo porque eles serão os primeiros habitantes da microbiota intestinal do bebê — o conjunto de bactérias e microorganismos que mora no órgão e atua no sistema imune. Uma microbiota saudável está associada, por exemplo, ao risco menor de alergias. 

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Já a amamentação exclusiva nos seis meses fornece ao pequeno todos os anticorpos (células do sistema de defesa que atuam contra um agente específico) já produzidos pela mãe durante a vida. Assim, o recém-nascido, ganha uma espécie de imunidade “por tabela” enquanto a sua própria se desenvolve. Fora a composição do leite, cheia de proteínas, vitaminas e carboidratos e outros nutrientes.

Vacinas sobrecarregam o sistema imunológico do bebê

Mito. Esse é um dos principais argumentos do movimento anti-vacina. As vacinas são seguras e isso já foi comprovado por muitos estudos científicos. Para se ter ideia, estima-se que a criança seria capaz de responder a 10 mil vacinas oferecidas simultaneamente. Se 11 vacinas fossem aplicadas ao mesmo tempo, isso acionaria 0,1% do sistema imune, como mostrou um estudo clássico de 2002 publicado no periódico Pediatrics da Associação Americana de Pediatria

Elas são, na verdade, essenciais para desenvolver a imunidade adquirida das crianças. “Cada vez que ela recebe uma dose, desenvolve seus próprios anticorpos, que carrega ao longo da vida”, explica Fabiane. 

(Juliana Pereira/Bebê.com.br)
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