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Mulheres podem se alimentar durante o trabalho de parto, aponta pesquisa

Cientistas concluíram que, na maioria das vezes, ingerir pequenas refeições nesse momento não oferece riscos para a mãe e o bebê - ao contrário: é até benéfico.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 26 out 2016, 11h38 - Publicado em 5 nov 2015, 16h24

Quando se fala em parto normal, é comum ouvir relatos de mulheres que demoram 15, 20 horas para ter o bebê. Ao longo de todo esse tempo, além do estresse emocional, elas também enfrentam um baita esforço físico – e tudo isso sem poder comer nem beber nada. É que, além de interferir na ação da anestesia, a ingestão de alimentos sólidos e bebidas ofereceria também o risco de a paciente aspirar para os pulmões aquilo que está no seu estômago – e aí ela pode desenvolver uma pneumonia. Mas, segundo um estudo publicado em outubro de 2015 pela Sociedade Americana de Anestesiologia, essa orientação deveria ser revista.

Segundo os autores do levantamento, casos de aspiração são bem raros hoje em dia. Nos Estados Unidos, o único que ocorreu entre os anos de 2005 e 2013 envolvia uma paciente obesa e que tinha pré-eclâmpsia – dois fatores de risco para o problema. No Reino Unido, não houve nenhuma notificação entre 2000 e 2005. Para os cientistas, isso se deve aos avanços no campo das anestesias, principalmente ao maior uso dos tipos peridural e raquidiana. Antes dessas técnicas serem utilizadas, era colocado um tubo na traqueia das pacientes para facilitar a respiração, o que elevava – e muito! – a probabilidade delas aspirarem o conteúdo gástrico.  

Outro achado importante dos estudiosos é que a energia oferecida pelos alimentos é necessária para um parto saudável. Eles revisaram nada menos do que 385 trabalhos, todos publicados a partir de 1990. A conclusão foi que o gasto calórico ao dar à luz por via vaginal é semelhante ao de um corredor maratonista. E sem a nutrição adequada, o corpo começa a usar gordura como uma fonte de energia. Isso faz com que a acidez do sangue da mãe e do bebê se intensifique – o que pode reduzir as contrações uterinas e aumentar o tempo do trabalho de parto, colocando, assim, a saúde do recém-nascido em perigo. Além disso, segundo os especialistas, o estresse causado pelo jejum também pode fazer com que menos sangue chegue ao útero e à placenta, tornando o processo do nascimento mais demorado.

“Esse estudo sugere que faz sentido mudar a prática”, diz Christopher Harty, um dos autores da pesquisa. “Anestesiologistas e obstetras deveriam trabalhar juntos para avaliar cada paciente de maneira individual. Aquelas que estiverem em baixo risco para aspiração poderiam fazer uma refeição pequena durante o trabalho de parto. Isso dá às gestantes maior poder de escolha na experiência de dar à luz e evita que elas tenham uma deficiência de calorias nesse momento”, propõe o cientista. Segundo ele, poderiam ser ingeridos, por exemplo, frutas, sopas leves, torradas, sanduíches naturais sem carne, sucos e água.

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Grupo de risco

Apesar de as notícias serem boas, elas não valem para todas as futuras mamães. Entre os fatores de risco para a aspiração estão a eclâmpsia, a pré-eclâmpsia, a obesidade e o uso de medicamentos para diminuir a dor, que tornam mais lento o processo de esvaziamento do estômago. Para quem se encaixa em qualquer um desses grupos, portanto, o recomendado é não abocanhar nenhum alimento enquanto traz um bebê ao mundo. 

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