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Cabelos saudáveis no pós-parto

Depois que o bebê nasce, muitas mulheres olham com mais atenção para os fios - mas nem sempre os hormônios colaboram e o cabelo sofre nessa fase

Por Ana Victorazzi (colaboradora)
Atualizado em 26 out 2023, 09h35 - Publicado em 23 Maio 2015, 14h38

Depois de meses de gestação, finalmente com o filhote no colo, chega a hora de curtir a nova fase e cuidar um pouquinho de si mesma. Para algumas mamães, porém, resgatar a beleza não é uma tarefa tão simples. As madeixas, por exemplo, são as que mais sofrem com as mudanças do corpo, no pós-parto, e podem apresentar certos problemas, como queda e opacidade dos fios.

Conversamos com especialistas e montamos um guia completo sobre o assunto. Entenda o que afeta os cabelos e os tratamentos que são permitidos. Não é porque o bebê já nasceu que você está livre para abusar dos procedimentos químicos. Cautela é a palavra de ordem. Mas, nada de desanimar. Existem alternativas seguras – e muito eficazes – que vão recuperar o viço da sua cabeleira. Fique por dentro!

Durante os nove meses
O tricologista Luciano Barsanti, diretor do Instituto do Cabelo, em São Paulo, explica que o ciclo do cabelo se apresenta em três fases: anagéna (crescimento), catágena (estabilização) e telógena (queda).

Na gestação, devido a alterações hormonais, prolonga-se o período catágeno. Em outras palavras, os fios descansam, permanecem bonitos e sem queda. “No período gestacional, a maioria das mulheres fica com os cabelos até melhores do que antes de engravidar, por causa dos hormônios”,  esclare o dermatologista Valcinir Bedin, diretor do Instituto de Pesquisa e Tratamento do Cabelo e da Pele, em São Paulo.

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Queda livre
“O problema é que, de 2 a 4 meses após o parto, os cabelos podem começar a cair, devido à readequação hormonal e o fim da fase de estabilização, mencionada anteriormente”, avisa Bedin. “Não raro, a mulher enfrenta um processo que chamamos de eflúvio telógeno pós-parto, em que todos os cabelos que nasceram e cresceram durante a gestação caem de uma só vez”, completa.

Mas Barsanti tranquiliza, “o processo é natural e tende a se normalizar por volta do 6º mês. E vale ressaltar que o aumento da queda não tem nada a ver com a amamentação”, diz. “O quadro também independe do tipo de cabelo: seco, oleoso, normal”, complementa a dermatologista Luciana Scattone, de São Paulo. “Ele se manifesta, exclusivamente, por causa da queda das taxas hormonais”, reitera.

Contudo, caso o problema persista após o 8º mês, ou se note uma alteração importante na forma ou textura do cabelo, é necessário procurar um médico tricologista (especializado em recuperação capilar) para investigar e resolver qualquer problema clínico que possa estar por trás do desequilíbrio. Isso porque a gestação pode desencadear algumas doenças, cujos sintomas podem incluir a derrocada capilar. É o caso da alopecia androgenética, das doenças autoimunes, da depressão pós parto, das alterações da tireoide, de disfunções nutricionais, entre outras.

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Barsanti também chama a atenção para o hábito comum das mamães de prender os cabelos para executar as novas tarefas que os cuidados com o bebê exigem. Isso é bastante prejudicial, pois promove o arrancamento dos fios, provocando um quadro denominado alopecia (calvície) de tração. “Diferentemente da queda pós-parto, esse caso é irreversível, os cabelos não voltam a crescer” alerta. O ideal, segundo ele, é recorrer a toucas ou redes para prender o cabelo, ou repensar o corte, optando por um mais prático, adaptando o comprimento e a estética dos fios para as novas funções maternais. Por fim, o dermatologista Adriano Almeida, de São Paulo, lista quais são os problemas capilares mais comuns no pós-parto: dermatite seborrêica, queda e quebra dos fios.

Tratamentos
É importante lembrar que todo procedimento estético ou clínico, durante a gravidez e pós-parto, deve ser autorizado pelo médico que acompanha a mulher, pois cada caso difere de outro em termos de indicação. Mas, vamos adiantar algumas sugestões excelentes, eleitas por especialistas, e orientações sobre o que pode ou não ser feito.

Permitidos
Barsanti recomenda os procedimentos não tóxicos, como uso de adstringentes (para cabelos oleosos), “anti-frizz”, máscaras regeneradoras e os produtos pós-enxágue (leave-in). “Quanto mais naturais forem os ativos contidos nos produtos cosméticos (óleo vegetal de côco, aveia, extrato de rosas brancas, alecrim, sálvia, manteiga de caryté e outros), mais segura será a  utilização”.

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Segundo Bedin, as tinturas semi permanentes e as temporáiras estão liberadas, pois são aquelas que não contêm água oxigenada. Os tratamentos com queratina (cauterização, queratinização) também são inofensivos , garante Bedin. Para prevenir a quebra dos fios, Almeida sugere hidratação.

Reforço no prato
“Uma alimentação rica em proteínas, cálcio, ferro, zinco e vitaminas do complexo B ( B5 e B6 principalmente), durante e após a gestação, é muito importante para a saúde dos cabelos e para minimizar o efeito de queda no pós- parto”, ensina Barsanti. No rol dos alimentos que contemplam esses nutrientes, estão: carne bovina, fígado, peixes, frango, ovos, soja, vegetais, levedo de cerveja, legumes. E vale reforçar que é essencial maneirar no açúcar e na gordura, além de beber de 6 a 8 copos de água por dia.

Com restrição
As tinturas e os alisamentos só podem ser realizados após o 6º mês de gestação e com aval do obstetra. Mesmo assim, devem ser evitados. “Outra alternativa que pode ser prescrita pelo médico para diminuir a intensidade da queda é a administração de suplementos vitamínicos”, diz Luciana Scattone. As tinturas permanentes (aquelas que envolvem o descoloramento) e os relaxamentos (que têm na composição produtos mais agressivos, como o tioglicolato) devem ser discutidos com o obstetra.

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Proibições
Jamais realize qualquer procedimento químico ou estético se houver antecedentes alérgicos a qualquer componente da fórmula. Também é contraindicado se submeter a dois tratamentos capilares simultaneamente.

O be-a-bá dos tratamentos

Hidratação: tratamento recomendado para repor a queratina e a umidade dos cabelos, deixando-os mais sedosos e brilhantes. Os produtos empregados são à base de queratina, proteínas, vitaminas, extrato de seda, óleos vegetais, ceramidas, silicone e lanolina.

Anti-frizz: são produtos feitos para abaixar o volume e atenuar o efeito arrepiado dos fios. Geralmente à base de silicone, devem ser espalhados em pequena quantidade, pois em excesso deixam os cabelos pegajosos. Em geral, dispensam enxágue.

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Máscara regeneradora: tratamento para fortalecer os fios, tanto internamente como externamente, devolvendo a força e o viço. Os produtos desse tratamento devem fechar as escamas e recuperar as cúticulas danificadas.

Nutricosméticos: também chamados de pílulas da beleza, têm a finalidade de nutrir a pele de dentro para fora. Contêm vitaminas, minerais, ervas e aminoácidos, que previnem o envelhecimento e a queda capilar.

Cauterização: o principal benefício desse tratamento é que ele retoma a elasticidade do cabelo. O tratamento também suaviza as pontas duplas e os fios arrepiados.

Queratinização: como o próprio nome indica, esse tratamento capilar repõe a força e a vitalidade do cabelo por meio da queratina.

Relaxamento: opção para quem deseja baixar o volume do cabelo, sem recorrer ao alisamento, deixando-o com um ar mais natural. Mas, diferentemente do alisamento, que dura meses, o relaxamento precisa ser retocado a cada 40 ou 60 dias.

Para fazer em casa
Como os cabelos ficam mais oleosos durante a gravidez, uma dica para controle da gordura excessiva é uma receita caseira recomendada por Luciano Barsanti: misture bem 1 copo de yogurte natural com 2 colheres de sopa de aveia em flocos. Em seguida, aplique o creme na extensão dos fios, a 1 centímetro da raiz. Deixe agir por 30 minutos e enxague bem. No dia da aplicação, não use condicionador.

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