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O que é fimose? 10 perguntas e respostas sobre a condição

Quais são os riscos? Quando a cirurgia é necessária? Pediatras e urologistas respondem essas e outras dúvidas em relação ao assunto

Por Manuela Macagnan (colaboradora)
Atualizado em 14 jul 2023, 11h46 - Publicado em 14 jul 2023, 11h45

A fimose é classificada pelos especialistas de duas formas. Uma delas é a chamada fimose fisiológica e todo bebê do sexo masculino nasce com ela – afinal, os meninos vêm ao mundo com uma pele, o prepúcio, grudada à glande, a cabeça do pênis.

A fimose fisiológica não é motivo de preocupação, desde que não provoque a obstrução do fluxo urinário e, como consequência, uma infecção”, explica o pediatra Nivaldo de Souza, da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Hospital São Paulo, na capital paulista. “Por volta de 1 ano e meio, o prepúcio já começa a se abrir, mesmo sem que ocorra a exteriorização da glande”, acrescenta.

Já a fimose secundária pode acontecer posteriormente, inclusive na vida adulta, e é diagnosticada quando há uma espécie de anel apertando essa extremidade, o que impede que o prepúcio seja recolhido. Ela pode ser decorrente de uma infecção ou até de um trauma na região genital.

1. A fimose tem origem genética?

Não há estudos que comprovem que ela tenha alguma relação com o que está escrito nos genes.

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2. Existe uma idade limite para o prepúcio se descolar naturalmente?

Geralmente, antes dos 3 anos, o prepúcio se solta naturalmente. “Nessa idade, só 10% dos meninos ainda têm a pele do pênis grudada”, revela o urologista pediátrico Antonio Macedo Junior, chefe do Setor de Urologia Pediátrica da Universidade Federal de São Paulo.

3. Massagens no banho ou com cremes e pomadas ajudam o prepúcio a se descolar? Há riscos?

As massagens servem exclusivamente para os casos de acolamento, isto é, quando o prepúcio fica grudado à glande. Elas devem ser orientadas por um cirurgião ou por um pediatra. “Exercícios exagerados esgarçam a pele, que, ao cicatrizar, tende a se tornar menos elástica, estreitando mais o anel. Ou seja, o que não era fimose vira fimose”, alerta o pediatra Carlos Patara, de São Paulo.

4. A cirurgia de circuncisão deve ou não ser realizada logo que o bebê nasce?

Em geral, ela só é feita logo após o nascimento da criança por motivos étnicos, religiosos ou tradições familiares. O pediatra Paulo Pacchi, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, acredita que não é preciso recorrer imediatamente ao procedimento cirúrgico. “Apenas uma pequena parcela dos meninos é que terá a necessidade de se submeter à operação.

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Além disso, o prepúcio mantém a sensibilidade da glande, o que, convenhamos, para essa geração, que deve passar dos 100 anos, pode fazer falta”, diz Pacchi. O pediatra Carlos Patara, de São Paulo, compartilha a opinião de seu colega: “É basicamente uma escolha mais de fundo religioso ou de costume, para a qual não há um consenso.”

5. Quando a cirurgia de fimose é indicada? E até que idade ela deve ser realizada?

“Ela é indicada quando o estreitamento da glande leva a infecções urinárias, por exemplo”, informa o pediatra Paulo Pacchi. O também pediatra Nivaldo de Souza acrescenta: “Para os casos mais leves, o ideal é que a cirurgia seja realizada entre os 7 e 10 anos de idade”. Em outras palavras, antes da puberdade.

“A fimose não impede o desenvolvimento do pênis nem diminui o fluxo de urina e até permite o ato sexual, porém com uma baixa qualidade de prazer”, conta Carlos Patara. “Isso porque a pele sobre o pênis não permite o maior contato com a mucosa vaginal”.

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Pés de criança descalços em vaso sanitário
(JordiDelgado/Thinkstock/Getty Images)

6. Quais são os casos que necessitam de cirurgia precoce?

A cirurgia precoce é recomendada quando há o que os especialistas chamam de postites frequentes, que são infecções da pele que cobre o pênis. Ela também é indicada para as parafimoses, quando, após muito esforço, a glande é exteriorizada e não consegue voltar mais à posição normal, causando inchaço e dor.

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Por fim, os médicos optam pela operação nos casos em que a pele do orifício por onde sai o xixi é muito estreita, o que gera dor durante a micção. Porém, isso é mais raro.

7. Qual é o tempo de cicatrização?

Em cerca de dez dias, geralmente todos os pontos já caíram e o inchaço desapareceu. A partir desse período, o menino pode voltar às atividades normais. No entanto, é aconselhável evitar por mais algumas semanas atividades que ofereçam risco de contusões, como andar de bicicleta.

8. Quais os cuidados com a higiene após a cirurgia?

Após o procedimento, é necessário passar uma pomada cicatrizante e não aderente para tentar conter o inchaço. “O cirurgião deverá dizer por quanto tempo será necessário usá-la e se ela precisará ficar coberta com curativo ou não”, diz Carlos Patara. Em alguns casos, recomenda-se o uso de analgésicos via oral. O importante é que os pais sigam todos os cuidados, conforme a orientação do médico.

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9. Depois da operação, a criança pode sentir dor ao urinar?

Não, não dói para urinar. “Na verdade, o que ocorre é um desconforto devido a uma sensação estranha e uma imensa dificuldade de acertar o vaso na primeira vez”, explica Carlos Patara. Além disso, todos os meninos sentem algum incômodo após a cirurgia. Isso acontece porque a ponta do pênis, sem a pele sobre ela, fica mais exposta e, assim, mais sensível. “Trata-se de algo normal e adaptativo, que varia de acordo com a sensibilidade de cada garoto”, completa Patara.

10. Existe fimose feminina?

Sim, a fimose também acomete meninas e é caracterizada pela aderência dos pequenos lábios da vagina. De acordo com o pediatra Paulo Telles, é possível que a alteração cubra o clitóris ou até mesmo feche o orifício vaginal de forma parcial ou total. “A causa real de adesões labiais não é completamente conhecida, mas pode ser relacionada a baixo nível de estrogênio. Em bebês e crianças, irritações frequentes, como assaduras de fraldas, podem fazer com que os lábios acabem aderidos”, explica o médico.

Quando a criança já nasce com o problema, trata-se de uma adesão primária; quando acontece posteriormente, por exemplo, depois de dar à luz ou na menopausa, é chamada de secundária. “Mas essa é bem mais incomum”, pondera Telles.

O tratamento só deve ser feito se houver sintomas ou algum problema urinário. Caso contrário, o pediatra afirma ser possível esperar até a puberdade, quando começa a produção de estrogênio e, na maioria dos casos, a adesão se abre sozinha. “Esses sintomas podem ser dor na área da vagina, dificuldade ao urinar, com urina saindo aos poucos, aumento da incidência de infecções urinárias e suas complicações, e também corrimento vaginal“, exemplifica. Em adultas, pode haver dificuldade nas relações sexuais.

Existe a possibilidade de que pomadas tópicas de estrogênio sejam prescritas para o tratamento e, em casos mais difíceis, o procedimento cirúrgico talvez seja necessário.

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